Dois tiros e duas medidas

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Sean abriu os olhos ao sentir uma mão lhe tocando. Sentiu-se alerta no mesmo instante como se tivesse dormido a noite inteira e não apenas meia hora.

- Jorge, o que há?

- É o legista, delegado. Está no telefone.

- Eu já vou atendê-lo. Que horas são?

- Quase seis horas, delegado.

- Obrigado Jorge. - ele agradeceu.

O policial retribuiu com um aceno de cabeça e saiu da sala. Esticando o corpo com um felino, Sean se dirigiu à sua mesa e pegou o fone.

- Delegado O'Donnell.

- Delegado? Aqui é Julio Santini, do IML de Jundiaí. Tenho duas notícias para o senhor.

- Prossiga.

- Bem, em relação ao cadáver de Flávio Fernandes nenhuma novidade. Perfuração frontal da cabeça por bala calibre 45 provocando lesão no material encefálico. Sem nenhuma outra escoriação no corpo.

- E o outro corpo?

- Agora é que são elas. O cadáver de Lilian LeFleur tinha duas perfurações. Uma no abdômen superior calibre 9mm. E outra perfuração na região central das costas calibre 380.

- O quê?! Duas armas diferentes?

- O que sugere que havia mais uma pessoa no local, delegado. Mas, eu só retirei do corpo a bala calibre 380. A da 9mm transpassou o corpo e deve ainda estar no local.

- E qual delas causou o ferimento mortal?

- As duas. - respondeu o legista. - Sozinhas nenhuma delas causaria um dano maior. A moça foi morta pelo conjunto da obra, se me permite dizer.

Sean coçou a nuca, incomodado. Ele tinha dois assassinatos na mão com três armas diferentes e nenhum suspeito.

- Os corpos já podem ser liberados, Santini?

- Sim, delegado. Acho que não há mais nada para relatar.

- Obrigado, Santini. - Sean agradeceu.

- Não há de quê, delegado. - a linha foi cortada.

Ele foi até a porta e chamou:

- Jorge!

Logo o policial assistente veio até a sala do delegado.

- Sim?

- Ligue para a casa do Dr. Isaias Almeida e avise que o corpo de Lilian LeFleur está liberado. E para a viúva de Flávio Fernandes também. Ah, Jorge, no caso de Flávio Fernandes, vá pessoalmente. Veja se há alguém que possa assumir isso por ela. A pobre está desnorteada com a morte do marido. - Ele pegou a jaqueta no encosto da cadeira. - Eu vou pra casa, trocar de roupa e tentar dormir um pouco. Mas voltarei às nove.

- Sim senhor. - Jorge saiu para cumprir as tarefas.

Sean fechou a porta de seu gabinete e foi para casa para tentar descansar um pouco e contar a grande novidade para sua mãe e sua irmã.

Talvez ele devesse ter falado para Jorge que voltaria um pouco mais tarde. Ele não iria conseguir descansar enquanto não levasse Maura para sua mãe.

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