Capítulo 30

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Dulce Maria


Faz três dias desde aquele maldito baile de máscara, que só saio do apartamento para ver meu pai. Castro me ligou, Martins me ligou, Marcelo me ligou, e este foi o único em que atendi, ele queria saber quando pagaria o favor. Menti, dizendo-lhe que estou doente, pois peguei um resfriado e não consigo sequer sair da cama. Claro que ele ficou preocupado, quis até vir me ver, mas o despachei, disse que o médico já havia vindo me ver, e agora era só tomar a medicação e esperar.

Maite, também me ligou uma centena de vezes, apesar de ela ser minha única amiga, não quero ver ninguém, só desejo me enfiar debaixo das cobertas e ficar sentindo pena de mim mesma.

Jogo o lençol para cima e permaneço por baixo dele, pensando no maldito que me jogou nessa cama.

Sim, eu me sinto doente. Não tenho ânimo para nada, se me alimento, é porque sei que preciso continuar andando para ir ver meu pai. Mas se não fosse isso, já teria morrido de inanição, porque fome não tenho. Agora entendo as mulheres que sofrem por amor. Antes achava tudo isso frescura.

Escuto o som do meu celular. Eu o procuro por baixo de todas as cobertas. O encontro. Atendo.

— Mai, eu não... — ela me interrompe.

— Se você não abrir este porta juro que chamo um chaveiro, farei o maior escândalo nesse prédio, mas eu abro saporra de porta.

Eu sei que ela é capaz de fazer isso. Então, sem nenhuma vontade deixo meus pés me guiarem até a porta.

— Caralho, Dulce! Você está doente? — Ela me abraça, encosta o dorso da mão em minha testa. — Com febre você não está, o que está sentindo? Quer ir até um hospital?

— Não, só quero ficar quieta e só. — respondo com toda a tristeza que sinto em meu coração. Jogo-me no estofado e cubro meu rosto com a almofada.

— Dulce, o que você tem?

— Tenho um coração partido, dor de cotovelo, e a síndrome da mulher imbecil, acho que para isso não existe nem remédio e nem tratamento.

— Não, amiga, você está doente sim, — Ela se senta ao meu lado, pega minha cabeça e deixa em seu colo. — Sua doença se chama Christopher, e engano seu, saporra tem cura, sim. E se chama ânimo, bora se levante.

— Mai, não, quero ficar aqui, bem quietinha.

Não quero contar o que me levou a ficar assim, pois se contar, terei que lhe dizer quem me ajudou a chegar no clube, e terei que revelar o preço que paguei para convencer o Marcelo, portanto, achei melhor ficar calada. Eu já estava mal mesmo, então ela está pensando que só piorei.

— Não, Dulce, olhe para você, está magra, com olheiras profundas, se continuar assim ficará doente, já pensou se isso acontecer, quem cuidará do seu pai? Vamos, levante-se, vou levá-la para jantar fora.

Ela tem razão, eu preciso reagir. Christopher saiu de minha vida, mas continua me controlando, dominando cada passo que dou. Ele que se foda. Sequer lembra de mim! Então por que devo ficar sofrendo por alguém que não quer mais nada comigo? Aliás, ele nunca quis. Eu só fui um acordo, um jogo, uma lição.

— Você me ajuda a melhorar minha aparência? — Aceito sua mão estendida e ela me puxa, fico de pé e sou guiada para o banho.

Maite me ajuda a escolher a roupa, queria vestir um vestido preto, mas ela me convenceu a usar algo mais colorido para não chamar tanta atenção para meu rosto abatido. Uma boa maquiagem, acessórios e saltos altos me deixaram um pouco melhor, ainda estou com aquele ar de abatimento, mas melhorou bastante. Soltei meus cabelos, era só mais um truque para esconder meu rosto.

JOGO DA SUBMISSÃOOnde histórias criam vida. Descubra agora