Capítulo 25:
Clara sentia o peso do olhar de Charlie e Ethan sobre ela. Os dois homens, ambos importantes em sua vida, a encaravam como se aguardassem que tomasse uma decisão. Era como se o destino estivesse exigindo uma escolha imediata, mas ela sabia que não poderia seguir em frente sem ouvir o que Charlie tinha a dizer.
"Me dê um momento, Ethan," ela murmurou, colocando a mão suavemente no braço dele. "Preciso falar com o Charlie."
Ethan assentiu, mas seu olhar permaneceu fixo em Charlie, uma mistura de desconfiança e desafio. Enquanto ele se afastava, Clara se virou para Charlie, que estava com os lábios apertados, como se cada palavra que pretendia dizer lhe custasse um grande esforço.
"Você queria falar comigo, então aqui estou," Clara começou, a voz trêmula. "Mas, por favor, seja honesto."
Charlie deu um passo à frente, o rosto marcado pela indecisão e pelo sofrimento. "Clara, eu nunca quis que as coisas chegassem a esse ponto. Eu pensei que conseguiria sufocar esses sentimentos, mas eles só cresceram. Quando te vejo com Ethan, sinto uma dor que não consigo explicar. Eu sei que é errado, mas não consigo evitar."
"Então, por que continua me afastando?" Clara questionou, a voz carregada de frustração. "Por que não admite que sente algo por mim? Eu não posso continuar vivendo nessa incerteza, Charlie. Preciso saber se há um futuro para nós."
Charlie fechou os olhos por um momento, a luta interna evidente em cada linha de seu rosto. "Eu... Eu jurei servir a Deus, Clara. Há um compromisso que fiz e que moldou toda a minha vida. Amar você significaria quebrar essa promessa. E ainda que eu queira, há algo que me impede."
As palavras dele caíram sobre Clara como um balde de água fria. "Então você escolhe sua vocação sobre mim," ela sussurrou, sentindo a dor crescer dentro dela. "Eu compreendo a sua fé, mas não posso ser a segunda opção de ninguém."
Ele tentou segurar a mão dela, mas Clara recuou. "Se você não consegue se entregar completamente, então não temos nada mais para discutir."
Clara virou-se para sair, mas antes que pudesse dar mais de dois passos, Charlie a puxou pelo braço, a urgência em seu toque era inegável. "Não vá, Clara," ele implorou, a voz carregada de desespero. "Eu... Eu só preciso de tempo."
"Tempo?" Clara riu amargamente. "Charlie, o tempo não cura essa ferida. Ele só a aprofunda. E eu não tenho mais tempo para esperar."
Com essas palavras, Clara saiu do local, deixando Charlie sozinho, imerso em sua culpa e arrependimento. Ele sentiu o vazio se expandir dentro de si, percebendo que, ao lutar contra seus sentimentos, estava perdendo a única mulher que realmente amou.
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Naquela noite, de volta ao seu quarto, Charlie se sentou na beira da cama, a cabeça enterrada nas mãos. Seu quarto parecia mais sombrio do que nunca, o ar denso com o peso de suas próprias dúvidas e medos. Ele pegou seu terço e começou a rezar, mas as palavras não vinham com a mesma força de antes. Sua fé, que antes parecia inabalável, agora tremia.
Enquanto isso, Clara voltou para casa com o coração apertado. Ethan tentou confortá-la ao final do evento, mas ela recusou sua companhia, dizendo que precisava ficar sozinha. Ao se deitar, os pensamentos de Charlie ainda a atormentavam. Ela amava aquele homem, mas sabia que não podia esperar para sempre que ele superasse suas barreiras internas.
Nos dias que se seguiram, Clara evitou ao máximo qualquer encontro com Charlie. Ela mergulhou no trabalho, tentando ocupar sua mente e suprimir a dor. Ethan, por sua vez, se aproximava cada vez mais, oferecendo apoio e compreensão. Ele sabia que algo havia acontecido entre ela e o padre, mas preferiu não pressioná-la.
Então, certa noite, quando Clara estava fechando a loja, Ethan apareceu com uma garrafa de vinho e um sorriso. "Achei que poderia te fazer companhia, já que tem trabalhado tanto," ele disse, estendendo a garrafa.
Clara sorriu, agradecida pela gentileza dele. "Isso seria bom. Acho que preciso de uma distração."
Eles sentaram-se do lado de fora, sob a luz das estrelas, e abriram o vinho. Conforme a noite avançava, Ethan a fez rir com suas histórias e a olhou com uma ternura que Clara não via há muito tempo. Mas, ao mesmo tempo, sentia-se culpada por se permitir desfrutar daquele momento, sabendo que seu coração ainda estava em conflito.
"Clara, eu sei que você está passando por um momento difícil," Ethan disse, a voz suave. "Mas eu estou aqui para você, não importa o que aconteça. Não vou te pressionar. Apenas quero que você saiba que tem alguém que se importa de verdade."
Clara sentiu os olhos marejarem. A bondade de Ethan a tocava, mas não conseguia evitar pensar em Charlie. No entanto, talvez Ethan fosse o que ela realmente precisava – alguém disposto a estar com ela, sem complicações.
Enquanto Ethan a observava em silêncio, Clara percebeu que era chegada a hora de tomar uma decisão. A vida estava lhe oferecendo dois caminhos, e cada escolha traria consequências. Ela sabia que, qualquer que fosse o destino que escolhesse, haveria dor, mas também uma chance de felicidade.
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Entre o Céu e o Inferno| FATHER CHARLIE
RomancePadre Charlie vive uma vida devota, dedicada à fé e ao serviço de sua paróquia, até que conhece Clara, uma mulher sedutora e envolvente que desperta nele sentimentos proibidos. Enquanto luta para reprimir o desejo, ele descobre que Clara está envolv...