CAPÍTULO REVISADO.
5 anos depois
Cinco anos se passaram e eu posso garantir que minha vida não foi fácil. Depois daquele dia em que Augusto terminou comigo, eu não fiquei com mais ninguém e minha vida não fazia mais sentido sem ele. Ainda gosto dele, mesmo depois de todas as coisas e ás vezes acho que isso nunca irá mudar. Terminar meus estudos foi fácil, depois de todas as coisas que já me aconteceram ao decorrer do ano, meus cortes aumentaram mas Letícia estava do meu lado para me ajudar a controlar.
Ana e Augusto sumiram no mapa, o que pra mim é muito mais do que bom. Mariana se tornou uma grande irmã pra mim, assim como Letícia e sim, ela e Gustavo se casaram e eu não podia estar mais feliz por eles. Minha mãe conseguiu superar seu passado e se deu uma chance pra tentar ser feliz novamente, sim, ela está namorando. Digamos que todos que conheço estão felizes e levando as suas vidas com alguém, menos eu. Não dei uma chance para o amor e mesmo meu coração sendo pisoteado e costurado diversas vezes, ele ainda brilha pelo Augusto. Minha vida mudou, meu velhos hábitos também, digamos que consegui superar mas não quer dizer que eles não voltem um dia.
Acordei com os raios solares em meus olhos. Eram exatamente oito da manhã de sábado, um dos dias em que posso descansar e dormir até tarde, mas meu corpo me obriga em acordar cedo, odeio isso. Fiz minhas higienes matinais e fui para a cozinha tomar café.
-Bom dia Anne.
-Bom dia Leh. -Falei sentando-me na mesa.
-Sua mãe ligou e disse que chegou uma correspondência para você lá na casa dela.
-Correspondência? -Perguntei franzindo a testa.
-Foi o que ela me disse. -Respondeu e logo saiu da sala. Tomei meu café e fui direto pra casa de minha mãe ver a tal correspondência.
Liguei meu carro e saí em direção a minha antiga casa, o som estava ligado e como sempre eu estava cantando alto. O sinal fechou e eu parei o meu momento loucura dentro do carro, olhei para o outro lado da rua e vi um rosto familiar, assim com o seu corpo, cabelo e altura. Tinha tudo pra ser Augusto, era ele e eu tinha certeza. Meu coração acelerou e eu olhei novamente, mas o garoto havia sumido. Talvez seja apenas fruto da minha imaginação, acho que estou ficando doida.
(...)
-Mãe, cheguei. -Gritei abrindo a porta.-Oi filha, a Letícia deve ter te falado que chegou uma coisa pra você, até achei estranho mas está aqui. -Ela me entregou a correspondência. -Chegou ontem de noite, depois me diga o que era.
-Tudo bem. -Sentei no sofá e abri o envelope.
"Rio de Janeiro, 16 de novembro.
Quero começar essa carta pedindo-lhe desculpas por tudo o que já lhe causei de ruim da sua vida.
Talvez não se lembre de mim ou ache que eu ainda existo mas, quero pedir desculpas por tudo mesmo. Eu fiquei muito abalada no dia em que você me contou sobre o que fazia, eu queria ajudar-te mas ai contei para meus pais, pois não sabia o que fazer. Logo eles pediram para mim se afastar de você e eu tive que fazer isso, se não eu iria morar com meus avós e te fazer sofrer talvez seria uma coisa boa pra mim naquela época.
Também peço-lhe desculpas pelo Augusto, sim eu sabia dele e sabia que vocês estavam namorando. Eu fiz coisas horríveis e nunca pensei nas consequências e nas coisas que elas causariam. Já fiz várias coisas com você mas a de Augusto foi uma das piores, então se você não sabe o que é pede para ele te falar, pois isso é entre vocês dois e eu não quero que saiba por mim. Você deve ter estranhado por que eu sumi, deve ter dado ''glória a Deus'' por que eu fui embora e me mudei e assim não te faria mais sofrer. Eu estou agora te escrevendo está carta e pedindo o seu perdão, sentada em uma cama de um hospital e sabendo que eu vou morrer daqui a alguns dias.
Me perdoa? Eu sei que não é fácil perdoar do dia pra noite, mas eu venho pedir por meio desta carta isso. Só agora eu percebi todo o mal que eu já lhe causei, não só para você mas para outras pessoas também. Só quero que me perdoe por todas essas coisas.
Eu não sei se lerá essa carta antes de eu morrer mas faça uma coisa por mim, é o meu último pedido para você.
Eu nunca tive a oportunidade de te dizer essas coisas pessoalmente, não como você está agora psicologicamente e se parou com todas aquelas coisas horríveis que fazia consigo mesma mas, Anne você é uma garota linda e cheia de sonhos que ainda vai cumprir, uma menina mais que perfeita e perfeitamente perfeita por suas imperfeições. Você não deve acreditar no que os outros dizem de ruim sobre você e nem deverá mudar por isso ou muito menos acreditar neles. Uma garota que por onde passa causa inveja nas meninas, digo isso por que eu também tinha inveja de você e de como você era perfeita. Você é única e não deve querer tirar sua própria vida por causa de uma besteira. Não deixe o mundo mudar seu sorriso, mude o mundo com o seu sorriso.
Eu coloquei nossos amigos contra você e me sinto uma idiota por ter feito isso e te abandonado em uma das horas que você mais precisava de mim ou de uma mão amiga. Não posso mudar o passado e nem o estrago que fiz, não posso mudar minhas atitudes que tive e nem as dores que já te causei, muito menos voltar no tempo e secar as suas lágrimas e seu sangue por minha causa, mas quero te dar todas as nossas fotografias juntas, lhe entrego o meu diário que conta os meus maiores segredos, te entrego também a chave do meu carro e 50% do meu dinheiro que tenho.
Sei que dinheiro algum irá mudar o que eu fiz, mas é o mínimo que posso fazer. Obrigada por ser uma amiga muito boa pra mim, mesmo eu sendo horrível com você. Por favor aceite e me desculpe por tudo.
Com amor,
Anna. "Meus olhos estavam cheios de lágrimas, a Ana poderia ter feito muita coisa ruim no passado, mas isso mexeu comigo e até demais. Ela escreveu isso verdadeiramente, pois essa é a Ana que eu conheço e a Ana que eu queria que tivesse crescido comigo e me ajudado quando precisei, mas ela fez escolhas erradas. Ela não mudou, ela se transformou em uma pessoa melhor, mas escolheu fazer isso na última hora, nos últimos momentos. A morte a mudou.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Além dos Cortes
Teen FictionA vida tem dessas não é? Mudar quando menos esperamos e quando nos damos conta o nosso mundo está de cabeça pra baixo. A típica adolecente de quinze anos solitária, Anne Stonne, possuí olhos verdes e cabelos vermelhos como o fogo. Também denominada...