Fica cada dia mais difícil separar as coisas quando Gustavo me beija com tanta intensidade. Estar em uma amizade e se apaixonar por seu amigo, não é algo fácil de se lidar e só quem viveu ou vive esse lema sabe. Estou cada vez mais dívida entre viver esse sentimento ou deixa-lo de lado, todos os dias minha cabeça só funciona em fazer uma soma maluca que no fim nunca dá um bom resultado.
Ir para o baile com Lucas + finalizar minha vingança = Gustavo... afastado de mim?
Não, acho que ele gosta da minha amizade. E eu gosto dos beijos dele. E gosto dele. E ele também gosta de mim e sendo assim não seria por isso que ele me deixaria.
Vingança acabada + Gustavo ficando comigo = eu me declarando = ele me dando um pé na bunda porque não quer compromisso.
E é por isso que eu não quero pensar muito nisso, talvez eu esteja atrás de um resultado que no final não vai ter.
Na semana do baile, recebi flores, cartões e chocolates de Lucas. Em todos ele dizia que estava ansioso para o nosso encontro, que mal via a hora para me ter em seus braços. De me beijar, me tocar... como se isso fosse realmente acontecer, tenho que dar o braço a torcer pois ele é um menino sonhador.
― Esse cara é muito tosco, meu Deus do céu. ― Diz Gustavo de maneira bruta em quanto amassava um dos cartões que Lucas me mandou. ― Sério? "Minha boca é o sol e a sua é a lua, no eclipse da noite minha boca beija a sua. E aí, você topa?" Que idiota.
Gustavo arqueia uma sobrancelha na minha direção e eu não aguento e acabo rindo. Tenho que concordar, não foi nada atraente esse verso ou nenhum outro dos quais ele me escreveu, não desmerecendo mas poesia de Internet e ainda mais poesia tosca, é demais. Gustavo desdenha do buquê, ri dos cartões e até come os chocolates brincando que pelo menos nisso, o Collins acertou. Noto o mesmo tateando seus bolsos da calça e da jaqueta atrás de alguma coisa.
Quando paro pra observar o rapaz ao meu lado, meu mundo inteiro congela, acho que não existe ninguém mais bonito. Um alguém tão especial e tão como Gustavo. Ele aquece meu coração, me faz sorrir e me deixa acreditar que pessoas boas ainda existem.
― O que foi? ― Ele acha o que tanto procura e me aparece com um chiclete de canela, saio dos meus devaneios e apenas balanço a cabeça. ― Aceita? Está aí, me encarando com um ar sonhador... ― ele sorri e eu me perco naquela covinha que ele tem no queixo.
― Sim, por favor... e eu estava apenas viajando em meus pensamentos Gustavo Mioto, anda me dá logo um chiclete. ― Desconverso e vejo seu olhar ficando malicioso.
― Ah gata, só tem um, vem cá pegar vem ― noto seu sorriso safado e acabo sorrindo junto com ele, quando vejo o chiclete entre seus lábios.
Ai meu santo Steve, esse garoto é um atentado a sanidade feminina como você!
― Tá tirando com a minha cara não é? ― pergunto e ele nega ainda sorrindo.
― Se você quiser... tem que vir pegar. ― Ele meneia a cabeça de um jeito como se dissesse que estava esperando. ― Vamos...
Me desencosto do tronco da árvore e me arrasto até ficar de frente a ele, seu sorrisinho não morre mesmo, ele mantendo a porcaria do chiclete entre os dentes. A metade que meu bad boy tinha para fora, à minha espera, estava pequena... safado!
Agarro suas bochechas e me achego bem perto de sua boca, engulo em seco antes de ir e apenas roubar o chiclete dele. Solto uma risada alta ao vê-lo gemer de maneira frustrada. Masco o chiclete experimentando-o e sentindo o gosto de Gustavo em uma goma de mascar. Retorno meu olhar para os olhos de Gustavo e vejo a diversão salpicando ali.
― Gostoso? ― Ele pergunta olhando para minha boca.
― Hm... espera ― me inclino ainda mastigando o chiclete e o beijo lentamente, sentindo ardor da canela se misturando ao a doce de seus lábios. ― Sim, muito gostoso.
Digo ao me afastar ainda de olhos fechados.
― Você vai mesmo ao baile com o cara que te manda esse tipo de conteúdo? ― Ele me pergunta depois que paramos nosso beijo.
― Gustavo... não seja idiota. ― me ajeito sob minhas pernas e dou-lhe uma olhada intensa. ― E você Gustavo? Vai com quem? E não venha me dar uma arqueada de sobrancelha como resposta!
― Eu vou com a T. ― diz ele simplesmente e eu fico toda eriçada.
― Quem?
― Com a Tequila, Ana Flávia. Só assim para engolir você e o tosco dançado juntos. Ainda tenho vontade de partir a cara daquele moleque no meio, não vejo a hora desse baile passar pra ele parar com essas porras de presentes.
― Gustavo... se irritar por bobeira só atrai rugas ― digo calmamente respirando levemente, depois de saber quem é a T.
― Eu mal posso esperar para que isso acabe logo.
Por que ele diz isso? Ele não quer mais a minha amizade? Meus beijos? Será que não sou suficiente para ele?
― P―p―por que? ― gaguejo, com medo de ouvir sua resposta.
― Porque sim, não gosto de bailes ― desdenha, ― e quero ter a liberdade para socar o Lucas e você finalmente vai ter acabado com a raça desse moleque.
― Você hoje está com mais raiva que o normal hein? ― Pergunto.
― Por aí... ― Ele deixa sua frase no ar e se volta para mim. ― As pessoas dessa escola parecem abutres.
Pela primeira vez desvio minha atenção dele, para as outras pessoas, sim, todas elas passam e nos olham com interesse.
― E desde quando você se importa com eles? ― Gustavo me encara e por uns segundos vejo uma tensão naquelas íris castanhos.
― Não me importo. ― Meus olhos se arregalam e creio eu, que se estivéssemos em um roda de pessoas onde todas elas conhecem Gustavo, como eu conheço, tenho certeza que todas se espantariam de ouvir ele dizendo isso. ― O que foi?
― Você está bem? ― Pergunto mesmo, apenas por precaução.
― Sim, por que?
― Gustavo... você não se importa que eles olhem e....?
― E nada Ana Flávia! Eles que se fodam porra. ― solto uma respiração aliviada e ele ri.
É isso aí! Esse é o meu Gustavo.
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Tarde meu povo!!!
O baile está chegando!!!
Bjos
GABI
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APRENDIZ/ Miotela
FanfictionAhhh se eu soubesse que quem me ensinaria algo seria ela....