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"enquanto os meus olhos puderem apreciar as galáxias existentes nos teus olhos, eu saberei que sempre estarei em casa

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"enquanto os meus olhos puderem apreciar as galáxias existentes nos teus olhos, eu saberei que sempre estarei em casa."

JOSÉ LUCAS

Comandante Alfredo: Como tá o braço ?.- ele parou junto com outros dois comandantes em frente à mim e o Leonardo

Zé: Tá tranquilo, conseguiram tirar a bala

Comandante: Foi por pouco, você se arriscou muito...- ele bateu no meu braço e eu puxei um pouco sentindo dor.- Da próxima vez, tenha mais cautela e não entre numa dessa sem alguém pra te dar cobertura

Zé: Você sabe que era uma situação de vida ou de morre.- falei firme olhando no olho dele que concordou balançando a cabeça

Comandante: Exatamente, se você morre não salva nem tu nem ninguém!.- ele piscou pra mim e saiu andando

A cabeça estava como ? A mil naquele momento! Doido pra entrar naquele ônibus e ir embora pra casa. Não imaginei que a situação seria tão intensa como foi. Claro que eu sabia que tinha me arriscado muito a hora que entrei naquela casa sozinho. Tentei chamar um agente mais a porra do rádio deu ruim bem na hora.

Eu não podia simplesmente ignorar aquela criança ali. Depois que eles mataram a mãe, a próxima seria ela e eu vi isso na cara dos cara. Eles estavam com sangue nos olhos!
Fiquei sabendo depois que a mulher tinha caso com um dos grandes do tráfico, mais queria largar ele pra ir pro asfalto levando a criança junto. A lei da favela entrou em vigor, e pra eles não ia nem ela, muito menos aquela criança.

Eu fiquei ali, e era impossível não entrar!
Foda-se que eu tava sozinho, sem proteção.
Podia ser meu filho ali. Ela só uma bebê, enrolado naquele pedaço de pano. Nunca que eu ia deixar aquilo acontecer. Ia me sentir culpado pro resto da vida.

Tomei aquele tiro com os olhos daquela criança nos meus. Como era bonitinha...
Por alguns minutos me fez esquecer a dor desgraçada da bala dentro do braço olhando pra ela. Ela era tão branquinha, o cabelo lisinho e muito pretinho e os olhos meio claros. Ela ficou me encarando enquanto eu sentia o sangue escorrer e abriu um pequeno sorriso enquanto eu ainda tinha ela nos braços e caralho, que olhar aquela bebezinha tinha... Senti uma coisa estranha com ela ali, na verdade não sabia explicar. Acho que nunca tive uma sensação daquela e fiquei um pouco sem entender.

Não dava pra explicar como ela ficaria sozinha, num mundo daquele cercada por um caos e com um dos maiores traficantes atrás dela..
A vida era injusta as vezes..

Olhei em volta e bem do lado de onde a gente estava, em cima da cama tinha uma certidão de nascimento. Pela data de nascimento e o tamanho da pequena era dela, e o nome escrito ali era MARIÁ

INEFÁVELOnde histórias criam vida. Descubra agora