---Capítulo 38:
Depois da conversa, Clara sentia que algo havia mudado. Havia um novo ar de determinação em Charlie, como se ele estivesse pronto para provar que finalmente estava disposto a enfrentar seus sentimentos. Ela estava cética, mas uma parte de seu coração torcia para que ele realmente seguisse em frente e mostrasse o quanto estava disposto a lutar por ela.
Charlie, por outro lado, sentia uma chama de coragem acender dentro de si. Durante semanas, ele lutara com o conflito entre sua vocação e o amor que florescia por Clara, mas agora as palavras dela ecoavam em sua mente: "Prove que está disposto a mudar." Ele sabia que não seria fácil e que havia muito em jogo, mas essa era a prova que ele precisava encarar.
Alguns dias se passaram sem que Clara visse Charlie, até que em uma sexta-feira à noite, enquanto ela estava no bar com alguns amigos, algo chamou sua atenção. Ao olhar em direção à porta de entrada, ela viu Charlie. Mas, dessa vez, ele não estava vestido como padre. Usava uma camisa social azul-marinho levemente aberta no colarinho, com as mangas arregaçadas e calças escuras que acentuavam seu porte. Os cabelos estavam bem penteados, e o perfume dele, mesmo à distância, chegava até ela.
Clara sentiu um calor subir em seu rosto e o peito apertar de ciúmes quando viu algumas mulheres no bar olharem para ele com interesse. Charlie caminhou em direção ao balcão, mas não fez contato visual com ela. Ele pediu uma bebida e sentou-se, mantendo os olhos focados na taça enquanto levava o copo aos lábios. Clara o observava atentamente, irritada com a maneira como ele parecia tão à vontade e despreocupado.
Ela tentou se concentrar na conversa com seus amigos, mas seus olhos sempre voltavam para Charlie. Depois de um tempo, ela percebeu que ele a observava discretamente, como se estivesse esperando por algo. Decidida a não deixar que ele a afetasse tanto, Clara saiu do bar para tomar um pouco de ar. Mas, assim que atravessou a porta e chegou à rua, ouviu passos atrás de si.
Antes que ela pudesse se virar, sentiu uma mão firme segurando seu braço e, de repente, foi puxada para um beco próximo, onde a luz era fraca e as paredes de tijolo abafavam o som da rua. Ela se viu encurralada, com Charlie à sua frente, sua expressão intensa e desafiadora. Ele colocou um dos braços ao lado da cabeça dela, prendendo-a gentilmente contra a parede.
"O que você pensa que está fazendo?" Clara perguntou, seu tom oscilando entre a raiva e a surpresa.
Charlie se aproximou, deixando apenas alguns centímetros separarem seus rostos. "Eu só queria te provocar um pouco, Clara. Achei que fosse justo depois de todas as vezes que você me desafiou."
Ela tentou manter a compostura, mas a proximidade de Charlie e o calor de seu corpo eram quase sufocantes. "Então, agora você acha que sabe brincar de provocações?" respondeu, tentando soar indiferente, mas a voz saiu mais baixa do que ela esperava.
"Talvez," ele murmurou, com um leve sorriso no canto dos lábios. "Ou talvez eu esteja apenas começando a aprender." Ele abaixou a cabeça, aproximando os olhos dos dela. "Você me disse para lutar por você, e é exatamente o que eu vou fazer."
Clara sentiu um arrepio percorrer a espinha. "Você acha que é tão fácil, Charlie? Acha que pode simplesmente aparecer e me puxar para um canto que eu vou me render assim tão facilmente?"
"Eu não espero que seja fácil," ele respondeu, recuando apenas o suficiente para encará-la nos olhos. "Na verdade, eu não quero que seja. Eu quero que seja verdadeiro."
O som do coração dela parecia ecoar por todo o beco. Antes que pudesse processar o que ele dissera, sentiu a mão de Charlie deslizar pelo seu braço até alcançar sua mão. Ele a segurou com firmeza e, com um gesto suave, a pressionou contra o peito dele, onde ela podia sentir o ritmo acelerado de seu coração.
Clara respirou fundo, lutando para manter a compostura. "Você... realmente acha que pode me ganhar assim, Charlie?" provocou, arqueando uma sobrancelha.
"Eu não sei," ele confessou, com a voz baixa e firme. "Mas vou tentar todos os dias se for preciso." E, antes que ela pudesse responder, ele se inclinou e a beijou, o beijo foi lento e carregado de emoção, como se todo o tempo perdido, e as palavras não ditas estivessem ali naquele momento. Não era o tipo de beijo urgente ou impulsivo; era um gesto que comunicava a profundidade dos sentimentos de Charlie e o quanto ele havia lutado para chegar até ali.
Quando ele se afastou, Clara ainda estava atordoada. "Você não está jogando limpo," sussurrou, tocando a testa com a ponta dos dedos.
Charlie deu um passo atrás, mas ainda a observava de perto. "Eu disse que faria o que fosse preciso," disse ele com um sorriso, virando-se para sair do beco.
Clara ficou ali por um momento, sentindo o frio da noite contrastar com o calor que ainda queimava em sua pele. Ela sabia que Charlie estava mudando, mas o que isso significaria para os dois? Ela precisaria decidir se estava pronta para perdoar e aceitar o amor que ele estava finalmente disposto a oferecer.
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Entre o Céu e o Inferno| FATHER CHARLIE
DragostePadre Charlie vive uma vida devota, dedicada à fé e ao serviço de sua paróquia, até que conhece Clara, uma mulher sedutora e envolvente que desperta nele sentimentos proibidos. Enquanto luta para reprimir o desejo, ele descobre que Clara está envolv...