Use a Imaginação

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Era cedo quando cheguei até o prédio da J.A.M Enterprises. O dia hoje estava frio, digno do inverno novaiorquino, todos se abrigavam o máximo possível dentro dos seus casacos fugindo da brisa entorpecente que cruzava a cidade. Eu não estava diferente, em cima da minha camisa iam um casaco e um sobretudo, de novo eu estava inteira de preto, apenas as luvas e o batom vermelho sangue.

Atravessei o lobby sentindo todas as atenções sobre mim. De canto de olho observei enquanto os pescoços se dobravam para acompanhar meu caminhar. Baixei a cabeça procurando um zíper aberto, uma etiqueta a mostra, mas ao meu ver não havia nada de errado. Minha última hipótese era o meu pai, talvez ele tivesse dito algo sobre mim ou até me incriminado para aquelas pessoas. Eu não duvidava de nada desde a última vez em que ele mandou a polícia me levar presa em uma boate.

- Bom dia, Lauren. - uma loira entrou no elevador logo atrás de mim com um sorriso enorme no rosto.

- Bom dia - respondi estranhando seu olhar fixo em mim, que garota estranha. - Posso te perguntar uma coisa? Tem algo de errado comigo? Uma espinha gigante, um alface nos meus dentes?

A garota riu e eu tive uma leve impressão de que ela estava flertando comigo.

- Não, na verdade acho que sua beleza é o suficiente para chamar atenção. - bingo, ela está flertando.

- Obrigada, apesar de que eu acho que esse não é o verdadeiro motivo daqueles olhares.

- Você realmente não lembra de mim, não é? Fui só mais uma noite. - ela se lançou em minha frente com um olhar magoado. Merda.

- Me desculpa, eu era cafajeste naquela época.

A loira lançou os braços ao redor do meu pescoço em um movimento completamente inesperado me fazendo chocar contra a parede atrás de mim.

- Eu meio que gosto de você assim - suspirei tentando não me deixar levar pelos meus impulsos selvagens que gritavam para eu agarrá-la ali mesmo. Por que essas coisas acontecem comigo? - Me pega depois do expediente? Te prometo uma noite de boas lembranças.

Levei minhas mãos a seus braços em uma tentativa de me livrar de seu aperto, mas foi em vão e ela viu como algo diferente. Seus lábios molhados vieram diretamente em minha orelha chupando lentamente o lóbulo e me fazendo arrepiar. Isso não estava certo.

- Eu acho que não vou poder. - apertei seus braços em um puxão forte a afastando de mim. - Tenho namorada.

- Isso nunca te impediu antes. - cerrei os olhos.

- Eu te disse que tinha namorada antes?

- Disse.

- Bom, eu era realmente muito cafajeste então. - a porta se abriu, para minha alegria e eu me retirei sem ao menos olhar para trás. Ok, isso foi uma prova e tanto e eu posso dizer que me saí muito bem.

- O que aconteceu de tão bom essa manhã? - meu pai perguntou assim que entrei na sala. Talvez o sorriso que carregava no rosto tivesse me denunciado.

- Nada demais, você sabe, estou viva.

Puxei uma cadeira sentando a sua frente. Michael estava diferente hoje, fosse a áurea positiva ou seu tom divertido, algo me dizia que ele também estava alegre demais e isso nunca foi bom para mim.

- Isso realmente é uma coisa boa. Deve estar se perguntando por que a chamei aqui.

- Desde o dia em que me ligou, mas eu não quero brigar, então por favor...

- Não, não, eu também não te chamei aqui para isso. Na verdade - ele interrompeu por um momento estendendo o corpo para pegar algo embaixo da mesa. - te chamei para lhe entregar isso.

RequiemOnde histórias criam vida. Descubra agora