A Dança do Desejo

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Capítulo 35:

Nos dias seguintes, a tensão entre Clara e Charlie apenas aumentou. Ele a encontrava em momentos inesperados, sempre com uma palavra insinuante ou um olhar que a fazia questionar suas próprias emoções. O desejo não era mais apenas uma faísca entre os dois, mas uma chama que se recusava a apagar.

Certa noite, após um evento na igreja, Clara resolveu passar pelo jardim, afastando-se da multidão. Estava cansada dos olhares curiosos e das perguntas constantes sobre o "padre Charlie", que parecia estar mais presente em sua vida do que ela gostaria de admitir. Ao caminhar pela escuridão do jardim iluminado apenas pela lua, sentiu uma presença atrás de si. Não precisou se virar para saber quem era.

"Não sabia que gostava de caminhar sozinha à noite," a voz de Charlie cortou o silêncio, carregada de uma calma perigosa.

Clara virou-se lentamente para encará-lo. Ele estava parado a alguns passos de distância, o rosto meio encoberto pelas sombras. "Às vezes, é bom ter um pouco de paz," ela respondeu, os braços cruzados.

Charlie sorriu e deu um passo à frente. "E você acha que eu não posso te dar paz?"

Ela soltou uma risada breve, incrédula. "Você? Desde quando sua presença me traz paz, Charlie?"

Ele se aproximou mais, deixando apenas uma pequena distância entre eles. "Talvez eu possa te trazer outra coisa, então. Algo que você parece estar evitando, mas que, no fundo, deseja."

Clara sentiu o coração bater mais rápido, mas manteve o olhar fixo no dele. "E o que você acha que eu desejo, padre?"

Ele ergueu uma das mãos e, com uma delicadeza surpreendente, traçou a linha do ombro dela com os dedos. "A verdade, Clara. Não essa máscara de resistência que você coloca. Eu sei que, por trás disso, você sente o mesmo que eu."

Ela afastou a mão dele, mas a sensação de seu toque permaneceu em sua pele. "Você está errado. Só estou cansada de suas provocações."

"Então por que não vai embora?" ele perguntou, o olhar penetrante. "Você sempre pode se afastar. Mas, de alguma forma, continua por perto."

Clara ficou em silêncio por um momento, procurando as palavras certas. Charlie a observava, como se tentasse ler seus pensamentos, como se tentasse desvendar cada mistério escondido em seu coração. "Talvez eu queira ver até onde você vai com isso," ela finalmente disse, a voz baixa, mas desafiadora.

O sorriso de Charlie se alargou. "Então, deixe-me mostrar." Ele se aproximou ainda mais, tão perto que ela podia sentir o calor de seu corpo. "Você se lembra de quando me desafiava? De como se divertia vendo o quanto eu me segurava?"

"Não estou aqui para relembrar o passado," ela respondeu, mas a voz traiu um leve tremor.

"Não é o passado que estou tentando trazer de volta," disse ele, os olhos fixos nos dela. "É algo que você ainda não admitiu para si mesma. Que talvez, só talvez, queira que eu a provoque mais."

Ela sentiu o rosto esquentar com a audácia dele, mas também havia uma parte dela que desejava essa aproximação. Antes que pudesse responder, ele continuou: "Você já me testou, Clara. Agora é minha vez."

Charlie levantou a mão novamente e segurou o rosto dela com delicadeza, o polegar roçando levemente a sua bochecha. "Diga-me para parar," sussurrou ele. "Se realmente não quer isso, se realmente não sente o mesmo... então diga-me para parar, e eu paro."

O silêncio pairou entre os dois, e Clara não disse nada. Ela olhou nos olhos de Charlie, e o que viu ali foi a combinação perigosa de desejo e sinceridade, uma mistura que a puxava para mais perto dele, mesmo que ela lutasse para se afastar. Sem perceber, seus próprios olhos baixaram para os lábios dele, e Charlie percebeu o momento exato em que a resistência dela vacilou.

"Você é um homem teimoso, Charlie," ela murmurou, antes de se afastar, mas não o suficiente para romper o magnetismo que os unia.

"Então continue me desafiando," ele respondeu, com um sorriso que parecia prometer que aquele jogo estava longe de terminar.

Enquanto ela se afastava, Charlie a observou desaparecer pelo caminho de pedras, satisfeito em saber que, apesar de toda a resistência, Clara ainda estava disposta a jogar.

Entre o Céu e o Inferno| FATHER CHARLIEOnde histórias criam vida. Descubra agora