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"Desde que colidimosnão consigo mais viverlonge da tua órbita

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"Desde que colidimos
não consigo mais viver
longe da tua órbita."

JOSÉ LUCAS

Disparei o alarme da BMW destravando a mesma e joguei a mochila no banco de trás junto com algumas pastas de documentos que eu tinha entregue no Batalhão e junto com a bota que eu tinha usado mais cedo. Coloquei o Thor na coleira e dirigi na direção de casa.

Depois de uma semana que eu tinha chego do Estados Unidos finalmente saiu minha transferência e eu pude começar no batalhão.
Não dava nem pra acreditar. Depois de meses e meses numa burocracia que parecia eterna, as coisas finalmente tinham dado certo me fazendo respirar um pouco aliviado.

Estar de volta no Rio de Janeiro era uma das coisas que eu mais desejei em toda minha vida depois de 20 anos morando fora.
Ao mesmo tempo era assustador.
Aquele era o meu País, a minha casa, a minha família. Mais tudo era tão estranho, como se não fosse realmente meu.

A única coisa que fazia com que eu me sentisse em casa era olhar para a cara do Dom e Leonardo, meus amigos de infância que em todos os anos nunca se tornaram estranhos pra mim.
Nesses 20 anos eles viveram uma ponte aérea, não largando meu santo nem por reza braba depois de fazermos quando moleque aquela promessa de que nunca íamos abandonar um ao outro, e que um dia, estaríamos os três, no mesmo batalhou, fazendo aquilo que a gente mais amava fazer.

Era difícil até de acreditar que uma promessa de um bando de pirralho de 10 anos de idade ia perdurar por tantos anos, e cá estávamos nós.

Minha história deve ser daquelas clássicas que tem por aí. Uma família que tinha tudo pra ser aquelas de comercial de margarina.
Dinheiro, Fama, status.
Só faltava uma coisa. A paz dentro de casa e o amor... Há quem diga que o problema sempre fui eu, e hoje eu posso dizer que se esse é o caso, melhor que tenha sido assim.
Me chamam de Ruim, Sem coração, Machista, Arrogante e mais alguns outros adjetivos.
E eu tenho certeza que foi isso que me trouxe até aqui. Sem ter enlouquecido ou sem ter feito uma merda ainda maior, parando pra pensar no cenário que por anos eu vivi e era um verdadeiro anjo...

O amor dos meus pais, que eu nem sei se um dia realmente foi amor, se transformou em um ódio mortal desde o meu nascimento.
Conforme eu fui crescendo, a coisa pior ficou e aí veio a Martina, minha irmã mais nova.

Os adultos são um lixo e a culpa é dos filhos..

O cara que por anos eu chamei de pai, decidiu um belo dia pegar todo seu poder e aquisição e ir embora do Brasil.
Claro que ele não ia querer viver no inferno sozinho, então fez a brilhante escolha de me levar junto, quando eu tinha 10 anos de idade.

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