Especial Camila Cabello Part II

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POV CAMILA

Como em uma manhã de sol após uma madrugada chuvosa, meus olhos iam ganhando visão do que estava além deles gradativamente. Eu não sabia ao certo o que estava sentindo, não tinha certeza nem se ainda estava respirando, tamanho era o meu choque. A última coisa que me passou pela cabeça ao chegar aqui foi isso. Eu sabia que não era nada de um dia para o outro, provavelmente eu nunca havia prestado atenção ao meu reagir depois da incidência da luz, geralmente eu tratava de cobrir os olhos e ficava por isso mesmo. Hoje eu me pergunto se isso poderia ter acontecido anteriormente.

Eu podia sentir o olhar preocupado de Dinah sobre mim, ela não deveria nem estar piscando já que, mesmo depois de pronunciar seu nome, ela não havia movido um músculo sequer. Apertei os olhos algumas muitas vezes, ainda tomada pelo desespero do momento e estiquei minhas mão à frente do meu corpo. Fechei os olhos com força e os abri novamente. Lá estavam os meus dedos, todos eles, tremendo descontroladamente e mais brancos do que eu me lembrava que fossem. Eu definitivamente precisava tomar um sol, pensei deixando escapar um riso desengonçado que, mais tarde, deu início a uma gargalhada baixa e desacreditada. Eu estava mesmo enxergando?

Subi os olhos lentamente para o cômodo branco e gélido à minha frente. As paredes claras, revestidas até a metade por pequenos azuleijos azuis; uma mesa de madeira se sobressaia há poucos três passos de mim onde havia um computador e impressora. Suspirei totalmente extasiada e virei o rosto para o lado, encontrando uma Dinah completamente emocionada no caminho. Como em uma silenciosa permissão, assim que nosso olhares se cruzaram, nós duas caímos aos prantos com um sorriso estampado no rosto. Ela parecia saber exatamente o que se passava no momento e compartilhava comigo toda aquela emoção, era como seu eu pudesse descarregar nela o que quer que fosse e ela saberia como agir da melhor forma.

- Você... - ela não conseguiu terminar, e nem foi preciso. Sacudi a cabeça lhe estonteada com sua atual aparência.

A morena tinha os cabelos maiores agora, minhas memórias eram de uma época em que eles se derramavam sorrateiramente pelos seus ombros e hoje chegavam até um poco abaixo de seus seios. Não havia mais mechas vermelhas, ele agora tinha um tom castanho na raiz que se aloirava até as pontas. Naquele momento eu senti que havia perdido anos e anos da sua vida, era como acordar de um coma e ver que o mundo não deixou de girar por você. Eu estava vivendo os dias de hoje, mas minha cabeça se mantinha na realidade de quase dois anos atrás e eu não tinha noção do buraco entre os dois até então.

Movida pelas minhas emoções eu simplesmente me lancei em seus braços e a apertei o mais forte que pude. Afundei meu rosto em seu peito enquanto nós duas ainda deixávamos cair algumas lágrimas. Eu me lembro de viver esse mesmo momento antes, me encontrei no meio de um déjà vu agora. Eu e ela, sentadas numa cama de hospital, nervosas e ansiosas, abraçadas como se o mundo lá fora girasse rápido demais. Mas eu soube que não era um repetição, pois as lágrimas de hoje eram lágrimas de alegria. Dinah me manteve acomodada em seu abraço até o momento em que eu tomei a iniciativa de nos afastarmos. Eu amava isso nela, o fato de não soltar até que você se sentisse melhor. Sorri esfregando os olhos com o topo da mão e tirando a umidade excessiva deles.

- Eu não pensei que fosse dizer isso de novo, mas você está linda Cheeche. - um riso escapou meus lábios e ela fez o mesmo. Éramos duas bobas em uma sala de hospital.

- Não pense que só porque você está vendo de novo tem passe livre para dar em cima de mim. - gargalhei correndo meus olhos, desacostumados, por cada traço de seu corpo e rosto. Eu não sabia exatamente onde focá-los ou o que olhar primeiro. Era tudo tão maravilhoso de se ver. - Como você está?

Ela perguntou de forma mais séria agora me fazendo parar os olhos sobre os castanhos intensos à minha frente.

- Sinceramente? Eu não sei, acho que um pouco idiota e boba?! - suspirei rodando os olhos pela sala por um instante. - Eu acho que da mesma forma como uma criança quando começa a andar. A diferença é que eu sei e tenho como expressar minha alegria.

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