Sérgio

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Sérgio Campos levantou a cabeça do inquérito e disse:

- Entra!

Uma mulher de cabelo preso em um rabo de cavalo e vestindo roupas pretas e colete da policia federal entrou na sala.

- Tudo pronto para diligência, Delegado. Os homens o aguardam.

Sergio fechou a pasta e a colocou em seu arquivo, tendo o cuidado de trancá-lo. Colocou a arma que deixava sobre a mesa no coldre preso à sua perna e pegou o colete que estava sobre a cadeira e o vestiu.

- Vamos, Ramiro.

Ele e a policial Joana Ramiro se dirigiram aos fundos do prédio, onde um grupo de homens com roupas semelhantes os aguardava junto a carros pretos e de vidros escuros.

- Vamos senhores. É hora da ação! - ele retribuiu a saudação, entrando em um dos carros.

A frota começou a se deslocar em direção à zona leste de São Paulo. Ainda estava escuro, mas algumas pessoas andavam pelas ruas a caminho do trabalho. Iam estourar um clube de jogos clandestino que funcionava numa luxuosa casa. Segundo a investigação, o dono do clube morava no interior, deixando tudo a cargo de um gerente. Nem os funcionários sabiam quem era o homem, disse um dos funcionários que fizera a denúncia. Ele só sabia que o homem morava em Alvorada, no interior de São Paulo e que era alguém importante nessa cidade.

Sérgio era de Alvorada, mas deixara a cidade há quinze anos. Nunca mais voltara, desde a formatura do segundo grau. Não se lembrava de algum político ou empresário conhecido que pudesse bancar algo assim. Mas em quinze anos muita coisa podia acontecer. Ele não se tornara delegado da policia federal? Ele que era o terror da cidade?

Depois de formado, ele decidira ir para a casa de seu padrinho, na capital paulista. Lá, encantara-se pela advocacia como o padrinho o era. Mas a formalidade da profissão não satisfez a natureza inquieta e apaixonada do rapaz. Ele queria ação. E para a consternação de sua mãe, ele ingressara na Polícia Federal. Se destacando ano após ano, chegou ao cargo de Delegado e agora chefiava mais uma missão.

Ao chegarem ao lugar da batida, Sérgio saiu do carro e reuniu seus homens.

- Eu e Ramiro vamos realizar o procedimento padrão. - ele olhou para a sua esquerda. - Luis, seu grupo segue para a rua de trás. Quando eu der o sinal, cortem a energia e escalem o muro. Quero só ver que ratos gordos vão sair de lá.

Os policiais riram ao imaginar a cena.

- Agora, vamos fazer o nosso trabalho.

O grupo se dispersou. Sérgio e Joana e outros dois policiais se dirigiram ao portão principal. Sergio tocou o interfone.

- Quem é? - perguntou uma voz feminina

- Policia Federal, senhora. Abra o portão, agora! - ordenou Sérgio.

A linha ficou muda.

- Por que eles nunca abrem a porta? - ele virou-se para o grupo. - Arrombem.

Os homens pegaram uma espécie de aríete e arrombaram o portão. Enquanto entrava, Sergio deu a ordem pelo rádio:

- Desliguem a energia.

Gritos no interior da casa foram ouvidos. Sérgio sacou sua arma enquanto arrombava a porta com um pontapé.

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