Bip. Bip. Bip. O incomodo barulho marcava os segundos que passavam dentro da minha mente, meus olhos estavam fechados e eu podia jurar que tudo não passava de um sonho. Mas eu estava consciente demais para tal coisa, meus ouvidos estavam atentos a todos os ruídos ao meu redor e no momento, apenas o incessante bip se mantinha firme ali. Até que ouvi vozes ao longe, chegaram nítidas e depois perderam o foco, seguido por um baque. Uma porta fechada talvez. O som de passos tomou o ambiente e parou ao meu lado, eu tentei reagir de imediato, mas meu corpo não parecia na mesma frequência que a minha mente. Estava tudo tão dolorido e tão lento. Arrisquei abrir os olhos, na lentidão que fosse, a curiosidade era maior do que tudo no momento e eu não me lembrava de absolutamente nada que me desse uma dica de onde eu estava.
Um ruído escapou meus lábios no mesmo instante que recebi aquele foco de luz diretamente em meu rosto, me senti como um vampiro exposto ao sol. A dor foi tão aguda que me subiu à cabeça e me fez ainda mais confusa. O pouco que consegui ver foi o suficiente para me deixar intrigada: Paredes brancas, azulejos azuis, cama estranha... onde eu estava? Juntei as forças e decidi abrir os olhos novamente, dessa vez sentindo menos o baque da iluminação e podendo realmente focar em algo à minha frente.
- Bom dia raio de sol - uma voz surgiu ao meu lado me fazendo pular de susto diretamente na grade que rodeava a cama. Foi um estrondo que até eu me surpreendi. Eu havia esquecido totalmente que tinha mais alguém ali comigo. - Nossa, me desculpa. Você está bem?
Engoli seco ainda me recompondo do baque repentino e finalmente me coloquei a olha-lo. Era um garoto, não deveria ter mais de vinte e dois anos e vestia um uniforme de enfermeiro inteiramente verde.
- Quem é você? - apertei meus olhos em sua direção e ele me pareceu um pouco assustado. Surpreso. Seus olhos se mantiveram nos meus e nenhuma palavra parecia, sequer, próxima de cruzar seus lábios. Era só o que me faltava. Bati uma palma alardante o fazendo sair de seu transe. - Quem é você? - repeti a pergunta, dessa vez ele pareceu raciocinar.
- Meu nome é Luis, sou o enfermeiro responsável.
- Era só o que me faltava. - Resmunguei. Luis, que tinha sua atenção voltada para as máquinas, retornou imediatamente seu olhar para mim.
- Como está se sentindo?
- Uma bosta - apoiei minhas mãos no colchão e impulsionei meu corpo para trás, me colocando sentada e repousando as costas contra a cabeceira. - Como eu cheguei aqui?
- Uma amiga sua lhe trouxe, não lembra?
- Não - se eu lembrasse não estaria perguntando, idiota.
- Bom, normal. Ontem você estava com altos níveis de álcool no sangue, e outras substâncias também, chegou aqui desmaiada e a ponto de entrar em coma alcoólico.
- Que pena que não entrei - esfreguei o rosto com as mãos levemente tentando aliviar a dor, eu podia jurar que o garoto estava me olhando incrédulo nesse exato momento.
- Noite ruim?
- Se eu ao menos lembrasse de algo, até te responderia. Mas acho que só o fato de não lembrar já me diz muita coisa.
Ele riu baixinho, com aquela incerteza de sua liberdade comigo. O que era bom, não estava afim de papinhos com enfermeiros e muito menos estava aqui para fazer amigos. Olhei ao meu redor novamente, me dando conta da onde vinha aquele chato bip. Era a máquina de monitoramento cardíaco, que, por sinal, estava me dando nos nervos à essa altura. Ao meu lado pendiam dois sacos cheios de algo que eu não sei dizer, mas que desciam para dois pontos diferente do meu braço em agulhas pregadas contra minha pele.
- Nós ligamos para os seus pais para pod...
- Vocês o que? - levantei a voz um pouco mais do que esperava.
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Requiem
Fiksi PenggemarLauren Jauregui é uma herdeira multimilionária, que, após afastada de sua vida contra sua vontade, por um ano inteiro, consegue retornar a Nova York para acertar as coisas com seu pai. Ela tem tudo sob controle até conhecer Camila, uma garota que va...