Conflitos e Desejos

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Capítulo 24:

Os dias seguintes passaram como um turbilhão na vida de Clara. O evento beneficente estava se aproximando, e sua mente se dividia entre a empolgação e a confusão emocional que a cercava. Ela sentia a pressão de estar sob os holofotes, mas também a excitação de ter um projeto que poderia finalmente a libertar do passado. Ethan, sempre otimista e encorajador, a ajudava a organizar tudo, e Clara se viu cada vez mais atraída por sua confiança e carisma.

Enquanto isso, a presença de Charlie continuava a ecoar em sua mente. Cada vez que ele entrava na loja ou fazia uma visita à sua casa, Clara sentia uma mistura de raiva e saudade. Ele a olhava com uma intensidade que a deixava em conflito, como se estivesse tentando desvendá-la. Mas em vez de se abrir, ele se fechava ainda mais, tornando a relação entre os dois cada vez mais insuportável.

Numa tarde, enquanto Clara trabalhava em alguns bordados para o evento, recebeu uma visita inesperada. A porta da loja se abriu e lá estava Charlie, sua expressão sombria traindo a batalha interna que enfrentava. Clara hesitou por um momento, mas decidiu que precisava encará-lo.

“Precisamos conversar,” ele começou, a voz baixa, mas firme.

“Você sempre diz isso, mas nunca diz nada,” respondeu Clara, sem disfarçar a irritação. “O que você quer, Charlie? Eu estou ocupada.”

“Eu quero que você saiba que me importo com você,” ele disse, aproximando-se. “Eu só… eu não consigo entender por que você está se envolvendo com Ethan. Ele não pode oferecer o que eu posso, não de verdade.”

“E o que você pode oferecer? Um amor que você não consegue aceitar?” Clara retrucou, seu coração acelerando. “Ele me vê, Charlie. Ele vê quem eu sou. E, pelo que parece, você está mais interessado em lutar contra seus sentimentos do que em me aceitar.”

“Você está se enganando,” Charlie protestou. “Ele não te conhece. Ele é apenas um homem rico tentando conquistar a mulher mais bonita da cidade.”

“E você? Você não está tentando conquistar nada? Você me quer, mas tem medo de me deixar entrar. Se você não me assumir, eu não posso ficar esperando por você!” Clara sentia as emoções transbordarem. “Eu não posso mais viver nessa incerteza. Se você não me ama, eu vou seguir em frente.”

Charlie fechou os olhos por um momento, como se as palavras dela fossem um golpe. “Eu não disse isso,” ele finalmente murmurou, olhando para ela. “Eu só… eu não posso me permitir. É errado.”

“Errado? Desde quando amar alguém é errado?” Clara se aproximou dele, o olhar desafiador. “Você se esconde atrás de uma mentira, Charlie. O amor é tudo que precisamos para viver.”

O silêncio caiu entre eles, a tensão quase palpável. Charlie olhou para ela, os sentimentos que estavam guardados finalmente à superfície. Mas ao invés de se abrir, ele recuou. “Você não entende,” ele disse, a voz falhando. “Eu tenho responsabilidades, obrigações. Não posso deixar tudo isso para trás.”

Clara sentiu uma onda de frustração. “Você está me dizendo que eu não sou suficiente? Que não posso fazer parte da sua vida?”

“Não é isso…” Charlie começou, mas as palavras não saíram. Ele estava lutando contra algo maior do que ambos.

“Então, o que é?” Clara perguntou, sua voz firme. “Se você não me quer, eu seguirei em frente. Eu não posso ficar presa em um jogo que você não está disposto a jogar.”

Ele a observou, a dor em seus olhos misturada com desespero. “Eu não quero que você se machuque.”

“Você já me machucou,” Clara disse, as lágrimas começando a se formar. “E agora, mais uma vez, você está me fazendo duvidar do que sinto. Se você não pode ser honesto comigo, eu vou procurar alguém que possa.”

Charlie se virou, incapaz de responder. O conflito entre seu amor por Clara e suas obrigações religiosas o deixava paralisado. Ele queria correr atrás dela, mas a dúvida e a culpa o prenderam ao chão.

Enquanto isso, Ethan aguardava ansiosamente por Clara, completamente alheio ao turbilhão emocional que ela enfrentava. A cada dia, ele se tornava mais envolvente e a atração entre eles crescia, mas Clara não podia deixar de sentir que algo estava faltando.

No dia do evento, Clara estava nervosa. A decoração estava impecável, e o local estava repleto de pessoas ansiosas para apoiá-la. Ethan estava ao seu lado, sempre confiante, e Clara sentiu-se mais à vontade em sua presença. Mas, em meio a toda a animação, não pôde deixar de notar a presença de Charlie à distância, observando-a com uma intensidade que a deixava inquieta.

Conforme a noite avançava, Clara e Ethan começaram a receber muitos elogios. O evento estava se tornando um sucesso, e Clara sentia-se como uma verdadeira estrela. Mas, em meio a isso, seus olhos se desviavam constantemente para Charlie, que permanecia em um canto, isolado e imerso em seus próprios pensamentos.

Quando Ethan a puxou para dançar, Clara hesitou. Era um momento que deveria ser apenas dela e de Ethan, mas a tensão entre ela e Charlie a atormentava. Ela dançou, mas não conseguiu se livrar da sensação de que a presença de Charlie pairava sobre ela como uma nuvem escura.

No final da noite, enquanto todos começavam a se dispersar, Clara decidiu que precisava falar com Charlie. Ele estava prestes a sair, e ela não poderia deixá-lo ir sem esclarecer tudo.

“Charlie!” ela chamou, correndo em sua direção.

Ele se virou, e o olhar em seus olhos era uma mistura de dor e confusão. “Clara, não faça isso.”

“Eu preciso saber, Charlie. O que você quer de mim? Você vai continuar me deixando em dúvida? Eu não posso viver assim,” disse ela, seu coração batendo forte.

Charlie hesitou, e nesse momento, Clara percebeu que ele estava prestes a se abrir. Mas o que ela não esperava era que Ethan surgisse ao seu lado, colocando a mão suavemente em suas costas.

“Está tudo bem, Clara?” ele perguntou, seu tom preocupado.

Charlie lançou um olhar mortal para Ethan, a frustração crescendo dentro dele. A tensão entre os dois homens estava prestes a explodir.

“Eu preciso falar com ela,” Charlie disse, sua voz firme.

Ethan levantou uma sobrancelha. “E eu preciso garantir que ela esteja bem. Clara é a minha prioridade.”

Clara se sentiu dividida entre os dois homens, e o peso dessa escolha a esmagava. O que ela realmente queria? O que faria seu coração ser verdadeiramente feliz? Ela olhou de um para o outro, sabendo que a decisão que tomasse mudaria tudo em sua vida.

Entre o Céu e o Inferno| FATHER CHARLIEOnde histórias criam vida. Descubra agora