Ana Flávia

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Aquela era vigésima ligação perdida, a centésima mensagem sem resposta e a décima vez que eu procurava ele entre aquelas pessoas que dançavam com seus pares na pista de dança e com isso nada de Gustavo, nenhum sinal de vida, nada. Eu já havia solicitado um uber para a casa dele, aquele era o único lugar para o qual ele deve ter ido a essa hora da noite... bom pelo menos eu espero que sim.

— Ana Flávia? — saltei de susto quando uma mão pousou sobre meu ombro. — Você está procurando pelo Gustavinho, não é? — encarei a menina de cima a baixo, naquele momento eu não estava em pé de ter ciúmes, eu precisava saber onde aquele idiota havia se metido, então passando por cima do meu ciúme eu apenas assinto e ela me diz que o viu sair correndo há mais ou menos meia hora atrás.

Mas por que ele faria isso? Será que aconteceu algo com ele? Com os pais dele? Ai meu Deus, mil coisas assolam meus pensamentos e nenhuma das mil, são coisas boas.

•••

Quando eu cheguei em sua casa Interfonei na esperança de que ninguém estivesse dormindo e o que pareceu ser vidas depois, Leticia abria a porta com um misto de confusão e encanto em seus olhos. Bem, a irmã de Gustavo não tem nada a ver com ele, ela é cem por cento legal o tempo todo e é uma amiga que eu nunca tive... acho que me apego fácil nas pessoas, mas em especial a menina que estava na minha frente. E eu juro que, o motivo principal não é o fato dela ser tão apaixonada pelo Chris como eu! Ao contrário do irmão, a garota sabe das coisas, bem, as mulheres sempre são mais espertas.

— Ei Ana, pensei que você e meu irmão estivessem no baile e há essa hora, dançando bem juntinhos — ela me dá espaço para entrar e eu a encaro, se ela disse isso é porque Gusatvo, com certeza não está aqui. — Você está tão linda, — ela diz me puxando para um abraço e eu vou de bom grado. — Literalmente, parecida com uma princesa.

— Assim eu fico com vergonha Lê, — digo acanhada, ela sorri e me leva até o sofá quando nos soltamos do abraço.

— Você sabe que é verdade... eu tenho certeza que Gustavo foi o mais invejado essa noite... e por falar no sortudo, cadê ele?

— Obrigada... — agradeço o elogio. — Eu não faço ideia de onde o seu irmão está, em um minuto ele estava dançando comigo, no outro... bem, aconteceu umas coisas e então ele, simplesmente sumiu!

Prefiro esconder a minha discussão com Lucas, ela não sabe de nada e prefiro que permaneça assim, não quero que Leticia também me olhe com pena.

Ela me encara como se eu estivesse doida e então somos duas desesperadas atrás de Gustavo, quando notamos que nenhum dos nossos esforços tem utilidade ficamos as duas esperando que ele resolvesse vir até nós, porque como ela mesma disse: Gustavo sempre voltava, e foi quando ouvimos o barulho de um carro parando na frente da casa que saltamos em pleno susto. Fizemos silencio esperando tudo e nada ao mesmo tempo, escutamos alguns xingamentos do lado de fora e mesmo com metros de distância, eu poderia afirmar que Gustavo está bêbado. Leticia me puxou para a escada e então me fez subir correndo com saltos enormes degrau por degrau.

— Deixa ele te encontrar aqui em cima, pelo menos um susto esse idiota tem que tomar por nos fazer ficar como bestas ligando para ele.

— Leticia... não sabia desse seu lado vingativo — soltamos uma risada e ela faz cara de paisagem.

— Ele merece, vai.

Balanço a cabeça negativamente enquanto ela me empurra para o quarto de Gustavo. Apesar da cara de mau, as roupas escuras e o jeito de ser, eu sei que Gustavo é um medroso e quando ele está bêbado, o mesmo fica dez vezes mais sensível.

APRENDIZ/ MiotelaOnde histórias criam vida. Descubra agora