Capítulo 2

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Acordo às seis e meia da manhã e vejo que já estou atrasada para a escola. Que coisa ótima! Já começo o ano letivo bem. Saio voando da cama e tomo um banho. Como sempre, visto meu uniforme com casaco por cima. Não podia dar bandeira, estava com cortes recentes. Se bem que além, dos meus pais, mais ninguém ligava para mim. Porém, eles não sonhavam que eu me cortava.

Meus pais nunca perceberam nada. Sempre tomei muito cuidado em limpar o banheiro e sempre andar com blusas de manga comprida. Como eles eram tão cheios de trabalhos no dia a dia, nem se tocavam que eu usava casaco em pleno Rio de Janeiro, em um sol de 35°.

Sim, moro no Rio de Janeiro, a cidade maravilhosa, nem tão maravilhosa assim quando se é sozinha. Às vezes sinto vontade de ter amigos, mas aí vejo que é só vontade mesmo, ninguém nunca se aproximaria de mim, talvez pela minha aparência: roupas pretas de manga comprida e óculos de grau. Tipicamente parecida com uma nerd. Só parecida mesmo. Não que eu não tirasse notas boas, porém nerd era muito para mim.

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Chego na porta do colégio e já avisto as patricinhas da minha sala. Como elas conseguem ser tão cor de rosa? Ao lado delas, os meninos do time de futebol. Meu Deus, eles estão mais lindos ainda, mas o que têm de beleza, têm de arrogância, nunca vi meninos tão chatos e metidos. Pisam em todo mundo, inclusive nas meninas. Tadinhas, são tão tolas que ainda ficam com eles.

Passo por eles e posso ouvir burburinhos como "e os anos passam e a Milena fica mais esquisita" "coitado dos pais dela, eles são um amor de pessoa e têm uma filha assim" "dizem que os pais dela têm muito dinheiro, bem que poderiam pagar um dia de beleza para ela, né?" "essa aí nem nascendo de novo, Vic"

Fecho a minha cara e vou direto para sala. Com certeza o ano não podia ter começado melhor. Uns 15min depois o professor de Física entra na sala e logo atrás dele o resto da turma. Ele se apresenta para um novato, muito bonito por sinal. O menino se chamava Guilherme, pude ouvir ele dizendo ao professor.

A aula mal começa e alguém bate na porta interrompendo. Uma menina, novata pelo visto. O professor de física, educado como sempre, já da um esporro na menina pelo atraso. Ela se apresenta como Lua, irmã gêmea Guilherme. Ao contrário do irmão, ela parece ser muito patricinha. Pronto, era só que o me faltava, mais uma para encher meu saco.

Meu Deus, como pode tanto castigo? O que eu fiz para merecer? Nesse momento lembrei da mulher que me parou em Orlando, tive a certeza que ela estava errada. Meu ano não podia ter começado pior. Impossível vir surpresas boas para mim.

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