Colcha de retalhos

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Sérgio parou o carro e olhou para Regina.

- Você quer que eu vá junto?

- É melhor não. Você vai vê-lo e lhe dar ordem de prisão. Então não conseguiremos mais provas contra ele.

- Mas se não voltar em dez minutos, eu entro lá e arrebento com tudo.

- Está bem. Não vai levar tanto tempo. Espero não encontra-lo. - respondeu Regina abrindo a porta.

- Espere! - Sérgio a segurou.

- O quê?

- Isso. - ele a segurou pela nuca e a beijou. - Para dar sorte. - ele disse ao se separarem.

Ela sorriu e saiu do carro.

A casa estava silenciosa. Reprimindo um arrepio, Regina subiu as escadas rapidamente. Pegando uma bolsa de viagem jogou nela algumas roupas suas e de Isaías. Depois do que fizera, nem para Isaías aquela casa era mais segura.

Carregando a mala, Regina começou a descer as escadas e ao cruzar a sala, seu sogro saiu do escritório. Seu coração parou de bater por um segundo ao vê-lo.

- Regina... Saindo tão cedo? Ou está voltando agora? - perguntou ele olhando fixamente para ela e se aproximando perigosamente.

- Eu... Eu vim pegar algumas roupas para o Isaías.

- Sim. Só isso? Não pegou mais nada?

- Só peguei o que pode livrar o Isaías da cadeia. Ele não vai ficar muito tempo lá, eu garanto - ela ergueu a cabeça.

- Você é uma esposa muito dedicada. Espero que meu filho saiba valorizar tanta dedicação.

- Ele sabe. Agora se o senhor me der licença, tenho coisas a fazer.

- É claro. Só uma última coisa... Você esteve no meu escritório?

- Não, senhor Almeida. Por quê? – mentiu ela descaradamente.

- Tive a impressão de ter achado o quadro do meu cofre um pouco fora do lugar.

- Eu não estive no seu escritório. - ela fugiu do olhar dele.

- É claro... Não sei por que essa ideia passou pela minha mente.

- Era só isso, senhor Almeida?

- Era sim, minha cara. Pode ir. - ele não tirava os olhos dela.

Com o coração batendo forte, Regina quase correu em direção à porta. Mas, antes que pudesse abri-la, Priscila entrou na casa junto com Iolanda.

- Onde você passou a noite, Regina? – perguntou a sogra à queima-roupa.

- Eu estava reunindo provas para livrar o Isaías da acusação absurda de ter matado Lily Lefleur.

- É mesmo? – ironizou Priscila. - Vamos ver... Você está com uma bolsa de viagem e o gato do Sérgio Campos está lá fora. Então você tomou coragem de fazer o que não pôde há quinze anos?

- Não seja ridícula! Eu estou indo à delegacia!

- Com seu ex-namoradinho lhe esperando? Conta outra...

- Talvez você possa nos contar uma. – Nervosa, Regina abandonou toda a prudência. – Por que não conta para nós sobre a vigília noturna que você e o meu sogro fizeram nessa noite? – Regina voltou-se para a sogra. – Se eu fosse você, não dava as costas para nenhum dos dois.

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