Capítulo 20

23 6 1
                                    

A uns 5 anos atrás nunca passou pela minha cabeça que num dia como este eu não teria minha irmã por perto. Nunca passou pela minha cabeça que chegaria aos 18 anos e estria gravida e sozinha. Muito menos que se algo do tipo acontecesse eu estaria desabrigada.

A 5 anos atrás eu sonhava com um futuro, sonhava em ter um emprego e sair de casa. Ser responsável por mim e sem ajuda de ninguém. Imaginava que quando eu tivesse minha casa eu convidaria minha irmã para almoçar comigo nos domingos, e até mesmo passar finais de semana assistindo filmes e comendo pipoca com ela.

As coisas que passavam na minha cabeça eram coisas do tipo que qualquer adolescente imagina. Ter os amigos sempre por perto, ter alguém com quem conversar quando se precisa desabafar. Ter filho!!

Sim eu sempre quis ter filhos, mas nunca imaginei que seria assim. Que acabaria assim.

Que eu estaria sozinha.

Sentei na calçada e deixei a mochila cair de meu ombro.

Abaixei a cabeça nos joelhos e chorei. Chorei toda a magoa dentro de mim.

Eu ainda estava na rua de casa, mas era a mesma coisa que estar em um lugar estranho. Um lugar onde eu não poderia mais voltar nos dias difíceis.

Dias como este.

Peguei o celular quando estava um pouco mais calma.

Eu não queria ligar para Claudia e contar para ela que meus pais tinham me colocado para fora sem nem pestanejar. Não queria ser um peso a mais em sua vida, mas eu tinha outras escolha? Eu estava perdida e ela era minha única família.

Esperei que ela atendesse.

–– Nanda? Achei que você nunca mais falaria comigo – ela pareceu aliviada.

Não consegui me controlar e comecei a chorar outra vez.

–– Aconteceu alguma coisa? Você está bem?

–– Estou na rua Claudia. – aquilo foi o máximo que consegui dizer.

Estava tão envergonhada. Nunca achei que chegaria a esse ponto.

–– Como assim? Vocês está literalmente na rua, ou só na rua?

–– Na rua Claudia, meus pais me colocaram para fora de casa.

–– Meu Deus! Onde você está?

–– Na rua de casa ainda, não sabia para onde ir. – disse.

Ela ficou em silencio.

–– Nanda, não saia daí. – disse. – Eu e minha mãe estamos indo te buscar.

Eu concordei com a cabeça, mesmo sabendo que ela não estava me vendo.

Desliguei o celular e continuei sentada na esquina de casa, como uma idiota.

Estava totalmente perdida em meus pensamentos quando Dona Ana parou o carro do outro lado da rua e Claudia desceu correndo até mim.

Eu me levantei e a abracei forte.

–– Vai ficar tudo bem Nanda.

Ela entrou no carro comigo.

–– Oh querida, eu sinto muito. – disse Dona Ana passando a mão em minha perna. – Tenha certeza de que na rua você não fica viu? Minha casa também é sua casa. – ela sorriu para mim.

Eu estava tão fragilizada que não conseguia parar de chorar no colo de Claudia.

Nem percebi quando chegamos em sua casa.

Um fio de esperança. {EM REVISÃO.}Onde histórias criam vida. Descubra agora