Encontro com as Consequências

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Capítulo 37:

Charlie sentia seu coração martelar no peito enquanto voltava para a igreja. O beijo com Clara ainda o consumia. Cada detalhe estava gravado em sua mente — o toque suave dos lábios dela, o calor de sua pele e o som suave da respiração dela contra a sua. O conflito interno entre os votos que fizera e o amor que agora assumia de maneira inevitável parecia estar prestes a despedaçá-lo.

No dia seguinte, Clara estava a caminho do trabalho quando viu Charlie parado na entrada da igreja, olhando-a de longe. Havia algo em seu olhar que ela não conseguia decifrar — uma mistura de arrependimento e determinação. Quando ela começou a passar por ele, ele se aproximou.

"Clara, precisamos conversar," disse ele com a voz firme, mas ao mesmo tempo, um pouco rouca.

Ela parou, cruzando os braços. "Sobre o que, exatamente? Sobre o beijo que você me deu ou sobre o fato de que, mais uma vez, você provavelmente vai se desculpar e dizer que foi um erro?" Sua voz carregava uma ponta de ironia, mas havia também um certo cansaço. Ela estava cansada de esperar por ele, de se machucar sempre que ele voltava a se afastar.

Charlie balançou a cabeça, dando um passo à frente. "Não quero me desculpar. Não dessa vez. Quero entender o que está acontecendo entre nós. O que você realmente sente, Clara?"

Ela o encarou por alguns segundos, o silêncio pesando entre eles. "Você sabe muito bem o que eu sinto, Charlie. Não sou eu quem está em dúvida. Você é quem precisa decidir se vai continuar me afastando ou se vai finalmente aceitar o que sente."

A tensão no ar era palpável, como se algo prestes a explodir estivesse no limite. Charlie respirou fundo, então, de repente, segurou o braço dela com gentileza, puxando-a para mais perto. "Eu sei que errei," confessou, a voz quase falhando. "Mas, Clara, eu não consigo parar de pensar em você. Eu... não quero mais te afastar."

Clara sentiu o corpo todo estremecer com a intensidade do olhar dele. "Então por que você sempre volta para os seus votos, para a sua vida de padre, como se nada tivesse acontecido?" perguntou, a voz embargada por uma mistura de dor e esperança.

Ele passou uma das mãos pelo cabelo dela, deslizando os dedos delicadamente. "Porque eu estava com medo. Medo de perder o que conhecia, medo de falhar com as minhas promessas. Mas, quando estou com você, parece que nada disso importa... e isso me assusta."

Ela não sabia se se sentia aliviada ou mais magoada ainda. "Medo de se arriscar não é uma justificativa para partir o meu coração," respondeu, tentando controlar a emoção na voz.

Charlie a puxou para mais perto, inclinando a testa até quase tocá-la. "E se eu dissesse que estou disposto a correr esse risco?" sussurrou, com os olhos fixos nos dela.

Clara sentiu a tensão aumentar, o calor dos corpos tão próximos criando uma eletricidade quase insuportável. Sem hesitar, ela ergueu uma mão para o rosto dele, o polegar traçando uma linha pelo contorno de sua mandíbula. "Então, mostre que está disposto a lutar. Prove que está disposto a mudar."

Charlie a olhou com uma intensidade renovada, percebendo que esse era um ponto sem retorno. Ele sabia que precisaria mostrar, através de suas ações e não apenas palavras, que estava pronto para enfrentar qualquer coisa por ela. Com um suspiro profundo, ele deu um passo para trás, mas manteve os olhos presos nos dela, como se estivesse fazendo uma promessa silenciosa.

"Isso não acaba aqui, Clara. Eu vou te provar," ele disse, com a voz firme e decidida.

Ela deu um sorriso enigmático, sabendo que o jogo de provocações e desafios estava apenas começando. "Vamos ver se você está mesmo disposto a ir até o fim, Charlie."

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Entre o Céu e o Inferno| FATHER CHARLIEOnde histórias criam vida. Descubra agora