Reconciliação

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Saímos da boate pouco depois das uma e eu já me sentia levemente alterada por conta das bebidas que Camila não me impediu de tomar. Esse ainda era aquele seu plano de me tornar uma independente do álcool sem problemas de vista, que era como ela dizia para me fazer rir, já que só de ver uma bebida eu me torcia em negação. Eu ainda não entendia muito bem o porquê daquilo e nem lhe dava tanto crédito assim por suas tentativas, mas ela nunca havia permitido que eu passasse dos limites e até agora eu não tinha feito nenhuma besteira.

Assim que pisamos fora daquele forno humano e a brisa bateu forte contra minha pele, algo mudou. Eu entrei em um estado entorpecido onde eu não sentia nada e as coisas ao meu redor aconteciam de forma estranha. Tudo então se fechou na mulher de vermelho em minha frente. Ela sorria para os enormes seguranças que guardavam a porta, os mesmos que eu xinguei mentalmente assim que tive-os em meu campo de visão, enquanto nos dirigíamos para o estacionamento.

Eu podia dizer que minha expressão não estava das melhores no momento, meus olhos estavam rasteiros, meu corpo, ao mesmo tempo que parecia mole, pesava como um saco de pedras; minha boca estava partida como se eu não aguentasse com o peso de meus próprios lábios e, mesmo assim, eu tentava me expressar em admiração. Sua mão carregava a minha enquanto ela me arrastava, gentilmente, atrás de seu corpo em passos leves e cautelosos. Até agora eu me perguntava como ela conseguia ser tão graciosa à todo momento.

Meus olhos foram de baixo para cima, devorando-a lentamente em cada detalhe. As pernas finas e brancas, levemente torneadas de uma forma que eu não lembrava estarem, expostas até a metade da coxa. Sua bunda ressaltada por conta do vestido, rebolando em minha frente de forma hipnotizante logo abaixo daquela enorme fenda que me lembrava constantemente que ela não estava usando sutiã. Toda aquela pele, estrategicamente exposta, contrastando com seu vestido e aparentando ser ainda mais macia do que me lembrava.

E então seus cabelos enormes, castanhos e ondulados tomaram minha visão por conta de uma brisa mais forte que cruzou conosco na direção contrária. Aquele movimentar de mechas em minha frente fazendo minha mão coçar para pega-las entre os dedos e puxar. Meu maxilar trincou com o pensamento e eu senti meu corpo esquentar. Meus olhos caíram até o chão no mesmo instante em que paramos e ali eu me dei conta que já havíamos chegado no carro. Ergui a cabeça e agora a mais nova me olhava.

- Preciso dizer que você não vai dirigir?

Avancei em sua direção fincando minha mão livre em seu cabelo sem dar muita importância para o que ela havia dito, o enrolei em meus dedos e puxei com uma certa força, da maneira exata como imaginei em minha mente. Camila inclinou a cabeça para trás e aproveitei do susto para enfiar minha língua dentro de sua boca sem convite. Uma chama se acendeu em mim com o simples toque de nossos corpos e logo eu estava devorando-a. Camila lutou para acompanhar meu ritmo, minha língua corria afoita pela sua boca buscando pelo toque da sua enquanto seus lábios, hora ou outra, se fechavam nela em um chupão delicioso tentando me controlar. Meus dedos se mantinham apertados em seu cabelo enquanto nossas cabeças entravam em uma sintonia barulhenta e animalesca.

Apertei a mais nova contra o veículo cinzento e finquei uma de minhas coxas entre as suas, recebendo como resposta o tão amado gemido que ela sempre externava nesses momentos. Sorri entre o beijo e tive meu lábio capturado entre seus dentes, Camila agora tomou as rédeas do momento. Ela sempre o fazia depois de suas mordidas, já que eu sempre acabava respirando mais e oxigenando meu cérebro o suficiente para me dar conta das coisas. Suas unhas voltaram pelo meu pescoço delineando o caminho por onde passavam até pararem em minha bochecha enquanto ela brincava com minha língua toda vez que eu tentava reiniciar o beijo com a mesma paixão. Uma mão de cada lado, segurando-me pelo rosto novamente enquanto ela tomava o ritmo.

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