Capítulo 32

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Christopher Uckermann

Eu tive um dia infernal. Três reuniões intermináveis, acidente de trabalho onde meu funcionário precisou passar por uma cirurgia muito delicada, um quase incêndio em um dos meus shoppings, e o principal de todos os acontecimentos:

Dulce.

Sim, a moça insubordinada, encrenqueira, indisciplinada, boca- suja e adorável. Exatamente, esse adjetivo; adorável, não sou o tipo de homem que nega ou foge de sentimentos, por mais descabidos que eles sejam. Dulce está longe de ser uma submissa, talvez, nunca seja. E certamente não é a mulher ideal para viver qualquer tipo de jogo comigo. Não, definitivamente, não é.

Sei perfeitamente disso.

No entanto, é tarde demais para me afastar. Se eu não tivesse levado tão a sério o fato de ensinar-lhe uma lição de humildade, ou se na primeira desobediência a tivesse mandado embora, nada disso estaria acontecendo. Contudo, infringi minhas próprias regras; não a puni quando tive oportunidade, não lhe mostrei que com um mestre em dominação não se brinca, até um Brat, que não é um submisso, entenderia.

Fui longe demais e fiquei totalmente envolvido para mudar de ideia. O que deveria ser uma simples lição, passou a ser desejo e, o desejo se tornou algo a mais, passou a ser posse. Olhar para ela, sentir seu cheiro, escutar seus gemidos, é como um orgasmo profundo sem a necessidade de tocar seu corpo. E a cada dia a distância entre nós está diminuindo. Só preciso que compreenda que seu ódio por mim se transformou em algo maior. E quando ela aprender a confiar, ficará mais fácil se entregar. Não tenho pressa, aos poucos sei que virá ao meu encontro.

Eu a quero, e a terei, e quando seus lábios vociferarem que sou seu dono e senhor, ela terá tudo o que quiser, inclusive minha total atenção.

Vê-la se humilhar perante a mim não foi fácil, ter que mandá-la embora foi uma decisão difícil, não queria isso, só desejava que reconhecesse que estava errada todo aquele tempo, ela só precisava dizer que não repugnava meu mundo; eu sempre lhe disse que não precisava gostar das nossas práticas e sim respeitar. No entanto, como sempre, Dulce não entendeu, ou não quis entender, e quando notou que não havia saída, humilhou-se aos meus pés implorando por minha piedade, achando que eu teria.

O que ela não sabe, é que não tenho este sentimento, não sou um mestre piedoso, sou justo. E diante de todos os seus erros e sua falta de consideração, não só para comigo, mas para com todos os membros do BDSM, não tinha como dar-lhe uma segunda chance, mesmo não sendo uma submissa. Não posso negar que instintivamente quis agachar-me e levantá-la, não era por obrigação ou por medo que eu a queria ajoelhada diante de mim. Eu a quero por desejo de me pertencer, de se entregar aos meus cuidados e proteção, por desejo de ser minha.

Unicamente minha, em toda sua essência. Medo, e obrigação não é submissão.

Ela partiu, a deixei ir. Dulce necessitava ficar longe, precisava vê-la com outros olhos. Olhos de cuidador, de protetor. Ela precisava sentir falta, sentir necessidade.

E ela sentiu. Sentiu até demais.

Então cheguei à conclusão de que já estava na hora de ficar perto, não tão perto, mas o bastante para ela saber que eu estava lá... lá à sua disposição.

Como a cerquei de todos os cuidados, sem ela saber, pois eu sabia de todos os seus passos. Eu tinha até sua respiração controlada. Na ocasião em que mandei decorar o apartamento, ordenei para que pusessem câmeras no hall de entrada da cobertura, na garagem, na entrada do prédio e contratei um segurança para segui-la, eu a tinha em todos os meus aparelhos eletrônicos, e quando ela não estava neles, eu tinha a certeza de que ela estava sendo cuidada por outros olhos, ninguém em sã consciência a machucaria, se tentasse não ficaria vivo para contar a história.

JOGO DA SUBMISSÃOOnde histórias criam vida. Descubra agora