Capítulo 21

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Christopher Uckermann

Eu a empurro com cuidado, não quero estragar nosso momento de paz, já estou cansado de discussões desnecessárias. Dulce descansa os pés descalços no carpete, mas seus olhos maravilhados não se perdem dos meus. Ela está sorrindo. Pela primeira vez vejo um sorriso sincero, sem sarcasmos ou qualquer ironia.

— Sente-se, me deixe calçar seus pés. — Ela não discute, apenas se senta, e eu pego um dos seus pés e calço com uma sandália vermelha de salto fino e alto, depois pego o outro pé e faço o mesmo. Ergo a cabeça.

Nossos olhares colidem, porém não se falam, apenas se fixam, é como se quiséssemos dizer algo que está preso no fundo de nossa garganta.

— Vamos? — Eu me levanto e estendo a mão para ajudá-la se levantar. Dulce pega a pequena bolsa que está sobre uma cômoda e eu a espero na porta.

Assim que saímos de dentro da casa, indico a BMW preta que está logo atrás do Mercedes. Dulce olha para mim.

— Por que não vamos naquele? — Aponta para o Mercedes onde o Martins, meu motorista está de pé diante da porta.

— Por dois motivos, o Martins tem um compromisso, e eu prefiro dirigir, não gosto de motorista, só uso o serviço do Martins quando saio para beber algum drinque.

Abro a porta do carona, ajudo-a entrar e afivelo o cinto de segurança.

Quando já estou sentado ao lado dela e já percorremos alguns quilômetros, eu tiro os olhos da estrada e viro a cabeça estudando-a momentaneamente.

— Nervosa?

A pergunta a pegou desprevenida. Ela tomou o ar puxando-o com força, eu sei que está ansiosa, ela não vê o pai já faz alguns dias, para quem o visitava regularmente, é uma mudança significativa, apesar de ele não saber se ela está indo ou não o visitar.

— Estou com medo, não sei como papai está, tenho medo de chegar lá e as notícias não serem muito animadoras.

Um pequeno traço de apreensão empalideceu sua face bonita e ao perceber que virei meu rosto rapidamente para observá-la, ela baixou os cílios e fixou os olhos nas mãos que estão em seu colo.

— Seu pai está bem, os médicos começaram um novo tratamento e seu organismo reagiu bem, não sei explicar em termos médicos, mas eu acho que seu pai se continuar com o tratamento começará a reagir e talvez ele possa sair do coma, nunca se sabe. Não desanime, se depender de mim seu pai terá o melhor tratamento que o dinheiro pode pagar.

— Por que está fazendo isso? Você não precisava fazer, é para me prender ainda mais a você, vai acrescentar esse montante ao que eu já lhe devo, desse jeito serei sua escrava para sempre?

Estava demorando. Ela sempre tem que estar na defensiva. Demônio de mulher.

— Dulce, eu prometi que cuidaria do seu pai enquanto você estivesse sob meus cuidados, portanto não se preocupe, o tratamento a parte, não será cobrado. — Eu me calo, qualquer coisa que eu disser será motivo para que ela comece uma discussão.

— Será mesmo? Aprendi muito cedo que tudo na vida tem um preço, ninguém dá nada de graça, sempre há um pagamento. E você não é diferente...

— Dulce, cale-se, não queira que a obrigue a assumir seu papel de submissa diante dos outros, eu trouxe sua coleira, e eu posso parar o carro agora mesmo e colocá-la em seu pescoço, quer mesmo me provocar?

Viro minha cabeça ligeiramente para encará-la, só que ela vira o rosto para o lado contrário.

— Você é um babaca, sabia? — Dou a seta para o lado direito e freio o carro no acostamento, solto meu sinto, e imediatamente minha mão se firma em torno do seu queixo.

JOGO DA SUBMISSÃOOnde histórias criam vida. Descubra agora