Capítulo 43

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Dulce Maria

Cinco dias depois...

Não vejo o Christopher há cinco dias, e para não cair em tentação deletei o número dele dos meus contatos, apesar de saber de cor, mas pelo menos não teria nem o nome, e nem o número escrito em meu telefone.

Papai está bem, mas ainda está com problemas para se locomover, nem na cadeira de rodas ele pode ficar, pois a última tentativa ele precisou ficar no oxigênio, então, dr. Elias achou prudente não lhe dar alta médica.

Acordei cedo, pois precisei pegar algumas coisas que ficaram na cobertura, já me mudei definitivamente para meu novo apartamento, ele é simples, tem duas suítes, sala, cozinha e um banheiro social. Tudo bem, não preciso de tanto espaço, eu morei por algum tempo em dois cômodos e não foi problema para me acostumar, o importante é que meu novo lar é apropriado ao meu novo estilo de vida, não sou mais rica. Assim que chego em casa, percebo que não tenho nada para comer. Fiquei tanto tempo ocupada com a arrumação que esqueci por completo de abastecer a geladeira e a dispensa, então, largo tudo e sigo para o supermercado que fica perto do prédio, sendo resolvo ir andando, aproveito para fazer um pouco de exercício.

Estou caminhando displicentemente de volta para casa, quando um carro freia bruscamente, e um homem desce rapidamente, chocando-me com a lateral do veículo, o susto foi tão grande que largo as duas sacolas no chão e quando penso em gritar sua mão cobre minha boca.

— Quieta, se gritar eu mando um dos meus homens machucar seu querido pai, então, seja boazinha e entre no carro.

Só então o reconheço. É o Poncho.

— Me solta. — Mordo a mão dele. — Ficou maluco? Não devo mais nada a você!

— Engano seu, não foi você quem pagou a dívida foi outra pessoa, então, quero o que é meu, você.

— Vá a merda, seu filho da puta. — Dou-lhe uma joelhada em seu pau, e aproveito para correr, mas não vou muito longe, outro homem saí de dentro do carro e me segura pelos cabelos, puxando- me contra seu corpo com sua mão cobrindo minha boca.

E quando já estou entrando em desespero, vejo outro homem, só que este, está imobilizando o Poncho no chão, praticamente esfregando o rosto dele no asfalto. O homem que me segura aperta-me contra ele, e sinto o cano da arma em minha cabeça.

— Solte meu chefe idiota, ou estouro os miolos dela.

— Bem, se você fizer isso, não terá mais chefe, será que não entendeu? Ou você larga a moça, ou seu chefe e você não sobreviverão para contar esta história.

— Solta ela... solta ela, esse cara vai me matar... O grandalhão me solta.

— Pegue suas compras e corra moça, sou policial, cuidarei desses dois, corra, agora.

Não contei conversa, pego as duas sacolas e saio correndo sem olhar para trás. Ainda consegui escutar quando o homem disse:

— Se você chegar perto da moça novamente, ganhará uma bala bem no meio da testa, estamos entendidos?

Não vi e nem escutei mais nada. Entrei no prédio, e corri para meu apartamento.

Jogo as sacolas sobre a mesa, e corro para a geladeira, eu precisava me acalmar.

Estou em meu segundo copo com água quando meu celular toca.

— Oi. — digo ainda me recuperando do susto.

— Amiga, você está bem? — É a Maite, ela me liga todos os dias para saber se estou bem desde que soube que terminei minha relação com o Christopher.

— Estou, é que acabei de chegar do supermercado não fui de carro, é perto, mas estou enferrujada para exercícios, por isso estou ofegante — não quis lhe contar o que aconteceu.

— Nossa, parece que correu uma maratona, se cuide amiga, precisa fazer exercício, quando eu voltar vamos para uma academia, o Marcelo disse que vou precisar me exercitar ou não aguentarei a maratona de sexo. O homem é fogo... Ou, amiga desculpe. — Ela percebe que disse demais.

— Tudo bem, preciso me acostumar a minha vida sem o Christopher, vai passar. E como estão as coisas?

— Ótimas, o Marcelo praticamente tomou a frente de toda as negociações, oh, homem ciumento, sequer posso chegar próxima a um macho, que ele logo chama minha atenção com aquele olhar dominante de molhar a calcinha. Mas estou amando meu futuro marido dominador possessivo.

Marido? O que eu perdi?

— Quando é o casamento? Ou não é para contar?

— Boba, fui pedida em casamento ontem, é por isso que estou ligando logo cedo, e o casamento será daqui há cinco meses, foi o mais longe que pude chegar, ele queria para ontem, estou tão feliz amiga.

— Eu também, quando você retorna para começarmos a planejar tudo.

— Esse é mais um motivo de minha ligação tão cedo, quem voltará daqui uma semana é a Ludmila, eu e o Marcelo iremos passar algumas semanas com a família dele Florianópolis, ele quer me apresentar aos pais dele.

Pelo menos uma de nós duas está com sorte no amor. O homem que não parecia que queria compromisso, resolveu assumir o amor por minha amiga.

— Mai, você merece, divirta-se, amiga.

— Não estou sendo egoísta, estou? Você toda triste, eu transbordando de felicidade.

— Não, amiga, é bom saber que alguém está feliz no amor.

— Amo você amiga, e quando eu voltar, vamos sair para comemorar, tchau.

— Amo você também, tchau.

Não nego, fico com inveja. Como eu queria que o Christopher, também estivesse disposto a me assumir, ele nem precisava me pedir em casamento, só seria preciso dizer que sou dele e ele é unicamente meu.

Já estou guardando o celular na bolsa, quando ele toca outra vez, só desta que desta vez é do hospital.

— Dulce, é o dr. Elias, venha rápido para o hospital, seu pai não está bem.

— Já estou indo.

Meu coração vai a boca. Bate um frio na espinha, e meu corpo inteiro se arrepia, o medo toma conta de mim, e as lágrimas saltam dos meus olhos. Não tenho condições de dirigir, então, corro para um ponto de táxi e entro no primeiro que vejo, digo o endereço para o motorista e começo a rezar.

Dezoito minutos depois estou no andar onde meu pai está internado. Vejo dr. Elias, e ele caminha em minha direção, olhar tristonho. Eu paro, deixo minha bolsa cair no chão, assim como minhas lágrimas, que molham todo meu rosto.

Não... por favor, diga que ele não me deixou...

Eu falo as palavras silenciosamente, mas dr. Elias as entendeu, e balança a cabeça afirmando.

Então, meus joelhos falham, e caio sobre eles, deixando toda minha dor fluir em lágrimas.

Elias vem até mim, ajuda-me a levantar e me abraça. Eu me jogo em seus braços, minha vida acabou, minha única razão de existir, me deixou.

JOGO DA SUBMISSÃOOnde histórias criam vida. Descubra agora