Acidentes de percurso

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Regina ainda relaxava na banheira quando ouviu o toque de seu celular. Ela saiu da banheira, enrolou-se numa toalha e correu para o quarto.

- Alô. - ela atendeu a ligação. - O quê?! Espera. Não faz nada que eu já estou correndo pra aí.

Ela respirou fundo. Freneticamente começou a vestir a lingerie e as meias cor da pele. Olhou o vestido para ver se não tinha nenhum defeito tirou a etiqueta e o vestiu. Mal se olhou no espelho. Prendeu o cabelo num rabo de cavalo, calçou os sapatos baixos e saiu do quarto.

Desceu as escadas apressadamente. No patamar entre elas ouviu as vozes que vinha da sala. "Droga!", pensou. Esqueceu-se da reunião que a sogra fazia todos os sábados no começo da noite.

Seria muita falta de educação não cumprimentar as outras irmãs da Igreja.

- Boa noite a todas. - ele disse assim que chegou à sala.

- Boa noite. - responderam as senhoras praticamente em coro.

- Bonito vestido, Regina. - comentou Priscila.

- Obrigada. Foi um presente do Isaias. - respondeu Regina.

Sua sogra olhou para ela e perguntou:

- Vai sair novamente, Regina?

- Sim. Eu estou produzindo um evento no hotel e aconteceu um imprevisto. Estou indo resolver.

- Ah, sim entendo... Um imprevisto.

- Sim. Um imprevisto. E como é o olho do dono que engorda o gado, ele também tem que resolver os problemas. - ela sorriu mesmo sem vontade.

- E Mirian? Onde está?

- Mirian está na casa da Mariana, uma amiguinha da escola. Vai passar a noite lá.

- E o meu filho sabe disso? - Iolanda perguntou de forma incisiva.

- O seu filho, meu marido, e pai dela sabe sim e concordou. - no mesmo tom.

- Eu não acho isso certo. Mirian tinha que dormir na casa dela.

- Eu também não acho certo, Dona Iolanda. - intrometeu-se Priscila. - A menina pode estar sujeita a qualquer sujeira do mundo.

Regina olhou para baixo e contou até dez pra ter calma diante de tanta ignorância.

- A família de Marina não tem nada que me faça proibir uma amizade entre as meninas. Eu e o Isaias concordamos quanto a isso. Nós somos os pais e sabemos o que é melhor para nossa filha. E como meus pais já morreram há cinco anos, eles não podem mais sofrer com minhas decisões não é Dona Iolanda? Uma boa noite para as senhoras. - e então Regina saiu pela porta.

Iolanda levantou-se transtornada.

- Vocês viram? Viram como essa... Essa Jezebel me trata? Ah como eu sofro!- ela sentou-se no sofá de forma teatral. - E por isso que eu ando tão doente. Queria Deus me dar essa provação. Ah, como eu me arrependo de ter deixado Almeida escolher essa mulher para o meu filho.

- Engraçado ela ter mencionado os pais dela na conversa... - comentou a irmã Solange, olhando fixamente para a senhora Almeida.

- Isso é para me afrontar. - respondeu Priscila. - Para me lembrar de que o meu pai preferia ela a mim.

- Mas não foi você que ficou com a casa, irmã Priscila? - perguntou a irmã Maria de Lourdes.

- Sim. Nada mais justo, já que ela ficou com a empresa.

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