No More Drama

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Meu estado de espírito se encontrava completamente abalado e desnorteado desde que saí ontem do apartamento de Camila. Eu não esperava nem em mil anos ter o encontro que tive com seus pais e muito menos ser confrontada daquela forma pela mãe dela. Aquela mulher me despertava o mais intenso ódio só de aparecer em meu campo de visão, o que era algo incrível, porque eu não costumo pegar antipatia das pessoas antes de conhecê-las realmente.

Mas, desde aquele dia na festa do meu pai, meu primeiro dia de volta, já recebi toda sua ironia em uma bandeja de prata. Eu não a culpava, em parte. Meu passado me condena, isso é uma verdade e uma consequência que eu tenho consciência que terei que carregar como fardo por grande parte da minha vida, mas, por outro lado, eu deveria receber uma segunda chance, todos são dignos de uma, não é mesmo? Eu não voltei esperando a caridade das pessoas conhecidas, muito menos das desconhecidas, mas esperava o mínimo de simpatia e preocupação.

Já passava das seis da tarde e eu terminava de me arrumar para mais um evento da campanha do meu pai, dessa vez todos os Jaureguis estaria lá e iríamos retratar a boa família que éramos para diversos estranhos de todo o estado. Eu estranhei quando recebi a ligação do Michael me intimando para comparecer, ele parecia estressado, me lembrava quase seu antigo eu.

Mas dessa vez eu não estava pronta para julga-lo, pelo contrário, eu estava disposta a posar ao seu lado e lhe dar todo o meu apoio. Nesse momento eu sentia na pele o que era tentar mudar e não conseguir provar isso para as pessoas que você mais precisa, não conseguir convencê-las, porque você não era capaz nem de convencer a você mesmo algumas vezes.

Terminei de por o brinco e encarei meu reflexo no espelho. O vestido estava lindo, meu cabelo estava perfeito, a maquiagem era exatamente a que eu queria e mesmo assim eu não era capaz de esbanjar um sorriso verdadeiro naquela noite. Eu não tinha forças para tamanha atitude e muito menos o motivo necessário para exercê-la, Camila era a dona dos meus risos e sua abstinência se refletia diretamente na minha expressão facial no momento.

Mas então eu sorri. Sorri pensando o quão idiota eu sou por ter colocado tanta coisa nas mãos de uma só pessoa. Eu deveria ser a dona da minha alegria, como pregam as mulheres por ai. Mas, de novo, eu sorri. Sorri porque eu gostava de ser a idiota que a amava tão fortemente que me faltava ar nos pulmões toda vez que pensava nela.

Meu celular tocou me tirando de meus devaneios, provavelmente meu pai.

- Seu motorista já está na porta - isso foi todo o conteúdo da ligação no momento que apertei o botão de aceitar. Ele nem sequer esperou por alguma resposta ou até mesmo murmúrio meu. Alguém estava de tpm.

Peguei minha bolsa e chaves e rumei até o lobby do prédio. Normani não estava em casa hoje, algo sobre ficar na faculdade até mais tarde para estudar, o que não me descia à garganta. Ela provavelmente estava de flerte com alguém naquela faculdade e mais tarde eu descobriria quem.

- Boa noite, Will. - o homem atrás do balcão da recepção ergueu a cabeça rapidamente e sorriu ao me ver passar acenando por ele.

- Boa noite, senhorita Jauregui. - estiquei os lábios em um cumprimento sem dentes e só então notei que eu estava esbanjando simpatia demais. Talvez algo em mim estivesse tentando se desenterrar naquela noite e não seria eu quem ia impedir.

- Boa noite - o loiro lançou assim que surgi do lado de fora das portas de vidro, parando quase que imediatamente com a surpresa de sua presença.

- Você ainda está por aqui, Oliver? Pensei que seu trabalho se limitasse a Miami. - apertei os olhos, mas ele se manteve com aquela expressão impassiva que ficava estampada em seu rosto vinte e quatro horas por dia.

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