Capítulo 35:
Era uma noite movimentada no bar que Clara frequentava, repleto de conversas animadas e risadas. Ela estava cercada por amigos, mas sua mente vagava por outros pensamentos. Desde o último encontro com Charlie, parecia que ele estava sempre presente em sua mente, como uma sombra constante que ela não conseguia evitar.
Enquanto conversava, algo inusitado chamou sua atenção: um homem elegante entrou pela porta. Com os cabelos arrumados e vestindo roupas que destacavam sua aparência, ele capturava olhares de várias mulheres no local. Mas o que realmente a surpreendeu foi reconhecer aquele homem. Era Charlie. Ele não estava com suas vestes de padre, mas sim com roupas comuns e elegantes, o que o fazia parecer outra pessoa, quase irreconhecível.
Clara sentiu o coração acelerar ao vê-lo assim, tão diferente, tão seguro de si. Ele caminhou até o balcão sem sequer olhar em sua direção, pedindo uma bebida e sentando-se em um canto. Por algum motivo, a indiferença dele a irritava. Enquanto ela tentava se concentrar na conversa com os amigos, seus olhos frequentemente se desviavam para onde ele estava sentado, observando-o à distância.
Charlie parecia perceber a atenção de Clara, pois, em alguns momentos, ela notou que ele a olhava de volta. Mas ele não se aproximou nem disse nada. Isso só fez o incômodo dela crescer. Era como se ele estivesse testando-a, vendo até onde ela aguentaria aquele jogo.
Quando a noite terminou, Clara se despediu de seus amigos e saiu do bar, sentindo um misto de alívio e frustração. Mas, assim que virou a esquina, uma presença se fez notar atrás dela. Ela olhou para trás e viu Charlie a alguns passos de distância, caminhando na mesma direção.
"Está me seguindo agora?" Clara perguntou, com uma mistura de surpresa e desafio na voz.
Charlie não respondeu de imediato, mas aumentou o passo e a alcançou. Quando estavam próximos de um beco, ele estendeu a mão e segurou suavemente o braço dela, puxando-a para longe da rua principal. "Precisamos conversar," ele disse, com a voz firme, mas calma.
Ele a encostou contra a parede do beco, mantendo uma distância respeitosa, mas próxima o suficiente para que Clara sentisse a intensidade do momento. Charlie apoiou uma das mãos na parede ao lado do rosto dela, o olhar fixo em seus olhos. "Você acha que pode fugir de mim para sempre, Clara?" ele perguntou, um leve sorriso nos lábios.
Clara ergueu o queixo, sem se deixar intimidar. "E o que faz você pensar que estou fugindo, Charlie? Você nem ao menos falou comigo lá dentro."
Ele sorriu, como se estivesse gostando do desafio. "Talvez eu só quisesse ver sua reação, ver o quanto você me notaria mesmo quando não estivesse te perseguindo."
Ela o encarou, sem saber se estava mais irritada ou intrigada. "E o que você quer agora, Charlie?"
"Quero que você pare de fugir dos seus próprios sentimentos," respondeu ele, mantendo a voz baixa. "Você sabe que há algo entre nós, algo que não podemos mais ignorar. Está na hora de pararmos de fingir que isso não existe."
Clara não respondeu imediatamente. O ar estava carregado com uma tensão que era quase palpável, mas ela sabia que ceder seria admitir algo que vinha tentando negar há muito tempo. "Você fala como se eu fosse a única que está fugindo," ela retrucou. "Mas, na verdade, é você quem vive dividido entre o que sente e o que acha que deve ser."
Sem responder com palavras, Charlie deu um passo à frente e ergueu a mão para acariciar o rosto de Clara, seu polegar deslizando suavemente pela pele dela. Ele a puxou para mais perto, sentindo a proximidade entre os dois se intensificar, como se todo o mundo ao redor tivesse desaparecido.
Lentamente, ele inclinou o rosto e a beijou, de maneira suave, quase tímida no começo, mas que logo se transformou em algo mais profundo, cheio de sentimentos reprimidos que finalmente encontravam uma forma de se expressar. O beijo era carregado de tudo o que haviam tentado ignorar por tanto tempo, uma mistura de amor, desejo e dor.
Quando se afastaram, Clara abriu os olhos e encontrou o olhar de Charlie, ainda próximo ao seu rosto. "Você não é tão santo quanto parece, não é, Charlie?" ela sussurrou, com um leve sorriso nos lábios.
Charlie deixou escapar um suspiro e acariciou o cabelo dela. "Não consigo ser santo quando estou perto de você," ele admitiu, com uma sinceridade que revelava o quanto estava dividido entre seus votos e o sentimento que tinha por ela.
Clara recuou um passo, ainda mantendo o toque da mão dele em seu rosto. "Se você me quer, Charlie, vai ter que provar que está disposto a lutar por isso. Não vou te entregar meu coração tão facilmente."
Ele assentiu, compreendendo que, para estar ao lado dela, precisaria mostrar que estava disposto a arriscar tudo. E, naquele momento, soube que estava preparado para enfrentar qualquer obstáculo, mesmo que isso significasse desafiar os seus próprios princípios.
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Entre o Céu e o Inferno| FATHER CHARLIE
RomancePadre Charlie vive uma vida devota, dedicada à fé e ao serviço de sua paróquia, até que conhece Clara, uma mulher sedutora e envolvente que desperta nele sentimentos proibidos. Enquanto luta para reprimir o desejo, ele descobre que Clara está envolv...