Capítulo 6

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Dulce Maria

Dez dias depois do meu encontro fatal com o bestial do tal Sr. Uckermann, eu me encontro em meu inferno astral, se é que isso existe, acho que aquele homem medonho tem mesmo alguma relação com o demo, pois após ter saído da sede de suas empresas tudo deu errado em minha vida, errado já estava, mas conseguiu ficar ainda pior. Para começar perdi o único emprego que me sustentava, mesmo sendo temporário, lá no meu âmago eu sabia que seria efetivada, no entanto, o senhor Pierre me chamou assim que cheguei no meu turno e me dispensou, dizendo que aconteceu alguns problemas e devido a isso teria que dispensar meus serviços.

Não sei que problemas ele tem, pois o restaurante é muito disputado, sempre está cheio e com reservas só para a semana seguinte, mas quem sou eu para questioná-lo, enfiei meu rabinho entre as pernas e voltei para casa.

Contudo, não parou por aí, meu pai contraiu uma infecção e o seu estado de saúde piorou, sequer posso ficar perto dele, só posso vê-lo, por dois minutos e através da parede de vidro.

Todas as vagas de emprego que me proponho a me candidatar já foram preenchidas, só consigo fazer cadastro em algumas agências. A pouca reserva de dinheiro que tenho é para ajudar a Maite com alguma conta, mesmo que ela não aceite, então compro algo para comermos. Estou preocupada, pois as contas do hospital não param e já estou devendo o quinto boleto, é muito dinheiro e teria que trabalhar por um ano ganhando cerca de três salários-mínimos para poder quitar a dívida. Poncho anda me seguindo e já me abordou duas vezes aqui perto de casa, avisando-me que o prazo que ele me deu está correndo. Eu sei o quanto ele é perigoso, sei que estou em suas mãos, estou literalmente fodida.

Talvez eu deva fazer o que papai tentou fazer. Suicídio.

Não faço por dois motivos: papai precisa de mim e sou muito covarde. Por isso, já estou na fase de sair gritando desesperadamente.

— Hey... oh, mulher? Acorda! — Maite me tira dos meus pensamentos tristonhos. — Sonhando acordada?

— Quase, só que não é sonho, é pesadelo, — ela acaba de chegar da casa do Marcelo, eles têm ficado juntos com frequência, há noites em que ela nem dorme em casa, mas desde ontem tenho notado que ela anda um pouco triste. — O que está acontecendo amiga? Essa sua carinha triste não me engana, você sabe que pode contar comigo?

Ah, meu Deus! Ela deita a cabeça em meu colo. Estou certa ela está com algum problema. Leva alguns minutos para enfim seu rosto tristinho me encarar.

— Terminei com Marcelo... — Isso é novidade, não pensei que eles tivessem com algum problema, ela estava tão empolgada em ser a submissa dele. — Por favor amiga não vem com suas frases de efeitos, fui eu quem terminou, não ele.

— Maite, o que aquele filho...

— Dulce, não, não parta para ignorância, ele não tem culpa, eu que me empolguei demais, achei que era uma coisa e não era.

— As chicotadas doeram? Ele a machucou?

— Dulce? Não é nada disso, pare de pensar que BDSM é tortura.

— E, não é? Você é amarrada, lhe enfiam um monte de coisas em suas partes íntimas, isso quando não lhe enfiam o pau, amordaçam para você não gritar e lhe espancam com chicotes, tábuas, chinelos, ou o que encontrarem pela frente, pingam cera quente em seu corpo, enfiam agulhas, cortam sua pele, esfregam sua cara no chão, a obriga a lamber o sapato da porra do cara, ou da mulher e não é tortura? Eu li em um artigo que há mestres que obrigam os subs a fazer sexo com animais, então não venha me dizer que isso é saudável, pois não é, isso é tortura.

JOGO DA SUBMISSÃOOnde histórias criam vida. Descubra agora