Narradora on
Presente...A manhã estava cinza e carregada, e Wemilly não sabia se o clima refletia o peso que sentia no peito ou a promessa de um novo começo. O orfanato ficava no final de uma rua tranquila, cercado por árvores altas que balançavam suavemente ao vento. Damon caminhava ao seu lado, segurando firme sua mão, como se quisesse ancorá-la. Ele sabia o que aquela decisão significava para ela — para ambos.
Wemilly estava nervosa. Como não estaria? Era um passo gigantesco, não apenas como casal, mas para ela como pessoa. Carregava suas inseguranças, cicatrizes e medos, e agora estava ali, pronta para oferecer o que restava do seu coração a alguém que precisaria dele mais do que nunca.
Damon parecia calmo à primeira vista. Sempre parecia. Mas Wemilly o conhecia bem demais para ser enganada. O maxilar cerrado, os passos um pouco mais rígidos que o normal — ele também estava nervoso. A diferença é que Damon era um mestre em mascarar emoções, exceto quando se tratava dela.
— Tá tudo bem? — ele perguntou, sem desviar os olhos da entrada do orfanato.
— Eu deveria perguntar isso pra você — ela respondeu, a voz baixa, quase sussurrada.
Ele parou e virou-se para olhá-la. Seus olhos, tão intensos e reveladores, encontraram os dela, expondo o que ele tentava esconder: ansiedade, misturada a expectativa.
— Estou — respondeu com um sorriso pequeno. Mas havia algo em sua expressão que parecia mais profundo, quase reverente. — Eu só... quero que isso seja perfeito. Pra você.
Wemilly apertou a mão dele com mais força, sentindo o calor que ele transmitia.
— Damon, isso não precisa ser perfeito. Só precisa ser nosso.
Ele assentiu lentamente, soltando o ar que parecia estar segurando. Então, sem mais palavras, abriu a porta.
A recepcionista os cumprimentou com um sorriso caloroso, mas havia uma formalidade nos olhos dela. Talvez fosse o fato de que, para ela, aquilo era rotina, enquanto para Wemilly e Damon era um dos dias mais importantes de suas vidas. A mulher os conduziu até uma sala de espera aconchegante, decorada com móveis simples e cores suaves. Não demorou muito para que a assistente social surgisse, uma mulher de meia-idade, com óculos pendurados no pescoço e uma expressão gentil.
— Sr. Torrance, Sra. Grayson... — ela começou, mas foi interrompida por Damon.
— Sra. Torrance — ele corrigiu, lançando um olhar rápido para Wemilly.
— Ah, claro. Sra. Torrance. Está na hora.
O casal se levantou quase ao mesmo tempo. Wemilly sentia o coração disparar, enquanto Damon apertava sua mão em um gesto silencioso de apoio. Eles seguiram a assistente social por um corredor longo e estreito, cujas paredes estavam cobertas de desenhos feitos por crianças. Wemilly não conseguiu evitar um pequeno sorriso ao ver um deles: um dragão colorido enfrentando um cavaleiro com uma espada.
— Aqui estamos — anunciou a assistente social, parando em frente a uma porta entreaberta. — Ele está ali dentro.
"Ele" era Ethan, o menino de cinco anos que havia capturado os corações deles antes mesmo de o conhecerem pessoalmente. Eles haviam lido seu arquivo inúmeras vezes, tentando memorizar cada detalhe: a cor favorita era azul; ele amava castelos e dragões; e sua comida preferida era panquecas com muita calda de chocolate. Mas nada os preparou para o momento em que o viram pela primeira vez.
Ethan estava sentado em um tapete no canto da sala, cercado por blocos de montar. Seu cabelo castanho estava bagunçado, e ele usava uma camiseta azul um pouco larga. Estava concentrado em empilhar os blocos, mas, ao notar a presença deles, parou e ergueu o olhar.
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MY LITTLE PEST || Damon Torrance.
Hayran KurguWemilly Grayson, uma talentosa guitarrista de uma banda de rock, retorna à sua cidade natal, Thunder Bay, como parte de uma turnê. Durante essa jornada, ela reencontra seu irmão e antigos amigos, mas é surpreendida ao esbarrar em Damon Torrance, uma...