Capítulo 37

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Dulce Maria


Estou tão ansiosa que não paro de tremer, acho até que estou rangendo os dentes. Faz tanto tempo que não entro em um avião que acho que nem lembro mais como é a sensação de estar em um.

— Dulce, cadê você?

Ai meu Deus é agora.

— Estou aqui, no banheiro. — Eu sei que o Christopher está próximo a porta, já percebi que ele não gosta quando a tranco, mas é costume, e quando nos acostumamos há algo fica difícil mudar o hábito. — Oi. — Abro a porta, mas permaneço dentro do banheiro.

— O que há? Por que está tão nervosa?

Ora, será que não adivinha, já sabe tudo sobre mim?

— Estou com medo, não, estou apavorada, não sei se é uma boa ideia me levar com você, e se eu fizer merda, ou pior, se disser alguma merda?

— Vem cá. — Ele me puxa para seus braços, e naquele abraço eu me perco, não me importo mais com nada. — Estarei ao seu lado, e tudo ficará bem. — Oh, caralho, esse homem existe mesmo? Sinto seu queixo no alto de minha cabeça, sua mão acariciando meus cabelos e a outra mão alisando minhas costas. — Não haverá medos quando estiver ao seu lado, pois não deixarei que eles a assombre, confie em mim.

Puta que pariu, como não se apaixonar por um homem desse? Como, meu Deus?

— Não quero decepcioná-lo, tampouco fazê-lo passar vexame. Não tenho classe, tenho a língua solta, e falo o que penso... acho melhor eu ficar.

— Hei... — Ele se afasta, e sofro com isso. Segura nos dois lados do meu rosto, inclina a cabeça e me encara com aqueles olhos acinzentados que me enlouquece. — Olhe para mim, menina — ele nem precisa mandar, já estou olhando, quase babando. — Alguma vez pedi para que você mudasse seu jeito de ser? Não, não é? Não se desvalorize, você é perfeita do jeito que é, ninguém dirá o contrário, nem eu, agora vamos, o jato já está nos esperando.

— Jato? Você tem um jato? — pergunta idiota, claro que ele tem um, porque não teria, o homem é bilionário.

— Um não, tenho três, dois helicópteros, duas lanchas no Brasil, uma no Canadá, outra em Miami, e outra no Havaí. Quer saber mais alguma coisa?

— Não, senhor presunçoso, isso basta.

— Eu tenho dinheiro, e posso comprar tudo o que eu quiser.

— Inclusive a mim... — Acho que falei demais, não era minha intenção, mas saiu sem querer.

— Sim, inclusive você, e foi minha melhor aquisição, não me arrependo em nada do que fiz, e se tivesse de fazer novamente eu faria, pois há certas relíquias no mundo, que é preciso ser bilionário para adquiri-la, e nem todos tem olhos para enxergar tal preciosidade, sou um homem de sorte. Vamos...

Ele me deu um tapa com luva de pelica. Toma na cara Dulce. O jato é dos sonhos, tão ostensivo quanto o dono, no entanto, a viagem não foi muito agradável, fazia muito tempo que não entrava em um avião, e passei quase todo voo me sentindo mal, a princípio fiquei curtindo meus sintomas sozinha, não quis preocupar o Christopher, fazia aquela cara bonita de paisagem e só sorria, concordando com tudo, até que ele desconfiou... Não dá para enganar Sr. Uckermann por muito tempo, parece que ele lê nossos pensamentos. Então foi aquele tal de mandar todo mundo fazer alguma coisa, até um dos pilotos veio saber se estava melhor. Acho até que se uma das aeromoças não tivesse encontrado a solução para que pudesse adormecer nos braços dele com segurança e sem faniquito, ele era bem capaz de mandar uma delas descer de paraquedas e dar um jeito de voltar só para que eu pudesse ficar bem. O homem é fogo, ninguém escapa do olhar duro e do comando de sua voz.

JOGO DA SUBMISSÃOOnde histórias criam vida. Descubra agora