Bancando a detetive

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"É inacreditável o que se pode encontrar na internet nos dias de hoje", pensou Regina debruçada sobre a mesa onde alguns objetos se misturavam. Fita adesiva transparente, canetinhas marca texto amarelo fosforescente e azul, um copo de água e algumas folhas de papel. Ela repetia as ações acompanhando um vídeo pelo notebook. Em seguida levantou-se e apagou a luz do quarto. As pontas de seus dedos brilhavam quando o flash da câmara do celular incidiu sobre elas. A moça acendeu a luz novamente e sorriu.

***

Regina viu o carro do sogro parando na entrada. Correu para o sofá não se esquecendo de levar o lencinho umedecido aos olhos para irritá-los. Tudo ela faria para provar a inocência de Isaías. E, pelo que ele já havia lhe contado, ela tinha quase certeza que o sogro estava envolvido naquela história.

A porta se abriu e ela correu na direção dele.

- Senhor Almeida! Eles... Eles levaram o Isaías! – Regina anunciou torcendo as mãos nervosamente e as estendendo para ele.

- Sim, minha cara. – Almeida segurou as mãos dela, afagando-as. – Eu vim assim que soube.

- É claro que ele não tem nada a ver com isso! – ela soltou-se dele andando pela sala. – Imagina! O Isaías é um homem honesto, verdadeiro, de bom caráter. Ele nunca iria matar ninguém.

- É... É verdade... – concordou Almeida distraidamente vendo a nora se movimentar pela sala. Por que ele nunca tinha reparado o quanto ela era jeitosa?

- Quer dizer que alguém armou para ele. Mas Isaías é tão bom que ele não pode ter inimigos. – ela olhou para Almeida atentamente – Ou será que pode?

- É claro que não! Tenho certeza que isso não passa de um terrível engano.

Regina tornou a sentar-se no sofá. Pegou um lenço sobre a mesinha de centro e o apertou nas mãos. Iria dar inicio à segunda parte do plano.

- E agora? O que eu vou fazer. Era ele que cuidava de toda parte administrativa da casa. Eu tenho que pagar a diarista, mas só receberei o dinheiro do evento de sábado amanhã. E já é tarde para que eu vá ao banco. A diarista vem amanhã cedo... O que eu vou fazer?

O sogro sentou-se ao lado dela no sofá. Perto demais, ela notou com um ligeiro desconforto.

- Minha querida norinha... Você não precisa se preocupar com nada. Eu cuidarei de você e de Miriam.

- Falando desse jeito, o senhor acha que Isaías demorará a sair da prisão? – ela deu as mãos novamente para ele. Sem perceber, Almeida tocou no lenço que estava com Regina.

- Bem, homicídio é considerado um crime inafiançável.

- O senhor está acreditando nisso?! Que ele assassinou mesmo aquela mulher?

- É claro que não. Vamos provar que ele é inocente. Mas durante esse tempo, nada faltará a você ou à minha neta. Eu cuidarei de vocês.

- Como um pai cuida dos filhos não é?

- Exatamente. Agora venha. Vou lhe dar o dinheiro para a diarista.

Regina o seguiu até o escritório com a cabeça baixa para que ele não visse o lampejo de triunfo em seus olhos. Com certeza haveria alguma coisa naquele cofre que pudesse inocentar ou aliviar a sentença de Isaías de alguma forma. É claro que ela precisava pagar a diarista amanhã. Mas teria dado tempo suficiente para ela ir ao banco e pagar a mulher. E, nem era ela que fazia isso. Era a sogra. Mas o pastor Almeida não precisava saber disso.

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