As Confissões do Coração

153 3 0
                                    

Capítulo 29:

Estava escurecendo quando Clara recebeu a ligação de Charlie. A voz do padre, geralmente calma e controlada, soava hesitante. Ele pediu que ela fosse à igreja e a encontrasse em seu quarto. Havia uma urgência nas suas palavras, algo que Clara nunca tinha ouvido antes, e, embora hesitante, decidiu ir.

Ao chegar à igreja, Clara subiu os degraus até o corredor que levava ao quarto de Charlie. O ambiente estava tranquilo, exceto pelo som distante de um relógio marcando os segundos. Quando chegou à porta do quarto, a porta estava entreaberta, e ela pôde ver Charlie de costas, usando apenas uma toalha. Ele parecia ter acabado de sair do banho; gotas de água ainda desciam por seus cabelos úmidos e escorriam por suas costas.

Clara hesitou por um momento antes de bater levemente na porta e chamar: "Com licença, Padre."

Charlie se virou lentamente para encará-la. Seus olhos encontraram os dela com uma mistura de surpresa e algo mais que Clara não conseguia identificar totalmente – talvez fosse o conflito interno que sempre parecia rondá-lo. Ele fechou a porta atrás dela, e o silêncio entre eles tornou-se palpável.

"Obrigado por ter vindo, Clara," ele disse, com a voz baixa. "Eu... precisava falar com você."

Ela cruzou os braços, tentando manter a compostura. "Estou aqui. O que você precisa dizer?"

Charlie deu um passo na direção dela, seus olhos nunca deixando os dela. Ele estendeu a mão, e seus dedos tocaram levemente o braço de Clara, acariciando sua pele com um gesto que foi ao mesmo tempo suave e hesitante. Era como se estivesse tentando sentir se aquele momento era real. "Eu... não posso continuar fingindo que meus sentimentos por você não existem," ele admitiu, quase como um sussurro.

Clara sentiu o coração acelerar, sentindo o toque quente de Charlie enquanto ele acariciava seus braços e rosto, mas manteve o olhar fixo no rosto dele. "Então, por que você sempre recua? Por que você sempre me afasta quando eu chego perto de você?"

Ele não respondeu imediatamente. Em vez disso, pegou a mão dela e a colocou sobre o próprio peito, onde o coração batia forte. "Sinto isso... todas as vezes que estamos juntos. Uma batalha entre o que eu sou e o que eu desejo ser ao seu lado."

Ela sentiu o calor do corpo dele sob seus dedos, e um arrepio percorreu sua espinha. Havia tanta intensidade naquele momento que parecia impossível respirar. "Charlie..." ela começou, mas ele a interrompeu, inclinando-se para beijá-la.

O beijo foi cheio de emoções reprimidas e sentimentos contraditórios. Era como se ambos tivessem finalmente encontrado uma forma de expressar tudo o que haviam contido por tanto tempo. Quando finalmente se separaram, Clara olhou para ele, um sorriso meio amargo nos lábios.

"Você não é tão santo quanto parece, não é, Padre?" ela disse, o tom provocativo misturado com uma tristeza genuína.

Charlie recuou um passo, como se tivesse sido atingido por aquelas palavras. "Clara, eu nunca quis te machucar..."

Ela o interrompeu. "Eu sei, mas isso não muda o fato de que você precisa decidir o que realmente quer. Eu não vou me entregar para você assim tão facilmente. Se quiser realmente estar comigo, vai ter que provar. Vai ter que lutar por mim."

Com isso, Clara se virou e saiu do quarto, deixando Charlie sozinho, com o som de seus próprios pensamentos ressoando na cabeça. Ele sabia que tinha uma escolha difícil a fazer e que, se não agisse rapidamente, poderia perder Clara para sempre.

---

Recebendo a fiel de toalha no seu quarto padre tu não era assim não

Entre o Céu e o Inferno| FATHER CHARLIEOnde histórias criam vida. Descubra agora