Entre o Perdão e a Redenção

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Capítulo 28:

O tempo passou lentamente nos dias que seguiram o confronto na praça. Clara evitou tanto Charlie quanto Ethan, e a cidade parecia envolta em uma nuvem de especulações. Os fiéis na igreja cochichavam, os comerciantes faziam suposições sobre o novo visitante, e todos os olhares pareciam seguir Clara sempre que ela aparecia em público.

Clara, no entanto, estava em silêncio. Passava a maior parte do tempo em casa, refletindo sobre suas opções e a confusão de sentimentos que a atormentava. Os gestos apaixonados de Charlie haviam mexido com ela mais do que gostaria de admitir, mas ela sabia que uma escolha por ele significava sacrificar a segurança e o conforto que Ethan oferecia.

Charlie também se afundava em seus próprios pensamentos. As noites de orações e vigílias tornaram-se momentos de autossabotagem, onde ele se flagelava por seus sentimentos, tentando encontrar uma forma de reconciliar a fé com o amor proibido que o consumia. Em cada sermão, ele tentava se concentrar nas palavras que pregava, mas sempre que Clara estava entre os fiéis, sua mente divagava.

No entanto, uma reviravolta estava prestes a acontecer. Em uma manhã fria de domingo, enquanto Charlie se preparava para a missa, ele foi interrompido por uma visita inesperada. O bispo da diocese, um homem mais velho com ar de severidade e expressão impassível, entrou na sacristia.

"Padre Charlie," o bispo cumprimentou, sua voz firme. "Recebemos algumas queixas de seus paroquianos. Eles comentam sobre uma… proximidade inadequada com uma mulher da cidade. Você sabe a que me refiro?"

O rosto de Charlie empalideceu, e ele engoliu em seco. "Senhor, posso explicar."

O bispo ergueu a mão, interrompendo-o. "Não estou aqui para ouvir desculpas, Charlie. Estou aqui para te dar uma chance de corrigir o curso das coisas. Há rumores perturbadores, e o papel de um sacerdote é manter-se acima dessas tentações." Ele o encarou com olhar penetrante. "O que você pretende fazer para evitar que isso continue?"

Charlie sentiu o peso da expectativa sobre seus ombros. O bispo não exigiu explicitamente que ele cortasse laços com Clara, mas o significado de suas palavras era claro. Ele deveria manter a distância e provar que sua devoção ao sacerdócio estava intacta. "Eu… vou me afastar, Excelência. Vou me redimir."

O bispo assentiu. "Certifique-se de que o faz. Sua carreira e seu propósito dependem disso." E, sem mais uma palavra, saiu da sacristia, deixando Charlie em um estado de agonia silenciosa.

Enquanto isso, Clara decidiu que era hora de confrontar seus próprios sentimentos. Naquela tarde, ela se dirigiu à mansão onde Ethan estava hospedado. O homem a recebeu com um sorriso caloroso, tentando demonstrar uma confiança que beirava a arrogância.

"Clara," ele disse, pegando a mão dela. "Estou feliz que tenha vindo. Espero que isso signifique que finalmente aceitou minha proposta."

Ela retirou a mão, os olhos fixos nos dele. "Ethan, preciso que entenda que não sou uma moeda de troca. Não é porque você pagou minhas dívidas que eu me tornei sua. Eu vim aqui para esclarecer que ainda não tomei uma decisão."

Ethan estreitou os olhos, o sorriso desaparecendo lentamente de seu rosto. "Então, ainda está presa ao padre? Um homem que não pode te dar nada? Você está fazendo uma escolha tola, Clara. Eu posso te oferecer o mundo."

"Não é sobre o que você pode me dar, Ethan. É sobre o que eu sinto," ela respondeu, a voz firme. "E ainda não sei qual é a resposta. Preciso de tempo para pensar sem pressão."

A conversa se alongou, com Ethan tentando convencê-la e Clara mantendo sua posição. Quando finalmente saiu da mansão, sentia-se mais confusa do que nunca, mas sabia que precisava enfrentar Charlie novamente, de uma forma ou de outra. Ela tinha que saber, com clareza, o que ele estava disposto a sacrificar – e se ele realmente faria isso por ela.

No dia seguinte, Clara foi até a igreja. Havia algo em sua determinação que parecia inabalável. Encontrou Charlie no altar, organizando as velas, e, ao vê-la, ele congelou. Seus olhos se encontraram, e o silêncio entre eles era mais intenso do que qualquer palavra que pudessem trocar.

"Charlie," ela começou, aproximando-se lentamente. "Eu preciso saber, de uma vez por todas, se você está disposto a lutar por mim. Não posso mais viver entre essas dúvidas. O bispo esteve aqui, não foi?"

Ele assentiu, desviando o olhar. "Sim, ele esteve. E… deixou claro o que se espera de mim."

"E o que se espera de você, Charlie? Que você finja que não me ama? Que me deixe para trás sem sequer tentar?" A voz de Clara falhou, e ela respirou fundo para se recompor. "Diga-me agora, ou me perca para sempre."

O conflito em Charlie era evidente. Ele lutava com as palavras, com a incerteza de seu próprio coração. "Clara," ele começou, a voz trêmula. "Eu não sei se consigo ser o homem que você precisa. Não sem perder tudo o que sou."

"Então, talvez você precise decidir o que realmente é," Clara respondeu, sentindo as lágrimas quentes se formando nos olhos. "Você é um homem de Deus, ou é um homem que ama? Porque, às vezes, não há como ser os dois."

Antes que ele pudesse responder, os sinos da igreja começaram a soar, anunciando o horário da missa. Os paroquianos começavam a chegar, e Clara sentiu que não havia mais tempo. Ela deu um passo para trás, olhando para ele uma última vez. "Eu te amo, Charlie. Mas não posso esperar para sempre."

Ela se virou e saiu, deixando Charlie sozinho em meio ao som ensurdecedor dos sinos. Ele sabia que estava prestes a perder Clara para sempre, a menos que encontrasse a coragem de escolher. E agora, mais do que nunca, a linha entre redenção e perdição parecia assustadoramente tênue.

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Ah mas essa máscara de padre devoto do Charlie vai cair e é agora.

Se preparem para o próximo capítulo.

HA HA HA.

Entre o Céu e o Inferno| FATHER CHARLIEOnde histórias criam vida. Descubra agora