ANA FLÁVIA

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Meu celular apita e vejo que é uma mensagem do Gustavo, ele diz que o tédio está sendo maior que as aulas da professora de Biologia, mas que está sentindo falta de ver os seios flácidos dela balançarem quando ela se vira para apontar algo na lousa.

Solto uma risada baixinha, a primeira desde da briga. E digito que as coisas seriam melhores se ele estivesse aqui comigo .

Jogo a vergonha de lado e decido ir visitá-lo, antes que a ansiedade pela espera, até a próxima semana acabe comigo.

As horas parecem intermináveis hoje, a aula de matemática parecia que não iria acabar nunca. Quando fomos para química eu quase tive um surto, e quando finalmente fui liberada, usei do critério do imenso dinheiro que meus pais têm e chamei o motorista para vir me buscar.

Desde que o meu motorista está debilitado.

Depois de muito vasculhar, finalmente encontrou um vestido bonito – dado por dona Michele – dos que eu nunca usei,  tenho um ponto fraco por amarelo. Exagero no perfume e uso do meu critério outra vez, para ir à casa dele.

Minhas mãos suam, minhas pernas tremem e meu coração? Bem, já errou umas batidas desde que saltei do carro. Toco a campainha e espero uns segundos até que uma moça,  abre a mesma.

Minha respiração falha,  mas até que consigo interagir.

— Oi.

— Olá... – minhas mãos suadas ficam ainda piores— Eu vim visitar o Gustavo,  sou amiga dele.

Ela suspira e abre a porta, parecendo irritada.

— Mais uma meu Deus– sussurra alto para que eu ouça — Não aguento mais tanta mulher indo e vindo nesta casa. Por aqui – aponta indicando o caminho que já conheço.

Nos subimos as escadas e quando estávamos próxima ao quarto dele, ela se vira pra mim;:

— Bom, não sei se te peço para esperar ou se aviso... se bem que eu não sei se quero ver o que eu acho que vou ver lá dentro. Enfim, menina eu vou para o meu quarto.

Pisco sem entender coisa alguma, então ouço vozes vindas do quarto do Gustavo, fico temerosa em entrar ou fugir de volta para o meu quarto e nunca mais sair de lá.

Quando vou para dar meia volta, a porta dele se abre e um Gustavo só de cueca boxer branca me aparece com o rosto todo arrebentado coitado. Meu sorriso se abre imediatamente e logo se fecha quando vê que tem uma menina com ele.

Coitado o caramba.

— Ana Flávia– seu tom soa alarmado.

Oi... desculpe te incomodar eu... eu não... eu...

Gustavo fica desconcertado diante de mim, e eu? Bem, eu estou enfurecida. Tomada por uma raiva que ao meu ver é desnecessária.

— O que essa esquesita está fazendo aqui?

— O nome dela é Ana Flávia! – rosna ele me protegendo.

— Se doendo por ela Gustavo?– o som da italiana soa debochado.

Estou apenas pedindo respeito. – ele desvia o seu olhar do meu pela primeira vez e depois volta a me encarar.

Teresa– ele a chama, ainda olhando para mim. — Foi muito bom te ver, obrigado pela visita– a menina me fuzila com o olhar e de maneira automática abaixo o meu, mas então a voz de Gustavo ecoa na minha cabeça.

"Autoconfiança, sempre "

Em um estalo levanto minha cabeça rapidamente, voltando a encarar a menina de igual para igual.

APRENDIZ/ MiotelaOnde histórias criam vida. Descubra agora