Lucca
Eu não sei o que pensar!
Não esperava por isso, achei realmente que ela quisesse tentar
se explicar e que depois iria terminar de vez o nosso namoro.
Até porque após o flagra e a discussão que tivemos em seguida, não nos
falamos mais.Como responder ao amor da sua vida , quando ela diz que você é muito importante, mas suas ações já demonstraram o contrário ?!
Eu não posso e não quero mais me machucar, não sei aguento outra decepção...Eu a olhava, com uma expressão vazia, que era como eu me sentia... vazio, oco.
A mágoa, havia adormecido meu amor por Allie e eu só conseguia pensar naquela cena da pista de
dança e a voz dela retumbava em minha mente com suas palavras cruéis:
" Eu não sou aleijada...
Você tem que se aceitar!"E nesse momento, não havia nada que eu pudesse oferecer à ela. Eu não me sentia capaz de perdoar.
Na verdade me sentia
perdido...O silêncio já havia se prolongado demais e eu sabia como era torturante esperar por uma resposta. Entretanto, antes de qualquer coisa, eu precisava ser coerente comigo, me respeitar.
- Allie, eu acredito em você. - ela respirou nitidamente aliviada, eu continuei - Mas eu não te entendo e tão pouco me sinto pronto a perdoar. Eu preciso de um tempo para digerir
tudo o que aconteceu, nos aconteceu!
O olhar de decepção dela era inconfundível.
Continuei, apesar da tristeza que sentia:
- O que dissemos e fizemos um ao outro, foi cruel e doloroso. E nesse momento, eu tenho que focar minhas
energias na minha recuperação. Quero voltar a ficar de pé, recuperar minha mobilidade... e isso não vai acontecer, se estivermos nos degladiando.
- Lucca, por favor, me escute...
- Alícia, por favor, me deixe terminar, ok? Precisamos esclarecer e resolver essa situação de uma vez por todas.
- Ok. - respondeu sucintamente e percebi que fazia um esforço tremendo para segurar o choro.
- Então... eu até gostaria de poder te ajudar a se adaptar a todas essas mudanças que nos atingiram, mas eu estou tentando entender, aceitar e lidar, e acho que não tenho tido muito sucesso. Como eu posso dar algo que não tenho ?!Ela chorava silenciosamente, de cabeça baixa, obviamente havia desistido de lutar contra o que estava sentindo.
Em outros tempos, eu moveria céus e terra para evitar que ela derramasse uma lágrima, mas agora me sentia anestesiado.- Eu sinto muito, Alícia.- disse por fim.
- Mas você deixou de me amar ?! - percebi o desespero e a incredulidade em sua voz.
Fui sincero mais uma vez ao responder:
- Não sei ... Eu estou muito magoado,
cansado desses altos e baixos.
- Eu não sei mais o que dizer...- ela disse voltando a chorar
- Eu também não. - respondi, desviando o olhar e sentindo a tristeza me dominar.Permanecemos em silêncio por algum tempo.
E esse silêncio machucava.
Acho que em um ato de desespero, ela sugeriu:
- Então me deixe ficar perto de você, como amiga. Me deixe te acompanhar nas sessões de fisioterapia, onde for preciso! Eu só quero estar com você... Por favor! - me olhava com o desespero estampando suas feições.
Me senti muito mal com isso e por um
momento pensei em negar... mas ao olhar para ela, não consegui.
-Tudo bem, Alícia. Mas como amigos, ok?
- Sim, claro! Como amigos!- concordou rapidamente e de forma apressada, demonstrando um misto de alívio e nervosismo- Eu prometo não forçar
nada. Eu só quero te dar o meu amor.- Alicia, eu não quero te magoar e nem me magoar...
-Eu entendo - me interrompeu- e vou
respeitar o seu momento. Mas quero te pedir uma coisa... será que você pode me chamar de Allie? - seus olhos brilhavam e ela tinha um sorriso matreiro nos lábios.
- Ah, tudo bem.- respondi meio sem jeito- Está esfriando , eu precio entrar.
- Claro. Eu também preciso ir para casa.- concordou amistosa.
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Rise UP
RomanceUm amor que teve início na adolescência, pode ser destruído por um acidente e suas consequências? Imaturidade, traumas do passado, falta de confiança e preconceito, podem acabar com uma relação? Nessa história vamos descobrir como o autoconhecimento...