Capítulo 2

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Dulce Maria

Estamos na estrada há bastante tempo. Olho para meu pequeno relógio de ouro – o único item de luxo que não tive coragem de penhorar, ele foi presente do vovô, pai do papai – já passava da meia-noite, o automóvel luxuoso com o cheiro de perfume importado do motorista, já começava a me incomodar, não porque eu não goste de cheiros gostosos, mas por saber que o homem que estava atrás do volante é um pervertido e poderia sim, ser um daqueles caras que seduz mulheres e as leva para divertirem os amigos. Não tiro os olhos da estrada, deixamos a cidade há bastante tempo e não via mais nenhuma iluminação, a não ser as estrelas no céu.

Onde será que esse pervertido está nos levando?

Começo a ficar apavorada. E se ele nos trancafiasse em algum lugar sujo e escuro só para nos chicotear até o sangue pular sobre nossa pele?

Meu coração vai a boca. E agora, o que faço? Não tenho ideia de onde estamos!

Eu me mexo no estofado inclinando meu corpo para frente, toco o ombro de Maite, aperto os dedos em seu ombro, quero que ela perceba que estou com medo. Ela segura minha mão e acaricia. Limpo minha garganta, quero falar algo, mas temo que o Marcelo perceba e se ele for realmente quem eu penso ser, irá parar o carro e nos jogar na mala.

Já estou começando a viajar nos filmes de terror que costumo assistir.

Meus olhos se fixam no para brisa do veículo, e não muito longe avisto luzes, ele vira a cabeça em minha direção e sorrir.

Deus! Eu quero muito correr, se ao menos eu soubesse onde estamos, eu correria.

Finalmente a viagem termina, só não sei se choro ou comemoro.

O carro para e os enormes portões se abrem e quando o veículo segue adentrando a propriedade meus olhos observadores se espantam com o que ver.

Uau! Não é uma mansão, está mais para um castelo moderno. Tudo muito branco e iluminado, algumas árvores ladeavam o caminho que o automóvel seguia até o grande estacionamento, onde já havia muitos automóveis de luxo, mas eu não via ninguém, a não ser alguns seguranças, todos vestidos de terno preto.

Só então eu me dou conta que o Marcelo está trajando um terno azul- marinho de corte sob medida, não era assim que eu lembrava dos homens dos filmes, os Doms se vestiam de roupas pretas, alguns até adotavam um sobretudo para ficarem muito mais assustadores.

O carro parou. Marcelo desce dando a volta e abrindo a porta para Maite, eu sou a última.

— Obrigada — eu disse, saindo do carro. Ele segura minha mão e tento sorrir para esconder meu nervosismo.

— Não precisa ficar nervosa, aqui ninguém irá forçá-la a fazer o que não quer. — Jura! Não estou certa sobre isso, senhor pervertido. Eu o encaro e apenas continuo sorrindo. — Usem isso— Ele me entrega uma pulseira rosa, e segura o pulso da Maite, amarrando uma outra no tom de roxo.

— Por que a dela é roxa? — Eu tinha que fazer a pergunta e só colocaria a minha após a resposta.

— Rosa é a cor dos convidados, significa que você só está ali para observar, portanto, ninguém vai interpelá-la. Já a roxa significa que a pessoa é um iniciante e está acompanhada, se for azul, significa que está sozinha, então, está livre para negociação.

Sério isso, negociação? Não, eu nunca pertencerei a este mundo, a Maite só pode estar louca.

— Prontas? — Não, eu digo em pensamento... a Maite sorriu. Maluca.

— Por favor, senhoritas! — Ele fez um gesto com a mão em direção aos lances de escada que levavam para imensa porta de madeira.

— Estou nervosa Marcelo. — sussurra minha amiga.

JOGO DA SUBMISSÃOOnde histórias criam vida. Descubra agora