Capítulo 16

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Christopher Uckermann

Ainda era dia quando cheguei em casa, e antes de descer do carro um segurança me avisou que Guiomar e Dulce estavam na praia particular. Uma parte de mim avisou para não ir vê-las, mesmo que fosse de longe, e mesmo assim resolvi desafiar minha voz interior.

Deixo minhas coisas com uma das minhas funcionárias e sigo para o lugar que dá acesso à praia. Olhando ao longe vejo o sol já tocando seus raios no mar azul, é uma visão linda de se apreciar, não é sempre que tenho tempo de assistir ao pôr do sol, nem consigo lembrar quando foi a última vez que fiz isso. Acho que ainda era jovem demais para valorizar tal momento. Desde que papai faleceu, minha única distração são meus treinos três vezes por semana, quanto ao resto não vejo minha dedicação ao BDSM uma distração e sim minha segunda profissão.

Assim que chego nas grades que protegem a propriedade eu paro. Decido não ir de encontro as duas, então fico de pé apreciando do alto. Guiomar está sentada em um tronco de coqueiro, eu sei que ela não está se divertindo, Guiomar detesta o calor, areia e praia, por isso ela escolheu morar em Zurique, ela está no Brasil a pedido meu e assim que terminar o adestramento da Dulce voltará para Suíça.

Eu me inclinei para frente quando escuto um grito eufórico da Dulce, seus cabelos estão soltos e o vento a todo momento joga-os a frente do seu rosto e isso faz com que se atrapalhe quando tenta pular as ondas com espumas brancas. Olhando-a de longe se parece com uma criança arteira, quem a vê não lhe daria a idade que tem, eu daria uns dezoito anos, talvez ela tenha parado no tempo, ela não viveu o que uma garota recém-saída da adolescência deveria viver.

Uma menina aos dezoito, está no início do descobrimento, é onde se apaixona, faz amor, faz planos, diverte-se, faz um mundo de amigos, algumas rodam o mundo, outras se preocupam com suas escolhas profissionais, mas infelizmente isso não aconteceu com Dulce, e acho que é por isso que ela se perdeu.

Eu conheço a história dela, sei o inferno pelo qual passou, não deve ser fácil seguir sozinha e herdar responsabilidades tão difíceis, principalmente quando se está acostumada a receber tudo nas mãos. Sim, é difícil, mas isso não é o fim do mundo, e não é motivo para sair atirando para todos os lados, magoando pessoas que não têm culpa das suas desgraças, a vida não é justa, o mundo não é justo, as pessoas não são justas, mas podemos fazer escolhas e ela aprenderá isso.

É, isso realmente vai acontecer.

— Vem Guiomar!

A voz da Dulce tange meus pensamentos, eu a observo. Realmente aquela moça brincalhona que tenta puxar Guiomar para molhar os pés na água salgada, está longe de ser a moça desbocada, mal-educada e totalmente subversiva, pois ela é completamente indisciplinada.

— Não menina, não gosto do mar, me deixe aqui quieta. — Dulce me faz rir, quando dá um puxão no braço da Guiomar e consegue enfim deixá-la de pé. — Menina, pare, a água salgada me dá coceira. — Guiomar tenta escapar das garras da garota que até ontem eu não conhecia.

Não aquela que está descalça na areia, vestida em um short jeans e um biquíni vermelho, cabelos ao vento, totalmente desarmada, em suas expressões só consigo ver, uma alegria ingênua.

Dulce ainda guarda dentro de si a inocência perdida.

— Deixe de ser desmancha prazer Guiomar, você parece uma velha ranzinza, é impossível não gostar do mar, olha isso, que lindo!

Enquanto tenta puxar Guiomar, mostra com a outra mão o horizonte azul. Acabo de descobrir que existe outra Dulce dentro dela, uma mulher encantadora, sorridente e brincalhona.

JOGO DA SUBMISSÃOOnde histórias criam vida. Descubra agora