Love Is a Battlefield

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Dinah me olhava com cara de poucos amigos enquanto eu me erguia novamente e ajeitava a roupa retorcida sobre mim. Pelo jeito eu não teria sossego até que essa conversa terminasse ou até que eu deitasse hoje à noite. Eu sentia, dentro de mim, que o que estava por ser dito não me agradaria nem minimamente, era como se duas partes de mim vivessem em guerra para ter total controle e, até alguns dias atrás, a pior parte não tinha forças nem para atiçar um sorriso mais venenoso em mim.

No segundo em que eu fraquejei pedindo aquele copo de uísque durante a reunião eu me permiti alimentar um fogo que, mais tarde, me consumiria. Era apenas questão de tempo. Eu me conheço, na verdade, eu me conhecia e sei o quão forte e persuasiva eu sabia ser. Eu me sentia como uma bomba com o timer já posto em contagem, em alguns dias eu explodiria e só Deus sabe o que resultaria disso.

Suspirei o ar derrotado de meus pulmões, ainda resultado do meu rápido encontro com Camila e olhei para a garota em minha frente. Os braços cruzados na frente do peito, a expressão de uma leoa em defesa de seus filhotes... Dinah era esse tipo de pessoa e esse exemplo de amiga, ela e Camila eram como irmãs e esperar menos de sua reação seria uma estupidez, até para os mais otimistas.

Nós trocamos olhares por alguns segundos, em minha uma esperança de que ela pudesse ver, através das minhas órbitas, o medo e desespero que eu já senti sem que ninguém me oprimisse, eu queria que ela percebesse que eu tinha consciência do peso dos meus atos, mesmo não os identificando claramente em minha memória falha e abusiva. Ela suspirou como eu havia feito anteriormente e desenlaçou os braços buscando minha mão diretamente para me arrastar consigo para fora do banheiro.

Eu nada disse e nada retruquei, apenas me mantive em movimento atrás de seu corpo. Meu olhar cabisbaixo denunciava que algo de errado estava acontecendo ali e estava atraindo atenções, era quase como ser punido pela sua mãe quando você foi pego fazendo coisa errada. Essa era a minha caminhada da vergonha. Mas eu não me importava, não hoje e não agora. Girei os olhos preguiçosamente para algo além dos pés que se alternavam rapidamente em minha frente perdendo meu resto de força ao me deparar com a brilhante aliança em meu dedo.

Eu senti meu corpo perder o equilibrio por uma fração de segundo ao sentir o baque daquele sentimento de perde de volta dentro de mim. Era quase como um peso, uma rasteira, algo que me impulsionava para baixo com todas as forças. Meus olhos embaçaram pela segunda vez hoje anunciando as lágrimas que ansiavam por serem liberadas, mas eu não o faria. Não porque não achasse a situação merecedora delas, mas porque se eu começasse não haveria um fim próximo ou sob meu controle. Seria o choro de toda uma vida liberado no primeiro instante em que eu me permitisse, seria o meu momento de maior fragilidade e definitivamente não era algo para toda essa gente presenciar.

Chegamos na cantina e eu só me dei conta depois que fui impulsionada a me sentar em uma das cadeiras mais reclusas do ambiente. Dinah tratou de arrastar uma outra cadeira para o meu lado e se colocou sentada de frente para mim, quase que me prevenindo do que estava por vir. Era como se seus olhos me pedissem desculpas pelo ardor que suas palavras iriam me causar.

- Eu já sei que você vai defender ela, vou poupar seu trabalho de me corrigir e me repreender. Como você pode ver, eu já estou na merda por conta da consciência dos meus atos - murmurei jogando a mão por entre meu cabelo e pendendo o rosto para o lado, o anel voltando à minha atenção.

- Eu realmente queria lhe dar uma bronca agora, mas não consigo - ela rosnou repreendendo a si mesma pela fraqueza que eu tanto agradeci naquele momento. - Primeiro de tudo, o que aconteceu no banheiro? Por que a Camila saiu de lá abalada daquele jeito?

- Porque é assim que se resultam os nossos encontros ultimamente.

- Como assim?

- Nós brigamos no banheiro - incendiei meu olhar sob o seu tendo que admitir o ocorrido - Eu tentei conversar com ela, mas acabei perdendo o controle de novo.

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