Entre o Céu e o Inferno| FATHER CHARLIE

Enfrentando as Consequências

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Capítulo 41:

Os dias que seguiram a decisão de Charlie foram uma mistura de euforia e receio para Clara. Finalmente, ela estava ao lado do homem que amava, mas o caminho não seria fácil. A notícia da renúncia de Charlie ao sacerdócio se espalhou rapidamente pela cidade, provocando diferentes reações. Alguns o viam com simpatia, enquanto outros questionavam se ele havia traído seus votos. Clara sentia o peso dos olhares e dos sussurros sempre que saía na rua, mas a presença de Charlie ao seu lado lhe dava forças.

Naquela manhã, enquanto caminhavam juntos pelo parque, Clara segurava a mão de Charlie com força. Os ventos de outono balançavam as folhas das árvores e traziam uma sensação de renovação, mas também de inquietação. Ela olhou para ele, notando que, apesar de manter uma postura confiante, havia algo de vulnerável em seu olhar.

"Você está bem?", perguntou, apertando levemente sua mão.

Charlie esboçou um sorriso suave. "Eu sabia que haveria reações fortes. Mas algumas palavras ainda machucam. Ouvir as pessoas dizerem que falhei com a igreja... É difícil." Ele respirou fundo e fitou os olhos dela. "Mas eu não me arrependo. Você vale qualquer sacrifício."

Clara parou de andar e se virou para ele. "Não quero que sinta que perdeu tudo por minha causa, Charlie. Sei que a escolha foi sua, mas... só quero que você seja feliz."

Ele tocou o rosto dela com gentileza. "Minha felicidade está aqui, Clara. Com você. O que deixei para trás foi uma vida de solidão e negação. O que construímos agora é de verdade."

Enquanto conversavam, uma figura familiar surgiu à distância. Era o bispo que tinha visitado a paróquia pouco antes de Charlie renunciar. Clara sentiu o corpo tencionar enquanto ele se aproximava com passos firmes e um olhar sério. Ao chegar perto deles, o bispo parou e observou o casal, a expressão carregada de decepção.

"Charlie, preciso falar com você. Em particular," disse o bispo, a voz fria e contida.

Clara olhou para Charlie, que assentiu levemente para ela. "Espere por mim ali, está bem?", ele pediu.

Ela se afastou alguns metros, sentando-se em um banco próximo, enquanto os dois homens se afastavam. O bispo começou a falar, mas o tom era baixo demais para que ela pudesse ouvir. O corpo de Charlie se manteve firme, mas suas mãos gesticulavam de forma nervosa. Ela conseguia ver que ele tentava explicar algo, mas o semblante do bispo parecia se endurecer ainda mais.

Finalmente, depois de alguns minutos, Charlie voltou para Clara com os ombros levemente caídos, mas os olhos serenos. "Ele veio me dizer que ainda há tempo de voltar atrás, que a igreja estaria disposta a me aceitar de volta caso eu reconsiderasse a renúncia." Ele fez uma pausa, olhando fundo nos olhos dela. "Mas eu disse a ele que minha escolha foi definitiva."

Clara sentiu um misto de alívio e tristeza ao mesmo tempo. "Você realmente está disposto a deixar tudo para trás?"

"Deixar o sacerdócio não foi fácil, Clara. E nunca será. Mas o que deixei foi um papel, um título. O que encontrei foi uma vida que vale a pena ser vivida ao seu lado." Ele respirou fundo, sentindo o peso das suas próprias palavras. "Não vamos deixar que a opinião dos outros dite nossa felicidade."

Ela o abraçou forte, sentindo o calor do corpo dele lhe envolver e confortar. Era um novo começo para ambos, mas ainda havia muito a ser enfrentado.

Nos dias seguintes, eles perceberam que o relacionamento seria testado não apenas pelas opiniões alheias, mas também por eles mesmos. Estavam prontos para seguir em frente, mas ainda precisavam descobrir como construir essa nova vida juntos. Charlie se viu lidando com uma rotina completamente diferente da que conhecia, e Clara se esforçava para ajudá-lo a se adaptar.

Apesar das incertezas, havia uma chama acesa dentro de cada um deles. Agora, não havia mais barreiras entre seus corações, e ambos estavam determinados a fazer dar certo, independentemente dos obstáculos que surgissem.

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