Lycan's - O último guardião

XII

Abri a porta e Hugo nos esperava junto com a criada que sorriu para Ciam.
- Está pronta Kira? - Falou me olhando dos pés a cabeça - Faz tempo que não te vejo assim.
- Se falar alguma gracinha eu mato você.
- A senhora é a Kira? A décima conselheira?- Perguntou me olhando assustada.
- Sim, e você é uma recém criada certo? Faz quanto tempo que te transformaram? - Falei enquanto começava a caminhar pelo corredor.
- Faz apenas dois anos senhora, mas ouvi muitas histórias sobre você, só que achei que você seria mais....
- Mais o que? - Perguntei olhando em seus olhos.
- Mais velha, e mais cheia de cicatrizes.
- Eu tenho mil e vinte anos, acho que sou velha o suficiente, e quanto as cicatrizes, eu tenho várias.
Ela simplesmente abaixou a cabeça e seguiu nos acompanhando para a reunião.
Já tinha feito aquele mesmo caminho milhões de vezes em várias décadas que eu morei naquele castelo, conhecia cada centímetro daquele gigantesco e entediante castelo.
Enquanto caminhava milhões de pensamentos passavam pela minha cabeça, olhei para Ciam, e sentia o cheiro do medo. E no fundo eu também estava com medo, medo de perder ele, medo de não conseguir protege -lo.
- Não tenha medo, eu já falei que irei te proteger. - Falei sorrindo e segurei a mão dele com força para tentar confortar.
- E se você não for o suficiente? - Falou me olhando nos olhos.
- Eu serei o suficiente não se preocupe.- Falei olhando para a frente.
E se eu não fosse realmente suficiente, já derrotei dezenas de Lycan's e Vampiros sozinha, mas e se o que eu sou não for suficiente para salva - lo?
Afastei esses pensamentos quando finalmente chegamos em frente a porta da sala da reunião. A criada se afastou depois de uma pequena reverência.
Segurei firme na mão dele e falei:
- Não fale nada sem autorização e tente ficar calmo, está pronto?
Ciam somente balançou a cabeça para afirmar.
Abrimos a grande porta de madeira com dragões formando um círculo.
Todos os dez conselheiros estavam sentados em uma grande mesa redonda.
Me sentei na minha cadeira de costume e Ciam sentou ao meu lado.
Hugo não pode participar da reunião porque Aeron decidiu de última hora que seria melhor a reunião ser apenas para os conselheiros e para Ciam.
O silêncio tomou conta do lugar quando finalmente Aaron começou a falar:
- Senhores, ou melhor irmãos, estamos aqui para decidir o que iremos fazer sobre alguns rumores que eu soube por espiões, ninguém aqui sabe a pauta dessa reunião, mas vou adiantar que as decisões tomadas aqui podem mudar drasticamente o nosso modo de vida atual.
Todos se entre olharam quando Abdel começou seu ridículo discurso:
- Senhores, acho que todos aqui deveriam ter o direito de saber a pauta da reunião antes da reunião acontecer, e todos sabem que não sou a favor de decisões tomadas por impulso, principalmente se ela for mudar a nossa forma de vida, Peço a ajuda de vocês para que essa reunião seja marcada para outro dia, para que possamos pensar melhor nas decisões a serem tomadas.
Me levantei virando os olhos depois de ser obrigada á ouvir esse discurso repetitivo de Abdel.
- Senhores, todos aqui sabem que existe algo que está agitando os Vampiros e até onde eu sei ninguém aqui sabe ao certo o por quê, os senhores sabem que independente do que seja temos pouco tempo para criar uma estratégia, então quanto menos tempo gastarmos com discursos desnecessários, melhor . - Falei olhando para Abdel.
Aaron começou a falar depois de nos olhar com repreensão.
- A pauta dessa reunião é que os Vampiros estão se juntando para começar uma guerra contra nós, agiram discretamente e agora estão quase prontos para a guerra, e a única coisa que falta para que eles fiquem fortes o suficiente para nos derrotar, está presente aqui nessa sala, e se chama Ciam.
Todos os olhares da sala foram em direção a Ciam, cochichos de conselheiros tentando entender por que um simples humano seria a chave para que os Vampiros nos destruíssem.
Phillipus começou a questionar o por quê Ciam era a única coisa que impedia os Vampiros de se tornar invencíveis.
- Eu não entendo porque um simples humano, causaria tanta agitação neles.
Ouve um grande barulho de falação pois todos os conselheiros falavam ao mesmo tempo, quando Aaron continuou a falar:
- Ele é o último guardião do sangue de Jean, irmão de Lucan, Ciam carrega em suas veias o sangue puro, capaz de eliminar todos os pontos fracos dos Vampiros, os tornando assim imunes a maioria das nossas armas. Ele é o último humano Lycan.
Ciam olhou assustado para mim e se levantou e começou a falar por impulso:
- Não, eu não sou descendente desse Jean, eu sou professor, tenho família, não tenho nenhum super poder - Falou se jogando na cadeira novamente.
- Você é humano, mas tem todos os nossos poderes, você é rápido, é forte, você tem todos os sentidos apurados.
Mas não sabe disso ainda. Seu clã se escondeu dos Vampiros á séculos atrás, e a história de vocês não foram contadas aos novos descendentes.
Por isso tentaram te capturar mas foram impedidos pela Kira.- Falou Aaron.
Me levantei, olhei para Ciam e comecei a falar:
- E o que iremos fazer? Temos que fortificar o castelo, colocar mais guardas nas entradas, temos que proteger Ciam, e nos preparar para a guerra eminente, se os senhores concordarem, começarei imediatamente a convocar os soldados de minha confiança para me ajudar a preparar o nosso exército, e começar a treinar Ciam, para que ele não fique tão desprotegido contra os Vampiros.
Aaron se levantou e falou:
- Estamos a beira da guerra e devemos nos preparar para ela. Quais dos irmãos concordam em reunir o nosso exército e nos preparar para a guerra?.
Eu me levantei e falei:
Eu sou a favor, de reunir os soldados e fortificar a cidade.
Todos os conselheiros foram se levantando e concordando em preparar o exército e se preparar para a guerra que agora é iminente.
Aaron então falou:
- Kira você será responsável pela proteção de Ciam, assim como responsável pelo seu treinamento, reúna seus soldados de confiança para que eles te ajudem a treinar nosso exército, e fortifique as muralhas da cidade como achar melhor. E para o restante se preparem para a batalha.- Falou se levantando e saindo da sala.
Em segundos todos já tinham saído da sala e restou apenas eu e Ciam, que estava sentado na cadeira em estado de choque.
- Ciam você está bem? Vem levanta, vou te levar para o quarto.- Falei segurando sua mão e o puxando para cima fazendo ele ficar em pé.
- Eu estou tonto, não consigo pensar direito, teremos uma guerra, meu Deus teremos uma guerra.- Falou me olhando com cara de pavor.
O peguei pela cintura e comecei a guia- lo para fora da sala.