Finalmente, a paz

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            Almeida sentiu como se saísse de um grande túnel. Devagar seus olhos foram se abrindo para a claridade e sons ritmados chegaram aos seus ouvidos. Bips e mais bips. A primeira coisa que viu foi o teto. A segunda, a algema em seu pulso.

Ele tentou sentar-se na cama e a algema tilintou.

- Olá Bela adormecida... Acordou para o baile? – Sérgio aproximou-se da cama.

- E você? Velando o meu sono como meu anjo da guarda?

- Ora, ele já tá fazendo piadinha... Vamos ver se você vai fazer piada quando eu começar a dizer a sua ordem de prisão.

Almeida estreitou os olhos, furioso por estar tão vulnerável. Maldição! Por que ele havia dado ouvidos à louca da Priscila Moraes em ajudá-la em sua insana vingança contra Regina? Agora ela era um presunto no IML e ele estava à mercê daquele federal.

- Como eu vim parar aqui? Minha última lembrança era você metendo uma bala em mim...

- Você atirou primeiro, Almeida. Você foi socorrido pelo seu filho Isaías. Ele queria salvá-lo.

- Isaías... Isaías... Um filho tão amoroso.

- Mas não foi ele quem realmente te salvou.

Almeida olhou surpreso para Sérgio que tornava a se sentar na cadeira em frente à cama.

- É mesmo? E quem realmente me salvou? Não me vai dizer que foi você.

- Por mim você estava naquele armazém agonizando até agora, Almeida. Só por ter feito a Miriam, uma criança, refém. – Sérgio disse enraivecido

Almeida o olhou especularmente.

- Então eu estava certo... Você quer a minha norinha... Menino mau. – Almeida riu diante do desconforto do outro. – E então, quem foi que me ajudou a prolongar a minha gloriosa estada na Terra?

- Fui eu. – Ruth entrou no quarto.

- Ruth! Sua rameirazinha! O que você está fazendo aqui?

- É assim que você agradece a quem deu o sangue por você?

- Deu o sangue?

- É, papai querido... Tem sangue meu correndo em suas veias. Assim que o seu corre em mim.

- Não pense que isso é motivo de orgulho para mim. – Almeida reclinou-se na cama preguiçosamente.

- E nem para mim. – Ruth aproximou-se da cama. – Não pense que eu fiz isso por amor filial. Não. Eu fiz por que você tem que pagar pelos seus crimes. Por todo mal que você causou na vida das pessoas. Na vida da mamãe, do Isaías e da Regina e de outros por aí. Você privou o Isaías de um pai, de ser amado verdadeiramente. Você o forçou e a Regina a se casarem, mesmo sabendo que ela amava outro. Bancou o anjo vingador quando eu era jovem, mas era pior do que Satanás.

- Cale a boca, Ruth! – Almeida esbravejou inclinando-se para frente como se fosse levantar da cama. – Saia daqui sua rameira dos infernos. Antes eu tivesse morrido. – voltou a recostar-se no travesseiro.

- Você vai me ouvir, papai. Você vai pagar pelos seus crimes. Por cada um deles. – a voz de Ruth adquiriu um tom premonitório – Você vai ser assombrado por todas as suas vitimas. Vai se afogar em seu rancor, em seu ódio por todos. Sabendo que todos nós – ela fez um gesto com as mãos como se englobasse o mundo todo. – vamos ser mais felizes com você atrás das grades.

Dito isso, Ruth saiu do quarto sem olhar para trás. Joana a esperava encostada à parede.

- Como você se sente? – a morena perguntou.

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