Lycan's - O último guardião

II

Cai com as costas no chão e comecei a contemplar a escuridão daquela noite, meu ódio vai enfraquecendo a cada minuto que eu fico ali no chão.
Como ele pode me desafiar assim?
Algumas memórias ficaram vivas novamente em meus pensamentos, balancei a cabeça afim de esquecer o meu passado.
Me permiti ficar ali deitada por algumas horas, até sentir uma agitação estranha em certo ponto da cidade, que ficava a um quarteirão da escola, senti o cheiro de outro Lycan próximo.
O que ele fazia ali dentro do meu território sem a minha autorização?
Foi quando ouvi os passos de Ciam indo em direção ao Lycan e então soube que não era mera coincidência o Lycan andar por ali.
Comecei a correr em direção do Lycan, quando ouvi um grito de susto e desespero de Ciam, corria cada vez mais rápido mal sentia meus pés tocando o chão, meu único pensamento era, Ciam.
Ouvi mais alguns gritos e barulhos do Ciam sendo arremessado contra o lixo, no pouco tempo  que demorei até chegar ao beco escuro onde ele estava jogado em cima de um monte de lixo, e o Lycan na sua direção, com uma violência bestial.
Corri e dei um salto sobre o Lycan parando na frente dele e o acertando com um chute no peito que o fez voar para longe e cair no chão, peguei Ciam pelos braços, e o joguei no espaço entre a parede e o monte de lixo, me voltei para frente ao ouvir o Lycan  vindo em minha direção, novamente saltei pelo Lycan e me fixei em suas costas, com as minha pernas uma em cada lado do seu peito esmagando suas costelas e com una mão na parte de cima da boca e a outra na parte inferior, puxando com toda a minha força, enquanto o Lycan rasgava minhas costas com suas garras, até que  arranquei parte de sua cabeça , finalmente o matando.
Soltei então o corpo,e fui ver como Ciam estava, abaixei para ver seus machucados e para a minha surpresa ele não tinha nenhum ferimento grave, apenas  alguns arranhões no rosto e braços, ele estava inconsciente, parecia tão sossegado para alguém que por sorte não tinha sido morto  de um modo bem doloroso.
Peguei ele no colo com cuidado e comecei a sair do beco, vi alguns guardas Lycan's chegando e passando por mim, eu apenas cumprimentei abaixando a cabeça e eles em resposta fizeram uma pequena reverência.
Comecei a correr para que  ninguém me visse com Ciam nos braços, não queria dar muitas explicações.
Diminui o passo quando cheguei ao estreito caminho de cascalhos e árvores que chegava na minha casa, eu estava caminhando com certa dificuldade por causa das minhas costas.
Comecei a me perguntar porque um Lycan se arriscaria a matar um humano dentro do meu território? Seria uma missão suicida?.
O  mais estranho ainda era  ter acontecido na noite em que Johnny apareceu.
Tenho quase que certeza que ele tinha envolvimento com tudo o que aconteceu e quando eu provasse que estava certa, o mataria.
Finalmente a porta da minha casa estava perto, dei alguns passos a frente abri a porta com uma mão, Fechei e tranquei a porta só por precaução, larguei as chaves na mesinha que ficava ao lado da porta, subi as escadas meio cambaleando, contei cada degrau que subia com certa dificuldade.
Como Ciam pesava, pensei ao abrir a porta do quarto.
Coloquei ele com cuidado na cama, peguei o kit de primeiros socorros que tinha no banheiro, e comecei a passar o algodão com remédio para desinfectar os pequenos arranhões que ele tinha sobre o rosto e braços, ao terminar sai do quarto e fui ao banheiro, Fechei a porta e comecei a tirar a minha roupa, tirei minhas botas, meu sobretudo e vi que só tinha sobrado algumas tiras de pano na parte de trás.
- Maldito Lycan, esse era meu sobretudo favorito - falei  jogando para o lado, tirei minha calça e a blusa, liguei a banheira para encher  enquanto eu verificava o estrago feito em minhas costas.
Não doía mais como costumava doer  nos meus primeiros anos como Lycan, hoje a dor não me incomoda tanto.
Desliguei a banheira, a água estava agradavelmente quente, entrei e me ajeitei na banheira enquanto via a cor da água ficando vermelha.
Fechei os olhos e afundei a cabeça dentro da água por alguns minutos esquecendo de todos os problemas.
Me levantei e comecei a me secar, minhas feridas já estavam quase cicatrizadas. Vesti um blusão que estava pendurado atrás da porta e sai do banheiro.
Ciam estava dormindo , ele era bastante atraente, tinha um e oitenta de altura, corpo magro, ombros largos, sobrancelhas grossas mas bem desenhadas, boca pequena, olhos castanhos claros.
Ele seria um bom guarda, disse balançando a cabeça para dispersar qualquer pensamento daquele tipo sobre Ciam.
Desci a escada, fui para a cozinha acendi um cigarro e fui me sentar no lado de fora, da poltrona eu conseguia ver a imensidão do céu e da floresta a minha frente.
Meus pensamentos estavam quase me deixando louca.
Porque estavam atrás do Ciam? O que ele tinha de tão importante para que tenham se arriscado tanto para pegar um simples humano?
Finalmente ele ainda estava dormindo assim não teria que dar explicações hoje.
Me ajeitei na poltrona e acabei pegando no sono.

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