Demônio. 🚬🥊
A loira tava cheia de ódio da minha cara pô, eu diria que não estava nem ai, mas não sei porque aquilo me incomodou.
Eu tinha que ficar manitorando o baile, mas ela tava meio paia, resolvi levar ela pra minha casa.
Não gostei muito da minha atitude, até porque eu estou dando mais atenção pra uma mulher do que para a minha própria favela.
Erradíssimo.
Saímos do baile pá, do nada a loira me soltou umas desculpas, essa porra nunca falou isso, ai vi que o negócio tava feio mesmo.
Tive que ter paciência uma coisa que eu não tenho, e nem sei como usa, até quando eu tô tentando ser calmo eu falo meio nervoso, mas tá ligado, se eu errei foi tentando acertar.
Coloquei o capacete na cabeça dela, e quando eu tava colocando na minha um menor me chamou.
Deixei ela lá e fui até ele.
Demônio: Manda o papo. - digo sério querendo saber o que estava acontecendo.
Ruan : dá até medo de falar com o senhor - o moleque diz de cabeça baixa coçando o cabelo.
Demônio: não precisa ter medo de mim não. - digo e ele levanta a cabeça sem jeito - pode falar, tô aqui pra saber. - digo.
Ruan : eu queria saber - ele diz sem jeito - se o senhor não tem alguma vaga na boca. - ele diz e eu arqueio a sobrancelha - eu sei que o senhor deve está pensando que é por escolha minha, mas eu preciso ajudar minha mãe o mais rápido possível, já tentei procurar emprego, mas por eu ser novo, e sem nada no currículo ninguém quer me aceitar, e do jeito que tá não dá. - ele diz.
Rapaz, nada me abala, mas esse menino tocou no meu coração de uma forma diferente.
Demô: quantos anos você tem? - pergunto olhando pra ele.
Ruan : quinze - ele me responde - pode ser qualquer cargo, do mais baixo possível, eu só preciso ajudar minha mãe. - ele diz.
Demô: você tem que estudar, não entrar pra esse mundo de ilusão. - digo. - prometo que vou te ajudar. - digo dando minha mão e ele apertou - sabe onde fica minha casa? - pergunto.
Ruan : sei sim - ele diz.
Demô: eu só não vou te levar porque tô com minha mulher ali esperando, mas vá lá agora que eu vou tar te esperando. - digo.
Ruan : obrigada tio, desculpa o incômodo - ele diz e eu nego com a cabeça rindo.
Demô: tô te esperando lá em - faço um sinal pra ele e vou até a moto - desculpa a demora, caso sério. - digo.
Nanda: de boa - ela diz - lindo esse menino, só precisa de cuidados - ela diz e eu do a mão pra ela ajudando ela subir na moto.
Demô: vou conversar com ele pra entender toda a história dele - digo sentando na moto - vou ajudar. - digo ligando a moto.
Dei partida pra minha casa.
Estacionei minha moto e descemos, entramos e ela sentou no sofá tirando o sapato e se encostando com sono.
Demô: vai pro quarto Fernanda, tá ai cheia de sono - digo e ela joga a cabeça pro lado se apoiando e fechando os olhos.
Parece criança.
Bateram na porta e eu fui abrir, até que era o pivete.
Demô: entra aí mano, fica a vontade. - digo e ele entra sem jeito - pode sentar ai.
Fernanda despertou e levantou do sofá.
Ruan : licença. - ele diz todo sem jeito.
Fernanda: tudo bom? - ela pergunta pro menino e ele concorda - tô indo. - ela diz e eu concordo.
Me sento no sofá e bato pra ele sentar do meu lado e ele vem sentando.
Demô: me explica tua situação que eu vou tentar te ajudar o máximo que eu conseguir. - digo - tô ligado que tu mora no beco 13, sei quem é tua mãe, mas nunca me liguei que vocês passavam necessidade, e nisso eu te peço desculpas, papo reto ai. - digo.
Ruan : não precisa se desculpar em nada, quem pede desculpas sou eu por tá aqui esse horário. - ele diz. - minha mãe trabalhava como faxineira na rua amarelinha fora do morro. - ele disse - ganhava 80 por semana sendo que ela trabalhava todos os dias, de cinco da manhã até cinco da tarde. - ele diz - a gente não podia nem sonhar em reclamar, porque era a nosso único jeito, e com aquele 80 a gente se virava. - ele diz.
Demô: pô mano, e teu pai? - pergunto.
Ruan: tenho não. - ele diz de cabeça baixa - na real eu nunca escutei nada dele, sempre que perguntei minha mãe não falava, então decidi não perguntar mais. - ele diz.
Demô: continua - digo.
Ruan : infelizmente minha mãe foi demitida. - a gente tá vivendo de bico, não consigo emprego de jeito nenhum, tem dia que eu e minha mãe ficamos sem comer, eu não ligo pra mim, eu ligo por ela entendeu? Eu sei o quanto doi pra ela olhar pra mim e dizer que não tem nada pra comer, vê ela chorando todo dia se culpando por tudo, enfim, tá uma confusão. - ele diz.
Papo reto, nada nunca tocou no meu coração igual esse muleque.
Eu só não demonstro.
Demô: e a escola? - pergunto.
Ruan : esse ano eu fui até minha mãe ser demitida, desde lá parei, todo dia tentando procurar emprego, assistente social indo até minha mãe, muita coisa - ele diz de cabeça baixa.
Demô: olha pra mim ai - digo e ele limpou os olhos e olhou pra mim, ai eu vi que o muleque tava chorando. - eu tô disposto a te ajudar com tudo que eu puder, você e sua mãe. - digo.
Ruan : eu não sei nem o que falar cara - ele diz enxugando as lágrimas dele. - obrigada, de verdade mesmo - ele diz.
Demô: não precisa agradecer mano - digo levantando - vem tomar um café - digo.
Ruan : já te atrapalhei demais - ele diz sem jeito..
....
VOCÊ ESTÁ LENDO
Meu pega e não se apega.
Fanfictionquando o dono do morro resolve chamar Fernanda para uma foda rápida, transformando isso num pega e não se apega.