Capítulo 1

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CAPÍTULO REVISADO.

Ana na mídia. Boa Leitura! 






Acordei com o Sol já nascendo. Um silêncio profundo percorria pelo o meu quarto e pela a rua também. Eram exatamente 06h20 da manhã e eu iria ter que levantar para não me atrasar pra escola.

Levantei, fiz as minhas higienes matinais e coloquei a farda do colégio, um moletom do Mickey por cima, uma calça clara rasgada no joelho e calcei meu vans preto. Desci para tomar café e logo pude ver minha mãe se sentando na mesa.

-Bom dia meu amor. - Disse ela sorrindo. Minha mãe anda muito sorridente, bom assim. Desde a morte de meu pai, ela sempre está triste. 

-Bom dia mãe ! - Retribui o sorriso e dei um beijo nela. Comemos em silêncio.

- Quer carona? -Minha mãe me perguntou já saindo de casa.

-Vou andando mesmo.

-Tudo bem. Até mais tarde. -Me deu um beijo e saiu.

Subi para escovar os dentes. Peguei minha mochila e coloquei os fones. Ao som da minha banda preferida de rock indie, Arctic Monkeys, segui para a escola. Nossa, como eu estou animada! - sentiu a ironia? Seria o mesmo dia entediante como todos os outros. 

Cheguei na escola depois de 15 minutos andando e já tinha visto algumas pessoas me olhando com nojo.

-Ora, ora. A cabelo de fogo chegou. - Todos riram.

Ana Rodrigues, a dona dessas palavras, a qual era a minha melhor amiga de infância mas depois que soube o que eu fazia, ela se afastou de mim e criou o seu próprio grupinho com nossos antigos amigos. Ela é uma das populares, tem cabelos negros e é morena. Possui olhos pretos como a escuridão.

Passei ao lado dela e fingi que não ouvi. Segui para a sala e sentei na última carteira, a da frente estava vazia e ainda bem que ninguém sentava lá, assim poderia ficar sozinha.

A professora de álgebra chegou e logo começou a escrever no quadro. Queria saber por que a Ana ainda me chama desses apelidos horríveis, não ligo, mas dói. É ruim. Batidas na porta da sala ecoaram em meus ouvidos me tirando dos meus pensamentos.

-Posso entrar ? - Disse um menino lindo. Meu Deus, que Deus grego era aquele ? Espera, o que eu disse !?

-Aluno novo? -Minha professora falou já pegando seu papel de autorização.

-Sim. -Ele respondeu rápido fitando a professora.

-Bom senhor Winchester, se apresente para seus colegas de classe e pode se sentar...-Ela disse observando a sala a procura de uma cadeira e mesa vazia. Até que parou o olhar dela a minha frente -...Na frente da senhorita Stonne, por favor. -Ele sorriu. Acho que hoje não era meu dia de sorte! 

-Sou Lucas Winchester, tenho 16 anos, é isso... -Algumas pessoas riram, as meninas suspiraram e os meninos, como sempre, reviraram seus olhos e logo se sentou na minha frente. Ele me fitava e eu voltei a escrever.

-O..Oi -Falou sem jeito.

-Oi. -Respondi seca. Sinceramente eu não queria amizades novas, por mais que eu fosse só e minha idade e minha mãe me obrigavam a socializar com pessoas, quem iria querer ter uma amizade com uma nerd problemática como eu?

-Qual o seu nome? -Ele disse.

- Anne.

-Prazer Anne, me chamo Lucas. -Deu um sorriso de lado. E que sorriso! Foco Anne!

-Eu sei. -Respondi olhando para o quadro. Ele percebeu que eu não estava afim de papo e logo começou a copiar também.

Os três primeiros horários se passaram rápidos demais, graças a Deus. O sinal do intervalo tocou e todos saíram apressadamente da sala. Guardei meus materiais e sai.

Avistei Lucas com o grupinho da Ana. Ele não sabe aonde está se metendo, fazer o que. Comecei a andar rápido até a lanchonete, comprei meu lanche e resolvi ir para trás da escola.

(...)

Eu estava contando os segundos pro sinal da saída bater, e olha, depois de orar umas cinquenta vezes ele bateu. Arrumei os meus materiais e sai colocando meus fones. Senti alguém tirando-os e logo me virei pra saber de quem se tratava.

-A baranga vai para onde? -Disse Ana se posicionando na minha frente e atrapalhando a minha saída.

-Me deixa em paz garota. -Empurrei ela e a mesma caiu no chão. As amiguinhas dela logo foram ajudar quando avistei três meninos correndo atrás de mim. 

Sai correndo o mais rápido que pude e vi um parque perto de lá. Corri até lá e consegui despistar os meninos. Pude ver que eram amigos novatos no grupinho de Ana e tenho a absoluta certeza de que foi ela que mandou eles atrás de mim. 

Cheguei perto de uma árvore e me sentei lá. A minha frente tinha um lago e ao redor havia crianças brincando, algumas pessoas correndo, casais namorando e famílias felizes. Como eu queria minha família feliz e completa. Como eu queria ser uma adolescente normal. Eu queria tanta coisa. Senti uma lágrima escorrer dos meus olhos e logo a limpei.

-Por que está chorando !? -Uma menina de cabelos pretos se aproximou de mim.

-Nada. -Ela me olhava como soubesse de tudo, como soubesse do que eu passava.

-Sabia que não sabe mentir? -Ela deu um sorriso -Meu nome é Letícia, como se chama?

-Me chamo Anne. 

-Então o que houve? -Ela me perguntou sentando-se ao meu lado

-Queria ser feliz, uma pessoa normal. -Falei olhando para o lago. 

-Como assim? -Ela falou, me olhando com uma cara de confusa.

-Não sei se você é confiável.

-Então vou me tornar uma pessoa confiável. -Ela disse e eu olhei pra ela com cara de que não tinha entendido nada. - Sou Letícia Mendeiros Carvalho, tenho 14 anos. Moro com meu pai e minha madrasta e a peste do meu irmão... -Rimos e ela continuou -... Nunca namorei, nunca beijei, não tenho amigos e tenho um passado ruim. -Uou, não esperava isso. Ela suspirou e continuou. -...Quando eu era pequena eu sofria bullying e sofria muito, era ruim, mas com o tempo consegui superar todos os comentários maldosos que me lançavam... Agora já nos conhecemos e somos amigas. -Deu um sorriso e eu retribui.

-Vamos então para a minha casa e eu te conto.

(...)

-Então, pode me contar por que falou aquilo? -Ela disse se jogando na cama.

-Então... -Falei, um pouco pensativa. Ela seria a primeira pessoa que iria saber de tudo! Do meu passado, do meu segredo, eu estava disposta a desabafar com ela. Mesmo ela sendo uma completa estranha pra mim, eu não poderia deixar aquelas coisas me sufocarem. Fiquei olhando pro nada pensando em como começar e ela me encarava esperando uma resposta. 

Além dos CortesOnde histórias criam vida. Descubra agora