A Festa

Mães e filhas

Regina parou o carro em frente ao Colégio Alvorada e acenou com a mão para o porteiro. Seu Josias já trabalhava no colégio há vinte e cinco anos. E parecia que ainda conhecia cada estudante pelo nome.

- Olá D. Regina. Tudo bem?

Ela desligou o carro e saiu. Foi para a calçada, apertando a mão do funcionário quando chegou ao portão.

- Oi Seu Josias. Já disse para não me chamar de dona. Fica estranho para alguém que me levou pela mão no meu primeiro dia de aula quando eu era um toquinho de gente.

- E já era esperta daquele tamanho. Sua filha saiu igual à senhora.

Regina sorriu feliz ao concordar com o porteiro.

- Mamãe! Mamãe! - Miriam surgiu correndo junto com uma amiguinha.

- Oi minha princesa! Como foi a aula hoje?

- Tudo bem. É hoje, mãe. Eu posso, não é? - Miriam perguntou saltitante.

- Hum... Pode o que? O que tem hoje? - ela coçou o queixo fingindo pensar.

Regina sorriu para as duas meninas que a olhavam em expectativa.

- Sim, pode. - as duas meninas seguraram as mãos pulando entusiasmadas dando pequenos gritinhos.

- Nossa quanta empolgação! - disse Seu Josias.

- E que hoje tem festa do pijama na casa da Mariana. E a Mirian estava louca pra ir. Então eu conversei com o Isaias e a deixamos ir. - Regina esclareceu enquanto pegava uma valise no banco de trás.

Outro carro parou do outro lado da rua. Uma moça alta de cabelos curtos atravessou a rua e juntou-se ao grupo. Ela trajava um vestido estilo indiano. Braceletes dourados e prateados tilintavam nos braços e um brinco com uma pena enorme deslizava em seu ombro ao menor movimento.

- Oi. Boa tarde. - ela cumprimentou. Mariana jogou-se nos braços da moça abraçando-a. - Mamãe! A Mirian vai! Ela vai!

A mulher olhou para Regina.

- Oi Regina, então está tudo certo?

- Oi, Sophie. Sim. Eu conversei com o Isaias e ele não viu nenhum mal em deixar. Só espero que você consiga lidar com essa turminha.

- Já estou escolada. Não é a primeira festa do pijama que a Mariana faz. E minha mãe estará lá pra ajudar.

Regina deu um suspiro olhando para a filha e Sophie compreendeu a tristeza da outra. Com certeza, Miriam já havia pedido para fazer algo do tipo em casa. Mas como a casa não lhe pertencia, Regina se via de mãos atadas para satisfazer os pedidos da filha.

- Bem, mocinhas. Acho que já está na hora, não é? - Sophie pegou a valise da mão de Regina e abraçou a outra. - Não se preocupe. Ela ficará bem.

- Eu sei. Eu confio em você e no Jorge. - Regina pareceu constrangida ao continuar. - Só tenho algo a pedir. Eu e Isaias não somos de demonstrar afeto em público. Não estou dizendo que é errado, por favor, não se ofenda. É que a Mirian vê você e o George e acaba tirando algumas conclusões.

- Me desculpa Regina. É que pra Mariana é tudo tão normal que a gente acaba esquecendo. E a Mirian é tão esperta...

- Ela é. Bem, agora eu vou embora, ainda tenho tanto a fazer... Por favor, cuide da minha menina. - ela abraçou a Sophie.

- Vá tranquila Regina. As meninas vão se divertir conosco e você também na festa hoje .

- Divertir? - Regina riu. - Eu vou no mínimo ficar orientando tudo, me preocupando e ficando sem comer a noite inteira.