O renascimento de Teresa

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Ainda bem - Marisa Monte

Acho que essa música conta bem o dilema de Teresa. Uma mulher que não acreditava mais no amor, mas a quem a vida resolveu dar um presente.

Teresa olhou para a xícara à sua frente. Geralmente àquela hora Ruth já estava tomando café com ela. A ausência da assistente e amiga só queria dizer uma coisa: ela havia encontrado a policial Joana e as duas haviam passado a noite juntas. O que deixou Teresa feliz. Há muito tempo ela não via Ruth se relacionar com ninguém.

Sua meditação foi interrompida por passos. Karl abaixou-se para dar um beijo na irmã.

- Bom dia Tessa. - ele acomodou-se na cadeira de frente à ela.

- Bom dia Karl. Acordou cedo hein? - ela tomou um gole de café

- Eu tenho apresentação na faculdade hoje. Daqui a pouco o Rodrigo vai passar aqui para irmos juntos. Foi um trabalho em dupla. E, como hoje é sexta feira, já nem volto pra cá. Vou passar o fim de semana no sitio dos avós do Rodrigo. - eles ouviram uma buzina estridente. - Ih, é ele. - Karl levantou-se apressado e pegou uma mochila e a bolsa com seu laptop. - Tchau irmãzinha.

- Tchau. Boa sorte. E divirta-se.

- Obrigado! - ele gritou da porta. - Tchau mãe. Tchau pai.

Nesse momento Max e Silvia também entravam na sala de jantar.

- Vá com Deus! E cuidado. - desejou Silvia. O casal foi até onde estava Teresa e Silvia beijou a filha no rosto.

- Bom dia, filha. - cumprimentou ele, beijando-a no alto da cabeça. - Dormiu bem?

- Dormi sim, papai. Obrigada.

- Querida, preciso avisar a você que hoje é o dia que eu e seu pai saímos para nos divertir. Quer vir conosco? É claro que a Ruth também. - convidou Silvia.

- E segurar vela do casalzinho? - sorriu Teresa. - Nem pensar! E a Ruth também já arrumou companhia para a noite.

- Mas você vai ficar sozinha aqui? - ela olhou para o marido. - Max...

Teresa não queria estragar a noite dos pais. Afinal não era mais nenhuma garotinha.

- Não se preocupe mamãe. Eu vou ficar bem. Aproveito para estudar algumas composições para meu próximo concerto.

Nesse momento a empregada dos Andersen entrou na sala de jantar.

- Sim Rose? - perguntou Silvia.

- É para a senhorita Teresa, D. Silvia. É o Delegado O'Donnell.

- O que ele pode querer com você há essa hora? - perguntou o pai.

- Não sei, mas vamos descobrir. Obrigada Rose. - ela pegou o telefone. - Alô? É Teresa.

Houve um silêncio do outro lado.

- Alô?

- Ah... Sim... Senhorita Andersen. Sou eu... Er... Delegado O'Donnell. Sean...

- Sim delegado. Já sei que é o senhor. O que o senhor deseja da minha humilde pessoa?

Silvia e Max se entreolharam confusos. Que jeito era aquele de Teresa tratar a autoridade policial da cidade?

-Er, então. - respondeu Sean, xingando-se mentalmente pela hesitação. Suas mãos suavam. - Gostaria de saber se a renomada pianista aceitaria jantar com esse humilde representante da lei alvoradarense.

Teresa riu.

- E a lei e a ordem da cidade? Não quero ficar de consciência pesada por afastá-lo de seus deveres, ilustre delegado.

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