Cap 81 - Sentir sua falta...

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Jenny

Depois de tanto tempo, lá estava ele, o homem que eu tinha imaginado em tantas versões. Nenhuma foto, só um retrato mental que mudava logo, mas ali, diante de mim, ele era real. Minhas mãos estavam frias, meu coração batendo rápido, apertei forte as mãos de Maycon tentando me controlar e não acabar caindo ali mesmo.

Ele olhou pra mim com uma expressão que parecia mesclar surpresa e nervosismo, um misto de familiaridade estranha e incerteza.

Por um instante, ninguém disse nada. Eu procurei em seu rosto traços que lembravam os meus e vi algumas semelhanças. Foi como encontrar pequena partes de mim em outra pessoa, em meio ao silencia ele esboçou um sorriso tímido, como se também estivesse tentando descobrir o que dizer.

O mundo ao nosso redor continuava em movimento, mas pra nós, parecia ter parado. Ele abriu a boca, mas hesitou. Então, com uma voz baixa e rouca, disse:

- Olá minha filha...

Apenas isso, uma palavra simples que carrega a tudo, as explicações, as desculpas e talvez a esperança de uma conexão. E, naquele instante, senti que algo novo começava.

O ar parecia pesado, como se cada segundo se alongasse em horas, esticando a distância que ainda existia entre nós, apesar de estarmos tão próximos. Eu olhei para ele, tentando assimilar cada detalhe: os cabelos que já mostravam fios grisalhos, o contorno do rosto marcado pelo tempo, e os olhos — aqueles olhos que, percebi, tinham o mesmo tom que os meus.

Ele estava de pé, como se não soubesse ao certo se deveria se aproximar ou manter uma distância segura, respeitando meu espaço. A indecisão estampada em seu rosto dizia muito mais do que palavras. Ele parecia procurar algo em mim, talvez uma permissão silenciosa, ou um sinal de que eu estava realmente ali, que era eu de verdade, e não apenas uma ideia que ele carregava há tanto tempo.

Eu queria dizer algo, qualquer coisa, mas minha voz parecia presa na garganta. Eu me sentia como uma criança que encontra alguém familiar e estranho ao mesmo tempo. Ele desviou o olhar, talvez sentindo o peso do momento, e então voltou a me encarar, respirando fundo.

- Você não sabe o quanto eu esperei por esse momento.
Ele murmurou, a voz vacilante.

Eu percebi, de repente, uma pequena tremedeira em suas mãos, que ele tentou disfarçar cruzando os braços. Aquela vulnerabilidade me surpreendeu, pois eu sempre imaginara esse encontro com ele como uma presença firme, quase impenetrável. Mas ali estava ele, alguém tão humano, alguém que talvez também carregasse suas próprias mágoas e arrependimentos.

De alguma forma, a sensação de tristeza e saudade pelo meu pai que eu havia guardado por tanto tempo parecia se misturar com uma empatia inesperada. Aquelas mãos que hesitavam, o olhar que parecia procurar perdão sem pedir em voz alta, mostravam um lado dele que eu não conhecia.

Finalmente, tomei coragem para falar:

- Por que agora?

Ele engoliu em seco, e por um momento pensei que ele não responderia. Mas, após alguns instantes, ele falou, quase num sussurro:

— Porque agora eu soube que estava pronto. E... eu sei que deveria ter estado aqui antes. Sei que não posso mudar o passado, mas queria ao menos tentar estar aqui, se você permitir.

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