Gato e Rato

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Regina fechou o celular e o bateu contra os lábios. Isaias a convidando para almoçar? E quem era a pessoa que viria com ele? Alguém que ele queria que ela conhecesse. Mas todos os conhecidos e amigos de Isaias eram dela também.

- Dona Regina! Onde esses aqui podem ser colocados? - um dos funcionários da lavanderia perguntou a ela carregando um fardo de toalhas limpas.

- Oi João. Desculpa. Vem por aqui. - ela o levou pela entrada lateral do salão.

As pessoas dentro do salão estavam em franca atividade. Técnicos de iluminação instalavam os filtros que ela havia pedido e Mari estava num canto repassando o áudio dos microfones e da mesa de som. Ao vê-la a ruiva acenou com a mão.

Regina acenou de volta. Depois de indicar o caminho ao funcionário, ela foi até a cozinha supervisionar os pratos.

- E então Maria? Como estamos? - ela se aproximou de uma mulher de meia idade de cabelos grisalhos presos por uma redinha e que mexia uma panela de onde vinha um cheiro maravilhoso de frutos do mar.

- Estamos adiantados, Regina. As carnes e as aves já estão no forno, assim como o dourado ao molho de champignons. A entrada, que será o consommé já está com ingredientes separados e prontos. E estou aqui preparando o salpicão de camarão e lula que você pediu pra acrescentar.

- Ótimo. - ela esfregou as palmas de contentamento. - Assim os convidados terão mais uma opção de entrada. - ela viu um auxiliar cortando os legumes. - Oi? Com licença? Não desse jeito. - Regina olhou em volta. Viu outro auxiliar. - Raul, mostra pra ele como se deve cortar os legumes que vão acompanhar a carne. - Ela ficou observando Raul com o outro auxiliar até se considerar satisfeita com que via. Aproximou-se da chef. - Maria fica de olho nesse novo menino. Ele é esforçado mais um pouco atrapalhado.

- Pode deixar. - a chef assentiu.

Regina olhou no relógio. "Deus meu, já é uma da tarde!" pensou correndo para o banheiro. Só precisava dar uma olhada no cabelo e uma retocada da maquiagem. Olhou o conjunto que vestia. Hum... Apresentável. Ela pegou a bolsa em cima da pia e rumou para o restaurante do hotel, ainda curiosa sobre a pessoa que acompanhava Isaias.

Ao chegar, olhou para o maitre e indicou Isaias que lhe acenava discretamente. Ao caminhar entre as mesas viu que o marido estava acompanhado de uma mulher de cabelos curtos.

- Olá minha cara. Diria que você está atrasada, mas o seu atraso me proporcionou ótimos minutos.

- Oh é mesmo? - Regina olhou para o marido e em seguida para a mulher.

- Essa, Regina, é minha irmã Ruth. Ruth essa é minha esposa Regina Almeida.

- Irmã?! - ela arfou com a surpresa. - Meu Deus! Irmã?

- Sim. É um prazer conhecê-la. Isaias me falou muito bem de você. - Ruth estendeu a mão e Regina a apertou automaticamente.

Eles sentaram-se à mesa. Regina ainda estupefata com a notícia.

- Me desculpa Ruth. Mas eu nunca soube que você estivesse viva. Isaias me contou que tinha uma irmã que fora embora quando ele ainda era criança. E em casa seu nome nunca é mencionado.

Ruth olhou para o irmão.

- Eu deixei essa cidade há vinte e cinco anos. Isaias tinha dez anos e nunca entendeu o que havia acontecido. Nossos pais nunca souberam lidar com o espírito livre que eu tinha. Eu sempre questionava, desobedecia. Era totalmente ao contrário do que eles queriam. Isaias não... Era o menino perfeito. Era sim Isaias, nem tente negar. - ela o cortou quando ele fez menção de dizer algo. - Mamãe o adorava e papai... Bem, papai era sempre ausente. Mas nunca abriu a boca para repreender você em nada.

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