CAPÍTULO 02

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Gustavo Mioto

Passei duas semanas criando coragem para falar todas aquelas coisas pra ela, durante uma semana inteira Colins (Lucas) permanecia sendo o mesmo babaca de sempre.

A menina sempre estava na dela,  lendo ou divagando, não sei, sonhando acordada com alguma coisa boa, seus olhos brilhavam no momento que entrei na biblioteca,  a mão apoiada no queijo, o rosto angelical totalmente pacífico, o cabelo bem penteado, o livro aberto quase esquecido na mesa.

Ana parece uma menina inocente, inofensiva e delicada. Ela não tem nada haver com aquele moleque.

Ele não a merecia e disso eu tenho certeza.

Ela estava tão longe quando cheguei perto,  e ela nem se quer notou o momento em que me sentei a sua frente, somente percebeu quando apoiei minha mão sobre a mesa.

Nos primeiros minutos de conversa com a Ana, quase quis desistir de lhe contar tudo, quase, eu senti que ela iria quebrar no momento que percebesse o real sentido daquelas palavras que eu iria lhe dizer, apesar das poucas lágrimas, seu rosto nas escondeu a tristeza.  Seus olhos arregalados haviam perdido o brilho inicial, me senti culpado, mas me lembrei que havia sido eu o causador daquilo.

Ele não a merece.

Quando expliquei minhas intenções de vingança,  aqueles olhos castanhos ficaram impossivelmente maiores, o rosto vermelho, as mãos tremeram e os lábios também.

Não é a minha intenção corrompê-la.

- O que vc quer dizer com isso?

- Quero dizer que ele não merece ficar impune de tudo que te fez- ela assentiu repassando todas as minha palavras. - Sei que não tenho nada haver com isso mas...pense em tudo que te falei Ana, por favor!

Ela permanece irredutível e isso é mais que notável.

- Mas e sobre o negócio de... bem... foder? - a palavra quase não saía daqueles lábios bonitos.

Ana fica ainda mais corada, ficando incrivelmente fofa.

- Ana, no momento exato você vai saber o que fazer- Sustento seu olhar vendo que uma das poucas coisas que faltam em Ana Flávia,  é coragem.

Quero que ela tenha a consciência de que, Lucas não pensou duas vezes antes de machucá-la. Sei que não é do feitio dela ferir os outros,  mas ela precisa ser um pouquinho egoísta.

- Eu não posso aceitar fazer isso, Gustavo Mioto.

Que caralho de enfiar a porra do meu sobrenome na sentença que essa menina tem?

-Já te pedi pra não me chamar assim- peço outra vez entres os dentes - só Gustavo está de bom tamanho.

- Me obrigue- seu olhar de provocação é engraçado e fofo  ao mesmo tempo. Lembra Thaynara quando queria me irritar. Balanço a cabeça negativamente e ela sorri pela primeira vez para mim, toda maliciosa. -Então..., não posso fazer essas coisas... é melhor deixar como estar, não sou boa em ferir ninguém,  sempre acabo me machucando mesmo não fazendo absolutamente nada para merecer isso.

APRENDIZ/ MiotelaOnde histórias criam vida. Descubra agora