Capítulo 17

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Christopher Uckermann

Mas uma vez o silêncio entre nós se fez presente. Não quis tirá-la dos seus devaneios, certamente a Dulce lutava contra sua língua afiada, ou seus pensamentos pejorativos, então achei melhor deixá-la quieta. Mas nem por isso não deixo de observá-la, vez ou outra ela se mexe no banco, alarga o cinto de segurança, brinca com a longa trança, ou simplesmente enfia a coleira entre os dedos e fica movendo-os de um lado ao outro.

Ela está demasiadamente nervosa.

Então resolvo quebrar o silêncio do interior do automóvel. Aperto um botão no volante do carro e o painel de LED liga.

— Belinda. — assim que articulo o nome escuto o som da chamada.

— Senhor Christopher. — Belinda atende.

Reserve uma mesa para dois no restaurante, já estou a caminho. — Desligo, não espero a resposta.

Viro meu rosto ligeiramente em direção a Dulce, ela está quieta, com o olhar fixo para frente do para-brisa.

Ligo o som do carro bem baixinho. Dulce encosta a cabeça no descanso e fecha os olhos, relaxando os ombros.

Eu pensei até que ela iria me perguntar sobre a Belinda, achei que não ia perder a oportunidade de me alfinetar. Mas, ela sequer me olhou.

Belinda está sendo punida por ter mentido, se tem uma coisa que não admito é mentira, e deixo isso muito claro no contrato de submissão, a mentira é um dos grandes motivos para rescindi-lo e Belinda sabe disso.

Achei estranho quando o Stuart me disse que foi a própria Belinda que lhe disse para ignorar suas palavras de segurança e só parar quando ela perdesse os sentidos. Stuart não arriscaria sua reputação com uma das minhas submissas, ele não é louco. Por isso antes de decidir o que fazer com ele, resolvi ter uma conversa muito séria com Belinda, mas não poderia ser no hospital, ela ainda estava muito sensível, nossa conversa seria quando ela recebesse alta médica.

Confesso que não foi muito fácil confrontá-la. Belinda, além de ser minha Submissa mais antiga, ela é uma espécie de assessora no clube, é ela quem o administra quando não estou presente, na verdade, eu tinha receio em puni-la, pois muitas vezes ela fazia coisas que se fosse com outra submissa, certamente a puniria. No entanto, desta vez não teve como passar a mão sobre sua cabeça, ela precisava de uma correção, não foi certa sua conduta, Dom Stuart poderia sofrer represaria minhas e de outros clubes.

E depois do acontecido, ando seriamente pensando em não renovar nosso contrato. Eu já pensei sobre isso há seis meses, mas voltei atrás, de certa forma tenho uma dívida com ela, por não a ter deixado ir quando foi o momento certo. Fiz uma promessa que só ficaria com uma submissa no período máximo de sete anos, e estamos juntos há doze, é muito tempo para um contrato de submissão, é como estarmos casados morando em casas separadas. No entanto, agora é diferente, por enquanto ficará restrita apenas a cuidar do clube quando eu não estiver presente, minha companhia ela não terá. Belinda será tratada como uma mera funcionária e só isso.

Estaciono o carro em minha vaga privativa, desço e dou a volta.

— Pode deixar, Sergio, eu mesmo farei isso. — O segurança já está pronto para abrir a porta, quando eu o impeço.

Abro a porta, estendo a mão, ela aceita e a ajudo sair do veículo. Dulce olha para o alto, avaliando a enorme mansão, respira fundo, como se quisesse espantar seus pensamentos, eu já imagino quais.

— Permissão para falar senhor. — Ela fica tão linda submissa.

— Quando estivermos sozinhos, quero dizer sem plateia, podemos conversar civilizadamente, como duas pessoas que se respeitam, mas quando existir uma terceira pessoa ou mais entre nós, você só falará se eu autorizar.

JOGO DA SUBMISSÃOOnde histórias criam vida. Descubra agora