Requiem

Feliz Aniversário de Namoro

Passado todo o alarde por conta dos anéis, finalmente nós descemos para o carro. Camila concordou em me acompanhar até o apartamento de Normani para eu tomar um banho e me trocar, e comeríamos quando chegássemos à faculdade.

- Meu Deus! - Camila praticamente gritou, me assustando, quando paramos as duas em meio à calçada. - Esse é o seu carro?

Apesar dos óculos escuros cobrindo seus olhos, eu podia jurar que os mesmo estavam arregalados, como estiveram boa parte da manhã. Olhei para o carro, olhei para ela e mordi o lábio. Pelo visto eu ia ter que me acostumar com o fato de muita coisa lhe ser nova.

- Algum problema? Você não reclamou dele até hoje. - brinquei voltando a puxá-la pela mão.

- Você está me dizendo que eu estive andando nesse carro durante todo esse tempo? - Ok, era engraçado sempre que ela fazia isso. Eu poderia suportar sem problemas algumas risadas aqui e ali.

- Sim, inclusive desregulou o meu som inúmeras vezes.

Atravessei o carro em direção à porta do carona para abri-la e Camila me encarou com um sorriso no rosto.

- Obrigada. - ela disse antes de entrar.

Dei a volta observando ela, do outro lado do vidro, se deleitando como painel e os bancos de couro.

- Já se situou? - perguntei sentando ao seu lado e batendo a porta.

- Meu Deus, eu acho que apertei esse botão de reset várias vezes! Tipo, várias vezes mesmo! - ela me olhou espantada me fazendo rir. - Podia jurar que era pra desligar o som.

- Se serve de consolo, depois que resetava ele desligava. - Camila gargalhou pegando minha mão e colocando em seu colo assim que dei a partida.

Fomos o caminho todo ouvindo música e redescobrindo os comandos carro. Se eu achava que ela era agoniada antes, mal sabia eu o que me aguardava hoje. Camila me perguntava sobre absolutamente tudo que eu sabia ali, e o que eu não sabia ela tratava de descobrir. Não foi tão mal, eu havia esquecido completamente o quão irritante o trânsito de Nova Iorque se tornava depois das sete e tê-la ali, me ocupando e distraindo, não foi nada ruim.

Chegamos ao prédio e subimos correndo para não nos atrasarmos ainda mais, não que eu estivesse muito preocupada com a aula, mas Camila me fez ficar agoniada com toda sua conversa sobre não poder perder a melhor aula da semana e tudo mais. No mesmo pé que entrei no chuveiro saí dele, sem ao menos aproveitar e me permitir descansar sobre a água. Mas eu não tinha pressa para escolher minha roupa, não mesmo. Se ela estava linda eu precisava estar no mesmo nível.

Vesti minha legging preta, coloquei meu blusão bege de manga cumprida e os coturnos. Estava quase pronta. Voltei para o banheiro roubando um pouco da maquiagem de Normani para fazer meus famosos olhos pretos e boca avermelhada. Peguei minha bolsa na cama e voltei para a sala ajeitando minha gargantilha e me deparando com uma Camila impressionada.

- O que? - repeti sua fala quando esteve em meu lugar mais cedo.

- Você sempre vai para a faculdade assim? - ela perguntou levantando do sofá, os olhos correndo ousados pelo meu corpo.

- Vou, por que?

- Eu acho que não estava pronta para isso. Você não poderia deixar de ser bonita por um minuto sequer?

Fiz uma carranca arrancando uma risada gostosa dela. Eu não podia descrever o quanto eu ficava feliz de vê-la assim.

- Ajudou? - perguntei sorrindo.

- Eu não sei, está difícil me concentrar em algo além dos seus olhos... e da sua boca. - Camila enlaçou meu pescoço e colou seu corpo ao meu. Seus olhos estavam fixos em meus lábios, eu estava me esforçando muito para manter minha expressão neutra sem rir.